#Reflexão: 24º Domingo do Tempo Comum (15 de setembro)

11 de setembro de 2024

A Igreja celebra o 24º domingo do Tempo comum, neste domingo (15). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 50,5-9a
Salmo: 114(115),1-2.3-4.5-6.8-9 (R. 9)
2ª Leitura: Tg 2,14-18 ou Lc 2,33-35
Evangelho: Mc 8,27-35

Acesse aqui as leituras.

E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?

O Evangelho deste domingo, novamente, descreve Jesus presente em um território fora de Israel. Ele estava a caminho de Cesareia de Felipe que era a sede do governador daquela região romana. Jesus e os discípulos estavam juntos havia algum tempo. Nosso Senhor quis saber qual era a ideia que as pessoas estavam tendo dele. Jesus e os apóstolos não caminhavam mais sozinhos e certamente uma multidão acompanhava a todos. Vimos nos Evangelhos anteriores que mesmo em regiões estrangeiras, a fama de Jesus já tinha chegado até eles e as pessoas também pediam que Ele operasse curas (como no domingo passado). Até mesmo os de Jerusalém se sentiam incomodados com Jesus e tinham dado a sua opinião sobre Ele (opera tudo por Belzebu).

Os apóstolos tinham tido também uma experiência em evangelização e provavelmente colheram a opinião que as pessoas tinham de Jesus. A resposta dos apóstolos foi resumida em três personagens: “João Batista”, ele tinha realizado tão bem sua missão que a sua fama se misturava com a de Jesus, alguns até acreditavam que o precursor tinha ressurgido. Jesus seria alguém austero e radical como João Batista e o que compararam analisando as mensagens e pregações de Jesus. “Elias” foi o maior dos profetas do AT e muitos achavam que alguém como Elias tinha aparecido com grandes prodígios (análise das ações de Jesus) e havia uma profecia que afirmava que este profeta retornaria antes da vinda do messias; “um dos profetas” a resposta menos segura sobre quem era Jesus: muitos viam como “mais um profeta”.

As respostas colhidas e partilhadas pelos discípulos fazem eco a histórias do passado. As pessoas encontram o “novo” que Jesus estava oferecendo, mas elas não entenderam assim: leram tudo com um olhar ainda ligado ao passado e não ao presente. “Messias” para o povo era alguém do futuro (viria um dia), os outros lembrados pelo povo são pessoas do passado.

Fundamental para realmente conhecer Jesus é conviver com Ele.

A segunda pergunta de Jesus foi direta e provocativa em relação ao seu grupo de discípulos. Eles já estavam com seu Mestre havia um bom tempo e tinham condições de dar uma resposta mais profunda. Assim, Pedro, em nome do grupo, tinha descoberto (lhe foi revelado) algo novo e original: “Tu és o Cristo” (“Cristo” em grego = “messias”). Até este momento no evangelho de Marcos ninguém tinha se expressado tão claramente sobre quem era Jesus. Ele, então, pediu que guardassem silêncio, pois toda a população tinha uma grande esperança sobre o Messias, mas como alguém voltado à questão política, como um revolucionário ou um guerreiro. Por outro lado, abertamente Jesus anunciava como Ele seria “Messias”: seria rejeitado, entregue à morte e ressuscitaria.

Jesus retoma a imagem apresentada pelo profeta Isaías que lemos na primeira leitura. Cristo será Messias sim, mas como “servo do Senhor”. Isaías descreve o Messias como alguém que enfrenta sofrimentos e todos os tipos de humilhações, mas principalmente alguém profundamente confiante em Deus. O “Servo Sofredor” representa tudo aquilo que é específico e profundamente humano: dor, sofrimento, desolação, amargura e por fim, a morte. No Evangelho de Marcos, Jesus diz que além das humilhações e morte, Ele ressuscitará no terceiro dia.

Pedro ao ouvir tudo isto, se espanta e tenta fazer com que Jesus mudasse seu discurso. Nosso Senhor tinha falado com seus discípulos, mas Pedro “puxou” Jesus em um lugar a parte e quis “ensinar” como Ele deveria ser Messias. O pobre Pedro que afirmou com tanta segurança que Jesus “é o Messias”, no fundo, ainda estava com a ideia de um Messias aos moldes deste mundo, um enviado para fazer guerra e instaurar um reino deste mundo para este mundo. O discípulo se revela distante do Mestre. Pedro não queria seguir alguém que assinalava o seu final como “perdedor”, assim, o apóstolo procura Lhe indicar outros caminhos e um outro destino.

Jesus “arrasta” e recoloca Pedro junto ao grupo dos discípulos e diz palavras fortes sobre a sua atitude que servem para nós também: “Vá para atrás de mim”. Esta expressão: “atrás de mim” foi usada por Jesus quando chamou os discípulos (Mc 1,17). De fato, o discípulo deve vir depois do seu Mestre e não se colocar à sua frente. Pedro queria ensinar o seu Mestre Jesus e não o contrário. Por isto, Jesus condena o seu comportamento e exorta-o a voltar ao seu lugar. O primeiro apóstolo escuta de Jesus uma palavra forte, Ele o chama de “Satanás” que é o maior opositor de Jesus que tenta se colocar à sua frente e atrapalhar o projeto de Deus. Aqueles que se comportam como Satanás (querem se colocar à frente de Deus) e não como discípulos (que seguem Mestre) são aqueles que pensam como o mundo pensa. Lembremos no episódio das tentações que Jesus sofreu no deserto, Satanás se coloca à sua frente procurando dizer o que Ele deveria fazer.

Pedro dá um passo decisivo em relação a Jesus, mas ainda traz consigo seu olhar para o Messias que todos os judeus esperavam e não o messias que Jesus se tornaria. Pedro quis lhe propor algo a seu modo e não ao modo de Cristo. O apóstolo pescador acerta quem é Jesus, mas erra profundamente em como Ele iria cumprir sua missão.Como Pedro, ainda hoje há muitas pessoas que querem condicionar a ação de Deus e até dizer o que Ele tem que fazer.

Jesus nos convida a sermos discípulos, nos colocarmos atrás Dele que é o Nosso Mestre e seguir Seus passos, devemos estar com os ouvidos atentos e sempre em alerta para ouvir sua voz.

Jesus, após repreender Pedro diante dos outros discípulos, convocando a multidão, apresenta as mesmas condições a todos. Aquelas pessoas já tinham escutado a definição de Messias que o próprio Jesus tinha a pouco apresentado e convida a todos a segui-Lo (“vir atrás de Mim”), mas Ele coloca as condições fundamentais. Tudo é apresentado como uma condição onde cada um tem que assumir livremente: “se alguém quer vir após mim…”. Chama nossa atenção que Jesus não fala apresentando como uma obrigação ou fazendo alguma ameaça, cada um é livre: “se alguém quer…”. A segunda condição é um convite decisivo: “renunciar a si mesmo”. É deixar de colocar a si próprio no centro de tudo, abrir-se para as propostas e a missão que Deus apresentar; abraçar os projetos de Deus em detrimento aos sonhos pessoais. “Tomar a cruz” é assumir tudo com compromisso e responsabilidade como é a cruz de Cristo, sinal do seu extremo amor por toda a humanidade. A cruz não é somente sinal das dores e dos sofrimentos enfrentados por Jesus (isto tudo faz parte da nossa história enquanto estivermos neste mundo), mas de sua missão assumida até o fim em total doação.

Por fim e depois de fazer os dois passos anterior, “segui-Lo”, se colocando, atrás de Jesus. As palavras de Cristo no final do Evangelho de hoje completam a identidade do discípulo de Jesus, onde o ponto principal recai sobre “entregar a vida” por causa de Jesus e do seu Evangelho, este é o modo de ganhar a verdadeira vida que Deus quer nos dar.

Para descobrir como Jesus é realmente é preciso se colocar atrás Dele; não como um subalterno, mas como discípulo; seguir seus passos e assumir sua mensagem.

Nós cristão devemos ser hoje estes novos discípulos de Jesus começando dentro de nossas comunidades e em nossas celebrações como Tiago tem exortado nas segundas leituras de nossas missas dominicais (são 5 textos neste mês). Diante das necessidades de nossos irmãos, somos chamados a demonstrar a nossa fé com gestos concretos (em obras, com diz São Tiago), pois fé que não nos conduza a viver a caridade para os nossos irmãos, não é a fé que Jesus ensinou a buscar.

Fé sem caridade, não é fé verdadeira, mas uma simples “simpatia para com Jesus e seus princípios”.

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