#Reflexão: Solenidade de Todos os Santos (Ano B – 07 de novembro)

3 de novembro de 2021

A Igreja celebra neste domingo (07) a Solenidade de Todos os Santos. Reflita e reze com a liturgia deste dia.

1ª Leitura – Ap 7,2-4.9-14

Salmo – Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)

2ª Leitura – 1Jo 3,1-3

Evangelho – Mt 5,1-12a

Acesse aqui as leituras.

 

FESTA DE TODOS OS SANTOS

A celebração de Todos os Santos costuma ser celebrada no domingo mais próximo de 1ª de novembro. A Igreja quis lembrar todos aqueles que, em vida, souberam viver o Evangelho e a fé em Cristo Jesus de forma intensa. Eles são lembrados pela Igreja, pois estão presentes na fé do seu povo.

É importante lembrar que aqueles que nos precederam na Glória de Deus não são pessoas “não humanas”. Ser Santo não é ser um super-herói. Os santos e santas não fizeram coisas fantásticas e extraordinárias quase não humanas. Não possuem nenhum poder sobrenatural como vemos nos filmes. Quase sempre, tiveram uma vida comum e simples como a maioria de nós.

Por outro lado, são pessoas especiais em tudo que fizeram. Enfrentaram as dores de um modo diferente e venceram tentações e desafios de uma forma extraordinária. Foram pessoas com os pés bem firmados na história do seu povo, mas com o coração junto de Deus. Pessoas que viam a vida, mesmo aquela mais sofrida, com um olhar de fé e esperança e jamais perderam a esperança do céu. A Igreja reconhece uma pessoa como santo/santa por causa de sua vida e não tanto pelos milagres que esses conseguem junto de Deus. Os milagres são sinais que confirmam a vida que tiveram.

Esses irmãos e irmãs, que acreditamos que já estão junto de Deus, não foram pessoas que viveram longe do mundo e fora da realidade, pelo contrário. Foram homens e mulheres do seu tempo e mergulhados na realidade humana. Foram pessoas sensíveis ao sofrimento humano e com os desafios da Igreja. Foram pessoas profundamente mergulhadas em Deus e profundamente mergulhadas na realidade humana. Em vida, estavam tão próximas de Deus, porque aprenderam a encontrá-Lo em cada pessoa neste mundo. E, depois desta vida, acreditamos que continuam sua intercessão junto a Jesus. O caminho da santidade está na fé em Cristo, a qual se traduz em amor e misericórdia. A estrada que nos conduz ao céu passa, necessariamente, pelas pessoas que encontramos.

As leituras da festa de Todos os Santos nos mostram que a santidade de tantos que estão no céu é fruto de muita “luta”, não comodismo; de pessoas que saíram e enfrentaram situações extremas; não foram sinais de morte e de violência, mas de presença de Deus (amor).

São os “selados” (sinal do Batismo) do Apocalipse da 1ª leitura e a “multidão incontável” que derramou seu sangue por causa do Cordeiro de Deus: os mártires. Assim, o sinal da não-santidade não é o pecado, mas o comodismo: se contentar com um mínimo para Deus.

É Jesus que nos ensina o modo de como podemos entrar neste caminho de santidade. O discurso das bem-aventuranças encontra-se no início do evangelho de Mateus (e Lucas). Jesus vê as multidões e ensina os discípulos. As bem-aventuranças nascem do olhar de Jesus para as multidões.

As bem-aventuranças começam com “bem-aventurados os pobres em espírito”. É uma pobreza assumida como projeto de vida, semelhante a vida de Jesus. “Porque deles é o reino dos céus”: o reino é dos pobres, porque o Rei se fez pobre! “Bem-aventurados os que choram (aflitos)”: são aqueles que choram junto com aqueles que sofrem; choram pelas dores e sofrimentos impostos a tantos irmãos. “Bem-aventurados os mansos”: mansidão é o rosto de Deus, da face do amor e da paz que tem o poder de transformar a terra e implantar o reino de Deus. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”: como alimento que nutre e é fundamental, feliz o discípulo que se alimenta e não pode viver sem a justiça. “Bem-aventurados os misericordiosos”: a misericórdia é o amor de Deus transformado em gesto; mãos que tocam e abraçam, que tornam o amor de Deus concreto e visível. “Bem-aventurados os puros de coração”: coração é o mais profundo do nosso ser; onde Deus faz morada e deve reinar; quando Deus toma posse, transforma a pessoa e ela exala o perfume do bom odor da presença de Deus. “Bem-aventurados os que promovem a paz”: não paz como ausência de sofrimento, mas presença total de Deus. Por fim, “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça”: lutar pelo bem das pessoas, para que tenham dignidade, igualdade e possam realmente viver a condição de filhos e filhas de Deus. Esta última é semelhante a primeira.

As bem-aventuranças não são mandamentos e nem uma imposição por parte de Jesus, mas são um plano de caminhada de santidade que inicia aqui e se torna pleno no céu!

Faça o download da reflexão em .pdf.

 

 

Pe. Dirlei Abercio da Rosa
Presbítero da arquidiocese de Pouso Alegre,
mestre em Ciências Bíblicas (Instituto Bíblico, Roma)
e professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre

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