#Reflexão: 1º Domingo do Advento (01 de dezembro)
A Igreja celebra o 1º domingo do Advento, neste domingo (01). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Jr 33,14-16
Salmo: 24(25),4bc-5ab.8-9.10.14 (R. 1b)
2ª Leitura: 1Ts 3,12-4,2
Evangelho: Lc 21,25-28.34-36
Vinda de Jesus: dia de alegria e libertação
Com este Domingo, a Igreja começa o tempo do Advento que tem como principal função nos preparar para encontrarmos com Jesus. O Senhor está próximo e quer nos encontrar, assim, devemos nos preparar para este momento especial em nossa vida.
O tempo do Advento procura nos ajudar a refletir e a meditar sobre dois momentos especiais na vida de Jesus e em nossa vida: O NATAL quando Ele veio a este mundo como uma criança (um olhar para o passado) e a PRÓXIMA VINDA de Cristo sobre as nuvens (um olhar para o futuro).
Assim, hoje começamos uma peregrinação que nos conduzirá àquela noite especial e única do Natal. Aquilo que encontraremos naquela noite, escapa a nossa lógica humana e normalidade: simplicidade, uma família sem casa, um lugar entre animais, sem nenhuma festa. Aos olhos humanos, uma realidade sem Deus e mais um pobre que nasceu na miséria e sem valor. Mas é aqui que está a grandeza de Deus. Aquele que é maior que as estrelas do céu se esconde em uma simples e humilde criança. O Natal é algo que devemos nos esvaziar de nossa lógica, razão, riqueza, grandeza e prepotência para ser capaz de se ajoelhar diante Daquele que aparenta ser nada, mas é o tudo em nossa vida e na nossa história. O Natal é uma resposta especial de Deus a nossa realidade humana.
Mas, o Evangelho de Lucas que lemos hoje não fala daquela primeira vez que Jesus veio, mas de sua próxima vinda de forma solene e especial. As palavras que ouvimos de Jesus foram pronunciadas dentro do Templo de Jerusalém e foram as últimas de Jesus como homem livre que ensinava na Casa do Senhor. Jesus sabia muito bem o que lhe aguardava um pouco depois: seria preso, julgado injustamente, humilhado, condenado e morto. A cruz é outro momento da vida de Jesus que aparenta não ter lógica: um fim doloroso em uma morte horrível de Cruz. No calvário Jesus aparenta se encontrar muito longe de Deus, mas foi dessa forma que Ele escolheu terminar sua vida: vivendo plenamente a realidade humana, inclusive a morte.
A cruz foi uma escolha que Jesus abraçou para permanecer do início ao fim no mais profundo da nossa realidade humana.
Da mesma forma, que aceitou e escolheu enquanto Deus, nascer e ser colocado em uma manjedoura para assim, desta forma, Ele desprovido de tudo, começar um novo momento da história humana. O Natal e Cruz são realidades humanas que Jesus aceitou como condição para iniciar e terminar seu tempo neste mundo e dessa forma, dar uma resposta definitiva para as nossas fraquezas, pecados e misérias.
Hoje no Evangelho proclamado, Jesus procura orientar e ajudar os seus discípulos em relação àquilo que estava por vir. Nosso Senhor sabia que a sua morte em Cruz seria uma dura experiência para seus amigos e seguidores. Todos conheciam o poder de morte dos romanos, a força da mão de quem se encontrava no poder. A morte de Jesus poderia aparentar que mais uma vez o bem tinha sido derrotado e que o mal e o pecado é que imperavam sobre tudo e todos. As palavras de Jesus têm esta função: mostrar que a história, o presente e o futuro, tudo se encontra nas mãos de Deus. Somente Deus é que possui o poder supremo sobre tudo. A história não se encontra nas mãos do mal e daqueles que o servem, mas com Deus. Somente o Criador de tudo tem poder de abalar a natureza, a terra, os céus e os astros quando quer e quando se manifesta. Os homens e o mal, o máximo que podem é fazer, é causar danos ao ser humano e algumas destruições; só Deus move os céus!
Nosso Deus exorta através do profeta Jeremias que “virão dias nos quais eu realizarei as promessas… Naqueles dias, eu farei germinar a justiça na terra” (33,15). O dia da vinda de Jesus será um dia de alegria e felicidade para todos que escolheram o projeto de amor, justiça e verdade de Jesus. O Dia do Senhor é a resposta de Deus para a nossa história.
A Vinda de Cristo será sim um dia de terror e pavor, mas para aqueles que encontram-se longe de Deus e da sua justiça. A luz suprema de Cristo sobre as nuvens iluminará a vida e a história de todos e tudo se tornará claro e visível. Quem estiver em dia e procurando viver os ensinamentos de Jesus, brilharão como as estrelas, mas aqueles que estiverem nas trevas do pecado e longe daquilo que ensinou Jesus, não terão espaço neste novo momento da história.
Será um dia especial se nos encontrarmos preparados para encontrá-Lo. Por isso, devemos seguir as palavras do Senhor e permanecer em sua estrada, a mesma que Ele próprio começou um dia no Natal. Naquele dia de Luz na noite, a história que conhecemos teve um novo início. Todo o Antigo Testamento procura preparar para este momento da vinda do Messias. Nós nos encontramos no meio desta história que um dia encontrará não o nada e a destruição total, mas o próprio Senhor Jesus.
A nossa existência e realidade passarão por um novo recomeço, novamente com Jesus Cristo, não mais como criança, mas glorioso e poderoso. Os generais daquele tempo de Nosso Senhor usavam cavalos como símbolo de força e poder, Jesus virá sobre as nuvens do céu com sua glória.
Sabemos que os povos antigos do tempo de Jesus cultuavam como divindades os astros (sol, lua, estrelas…) e fenômenos da natureza (raios, trovões…). Tudo isto está nas mãos de Deus Criador: Ele governa e controla tudo. Tais reinos tiranos com seus astros divinos, tudo cairá diante de Jesus no final dos tempos. Nossa história não será mais deste tipo de governo e força, mas do Filho do Homem. Tudo já começou a acontecer no momento da morte de Jesus na cruz: “Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona. Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio” (Lc 23,44-45).
Jesus no Evangelho de Lucas nos exorta, no entanto, a permanecermos vigilantes e na espera, mas vigiar em oração. A oração purifica os nossos olhos para reconhecer os sinais dos tempos e nos ajuda a ler com a Luz de Deus todas as situações humanas. Temos que nos lembrar que cada escolha que fazemos em nossa vida possui uma repercussão sobre a nossa história e consequências para toda nossa vida. Não se deve escolher algo errado e sabendo que causará um mal, pensando que um dia que tudo estará certo e correto. Ninguém sabe nada sobre o amanhã e o futuro, por isso, hoje e sempre devemos estar preparados.
As palavras de Jesus no Templo falam do drama futuro para aqueles que não se encontrarem dentro do rebanho de Cristo, mas também nos mostram que o mundo não caminha para uma catástrofe e um terror para todos indiscriminadamente.
Profecias que não trazem esperança e libertação não vêm de Deus. O Dia do Senhor, ao contrário, será para aqueles que já O esperam hoje, um tempo de maturidade, plenitude, uma nova primavera para a humanidade e a história. A vinda de Cristo é um tempo de esperança e alegria, e não um flagelo e desgraça para o mundo. Tudo será transformado e serão eliminados tudo e todos que produzem o mal e ferem a vida humana. Um tempo de felicidade com Deus, por isso, uma alegria eterna.
Será um tempo que devemos nos preparar hoje, por isso, Jesus também alerta os seus discípulos para não se relaxar em relação ao cotidiano da vida: “Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso” (v.21,23). Devemos estar com Deus sempre! E cada acontecimento na natureza e na humanidade deve ser visto como um sinal e um alerta se já estamos prontos, pois ninguém sabe quando estará diante de Deus.
O Dia da Vinda de Cristo será um dia pleno para a humanidade, pois tudo será transformado para que Jesus possa reinar plenamente em nossa realidade.
Assim, o convite de Cristo é para nos prepararmos para encontrá-Lo em pé, com o olhar para o alto, com sorriso no rosto, com os olhos e as mãos livres, pois está próxima a libertação plena do mal e de todo o sofrimento. Vale a exortação de São Paulo que nos ajuda a nos prepararmos para este dia de festa com o Cristo glorioso: “Que o Senhor vos faça crescer e avantajar na caridade mútua e para com todos os homens, como é o nosso amor para convosco”. Amar a Deus e ao próximo é a melhor forma de hoje nos prepararmos para receber o Senhor no Natal e sempre em nossa vida até quando estivermos em sua presença ou Ele mesmo vir e nosso encontro.
Exceto comentário litúrgico, simples e profundo, adequadamente para este primeiro domingo do advento.