#Reflexão: 25º Domingo do Tempo Comum (22 de setembro)

18 de setembro de 2024

A Igreja celebra o 25º domingo do Tempo comum, neste domingo (22). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Sb 2,12.17-20
Salmo: 53(54),3-4.5.6.8 (R. 6b)
2ª Leitura: Tg 3,16-4,3
Evangelho: Mc 9,30-37

Acesse aqui as leituras.

ÚLTIMO E SERVO DE TODOS

O Evangelho deste domingo, novamente, nos apresenta Jesus em caminho. Nosso Senhor apreciava ensinar os discípulos enquanto caminhava, curava e acolhia as pessoas. Jesus sempre à frente e os discípulos atrás, seguindo os passos do Mestre. Mas, em muitas situações, a impressão que se tem é que Jesus e os discípulos estavam na mesma estrada, mas percorrendo caminhos diferentes.

Não foi fácil para Jesus ensinar seus discípulos sobre os valores e o que esperava a todos em Jerusalém, principalmente, como seria o Seu próprio fim.

Na 2ª parte do Evangelho de Marcos, após a profissão de fé de Pedro e o primeiro anúncio da Paixão, Jesus passa a investir o seu tempo e o seu ensinamento mais com os apóstolos, pois o povo não tinha compreendido quem Ele era e qual era a sua missão.

Durante este percurso, os discípulos escutavam, mas não entendiam a profundidade das palavras de Cristo. Estavam com Ele, mas não vivendo como discípulos: cada um tinha seus próprios projetos. A falta de entendimento, o temor e o silêncio dos discípulos revelavam o abismo que ainda existia entre eles e o Mestre.

Jesus revela sua paciência e grandeza quando percebe que todos estavam construindo projetos pessoais e seguindo a lógica deste mundo, mesmo estando ao lado Dele. Podemos imaginar a tristeza de Jesus em relação aos seus discípulos, pois mesmo sendo tão claro, eles não estavam dando ouvidos a tudo o que Ele ensinava. Eles ouviam e acolhiam em suas mentes e coração, somente o que lhes interessava e não aquilo que Jesus ensinava.

Não basta estar junto com Jesus e até segui-Lo através de nossos movimentos, pastorais, grupos e Igreja. O discípulo é aquele que escuta e aprofunda a palavra que lhe é oferecida. Muitos ainda são como os apóstolos: fazem parte do rebanho do Senhor, mas nutrem projetos e sonhos pessoais onde, muitas vezes, Deus é somente um instrumento ou um meio para se chegar até os seus próprios objetivos.

Percebendo a distância entre o que Ele ensinava e o que os apóstolos discutiam, Jesus resolveu, em um momento oportuno e dentro de uma casa, esclarecer as coisas. Jesus ofereceu aos apóstolos mais uma oportunidade para falarem, mas todos optaram pelo silêncio. Marcos nos diz que os apóstolos estavam discutindo entre eles quem seria o “maior”. Certamente, eles perceberam o grande poder que Jesus demonstrava e eles imaginavam um imenso reino que o Mestre Jesus iria criar, assim, já começavam a discutir cargos neste “império”. Mas, “Jesus se senta e chama os apóstolos”, queria falar um jeito mais direito e profundo. “Jesus chama dos Doze”, uma forma de trazer todos para bem perto Dele e assim, abandonassem seus projetos pessoais e sonhos sem sentido para Deus.

Para sentirem realmente o aconchego daquele que tem seu destino nas mãos de Deus

O anseio de ser o primeiro e o maior em relação aos outros é uma tentação para os discípulos. Todos nós apreciamos estar no centro das atenções, receber elogios e destacar-se em relação aos outros. Jesus não podendo “trazer” os apóstolos para a sua forma de ver as coisas, Ele “entra” na lógica deles, não para concordar com o modo deles pensarem, mas para ensinar como ser grande conforme seus ensinamentos e aos olhos de Deus.

Mais uma vez, Jesus propõe, tudo é apresentado como uma proposta: “Se alguém quiser…” (como no domingo passado), nada é imposto, mas ofertado como graça e dom, cada um precisa aceitar, abraçar e colocar em prática.

Jesus não impõe, mas propõe como projeto de vida conforme a lógica e o modo de viver Dele próprio. Não ensina aos discípulos algo distante e difícil, mas aquilo que Ele próprio vivia.

A lógica do mundo é ser o primeiro, estar sozinho e acima de todos; A lógica e o modo de vida de Jesus vão em outra direção: para ser o primeiro, é necessário ser o último de todos e servo de todos. Quem são os “últimos”? Naquele tempo, os grandes eram os ricos, os poderosos e os cultos; já os últimos eram os pobres, os doentes, os desprezados e os estrangeiros. É exatamente lá entre os últimos da sociedade que sempre Jesus esteve e convida os discípulos a estar. Mas, Jesus frisa claramente: Não basta estar “somente” no último lugar com os pobres, é necessário ainda ser servo de todos. “Servir os últimos” é o caminho para servir a todos que mais precisam experimentar a misericórdia de Deus.

E Jesus dá um exemplo do que Ele estava falando. Toma e abraça uma criança, com um gesto de profunda união (o abraço une duas pessoas como se fossem uma só) e disse que quem acolhe uma criança em seu nome, também acolhe a Ele e a Deus Pai. Para Jesus, servir os últimos e acolher com um abraço são uma só coisa. Os discípulos pensavam em “maior”, Jesus apresenta um “menor” (criança) como caminho.

A acolhida e o serviço aos últimos são o caminho mais rápido para se chegar a Jesus. Quem acolhe o próximo, a começar por aqueles que são os últimos, está acolhendo Nosso Senhor em pessoa. A nossa fé deve nos ajudar a aprofundar estes dois princípios para se chegar a Jesus: o serviço ao próximo e a acolhida.

“Últimos de todos e servo de todos”. Sobressai o “todos”: ser o último sem deixar ninguém pra trás, sem esquecer alguém entre os últimos, sem predileção; e servo de todos sem escolher e sem colocar limites. Não estar somente entre os últimos, mas estar para servir, oferecer algo a mais entre aqueles que não têm mais esperança. A humildade não é somente “ser” alguém simples, mas servir entre os simples.

Sabemos que o egoísmo e o individualismo são os principais valores do mundo de hoje. Proclama-se que cada um tem o direito de ser feliz, mas sozinho e individualmente; o próximo e os mais necessitados (os últimos) são vistos como um peso, perturbam a paz e o sossego dos outros.

Na 2ª leitura, Tiago alerta que o ciúme (desejo obcecado de posse) está no centro de conflitos e maldades humanas; as guerras são paixões humanas levadas ao extremo que chegam a cancelar o outro e o torna um inimigo a ser combatido. A verdadeira sabedoria diante de Deus se consegue com a concórdia, com a misericórdia, sem parcialidade e fingimento. A paz somente se consegue semeando a paz. Jesus propõe a solução para nós e para a humanidade: o serviço àqueles que são os últimos de nossa sociedade. Assim, o melhor caminho para experimentarmos o amor de Deus é através da caridade e da acolhida do próximo a começar por aqueles que mais precisam de nossa ajuda e de nosso amor.

Faça o download da reflexão em pdf.