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#Reflexão: 5° domingo do Tempo Comum (09 de fevereiro)
A Igreja celebra o 5° domingo do Tempo Comum, neste domingo (09). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Is 6,1-2a.3-8
Salmo: 137(138),1-2a.2bc-3.4-5.7c-8 (R. 1c.2a)
2ª Leitura: 1Cor 15,1-11 ou mais breve 15,3-8.11
Evangelho: Lc 5,1-11
POR CAUSA DE TUA PALAVRA
Lucas nos relata que Jesus, logo no início do seu Evangelho, faz uma visita a sua terra, Nazaré, e entre os seus. Foi uma experiência frustrante na sinagoga da sua cidade. No entanto, Jesus continuou sua missão, pregando a Palavra de Deus em outros lugares e cidades. Mais e mais pessoas começaram a procurar Nosso Senhor também para escutá-Lo e não somente por causa dos milagres que Ele produzia.
O Evangelho deste domingo, nos diz que Jesus, evangelizando ao longo da margem do Lago de Genesaré, encontrou novamente Simão Pedro e outros pescadores. Jesus tinha estado já na casa de Simão e lá curou sua sogra. Entre eles (Jesus e Pedro) já existia algo de confiança e segurança.
Mas, aquele dia de anúncio de Jesus e do retorno da pesca dos discípulos, foi crucial na vida de todos. É assim que começa a história de Jesus e seus discípulos: das redes vazias e dos barcos puxados para a praia. Linguagem universal e imagens muito simples. Não do ponto mais alto do Templo, mas de um barco em Cafarnaum. E, mais ainda, de um momento de crise. Pedro, desobedece às redes vazias e obedece a um sonho que Jesus lhe apresenta. (Ermes Ronchi).
O texto evangélico nos apresenta dois grupos distintos: a multidão que seguia e ouvia Jesus e o grupo de pescadores. Jesus procura, de pouco em pouco, inserir os pescadores no grupo dos ouvintes da Palavra, dedicando especial atenção a Simão Pedro.
Jesus, vendo a multidão e observando que havia duas barcas, solicita a embarcação de Pedro para que, um pouco longe da margem, pudesse evangelizar. Jesus não ordena, mas pede. Como é próprio de Nosso Senhor, Ele sempre convida e solicita, não ordena e obriga ninguém a fazer nada por pressão. Não há ameaça ou coação, mas um convite a realizar uma parceria. Da barca de Simão, Jesus ensinava a multidão.
Os pescadores não faziam parte do grupo que estava escutando Jesus, pois estavam limpando as redes depois de uma noite de trabalho que não trouxe nenhum fruto. Podemos imaginar o cansaço de uma noite de labuta no lago e a frustração por terem trabalhando em vão. Eles conheciam todos os particulares da pesca, mas de nada adiantou, pois nada tinham conseguido pescar.
Após evangelizar a multidão, Jesus se volta novamente para Pedro e lhe faz outra proposta que deveria ter soado muito estranha para todas as pessoas. Jesus propõe para Simão Pedro de retornar ao lago e jogar as redes novamente para a pesca. A reação de Simão, inicialmente, foi natural e espontânea.
Nesta passagem de Lucas sobressai muito a figura de Simão Pedro. Ele é sempre nomeado em precedência aos outros e Jesus conversa se dirigindo diretamente a ele que dá um profundo testemunho de fé ao pedido do Mestre Jesus. Ele era pescador e por toda sua vida, até aquele momento, fazia o seu trabalho com o máximo de atenção, mas nem sempre tudo tinha o mesmo resultado, como aquela noite em que as redes nada conseguiram apanhar.
O pedido de Jesus não foi nem estranho ou difícil de ser realizado. Ele solicitou que Pedro fizesse algo que conhecia com os meios que sabia utilizar, mas em uma circunstância diferente. Simão esclarece que eles já tinham tentado tudo e nada tinham conseguido, ademais, era dia e normalmente se pesca a noite (assim, os peixes não veem as redes). Jesus, acima de tudo, pede a Pedro para ir além do costumeiro e da lógica profissional.
Pedro se encontrava em uma situação particularmente embaraçosa, pois todos sabiam que aquilo que Jesus tinha pedido era fora do normal e certamente, segundo a maioria, destinado ao fracasso. Mas, Simão se joga totalmente nas palavras de Jesus: “…Mas, por causa de tuas palavras!”
Jesus não nos pede coisas estranhas ou anormais, mas sim confiança em sua palavra e em sua orientação. Sem Jesus e sem sua palavra, seria algo estranho, mas porque foi sugerido por parte de Jesus, tudo acontece. Simão Pedro, diante das pessoas que lá estavam, desafiando o normal, ele lançou as redes novamente no lago. Lucas nos diz que a pesca foi abundante. Da confiança e da barca de Pedro, os peixes são repartidos e o milagre se torna fruto e alegria para os outros.
Diante de tudo aquilo, Pedro, publicamente, se lança aos pés de Jesus. Sua atitude é de alguém que se reconhece longe de Deus (pecador) e de sua pequenez diante de Jesus, como Isaías (na 1a leitura) se sente diante do chamado e da missão: “um pecador em meio a um povo pecador”. Até aquilo que ele, Pedro, sabia fazer se revelou limitado e quase inútil em relação à Palavra de Jesus. A mesma Palavra que antes alimentou as multidões se transformou em alimento para muitas pessoas com a pesca milagrosa.
Outros companheiros de profissão são lembrados por Lucas, mas o diálogo se estreita ainda mais com Pedro que representará todos os demais. Jesus lhe propõe outro ofício que nascerá daquilo que ele sabe fazer, mas de outro modo diverso e em outro lugar: “Doravante serás pescador de homem!” A palavra “pescador” não traduz bem o original, pois Lucas não usa o mesmo verbo de antes (“lançai as redes para pescar!”). Outra tradução seria: “Doravante serás aquele que vai resgatar homens para vida”. O termo é usado quando alguém está se afogando e é “resgatado para vida” (salvo). Diante no novo pedido de Jesus, todos abandonam tudo: os barcos e os peixes em abundância que tinham acabado de recolher para seguir Jesus.
Jesus quer também subir sobe no barco da minha vida que está vazio, talvez esteja até encalhado ou que balança assustadoramente quando está no mar, e me pede para partir de novo com o pouco que tenho, com o pouco que sei fazer, e Ele me confia um novo mar.
O milagre não está na pesca extraordinária e nos barcos cheios de peixes, ou ainda nos barcos abandonados na praia ainda carregados com seu pequeno tesouro; o grande milagre é Jesus que não se impressiona com meus defeitos, não tem medo do meu pecado e, em vez disso, quer entrar no meu barco, ser meu hóspede mais do que meu senhor. E eles abandonaram tudo e o seguiram. O que faltava para que os quatro os convencessem a abandonar seus barcos e redes para seguir aquele jovem rabino com palavras brilhantes? Faltava um sonho. Jesus é o guardião dos sonhos da humanidade (Ermes Ronchi).
Mais do que o milagre da pesca em abundância, sobressai o princípio da parceria que Jesus propõe inicialmente para Pedro que se torna também comum aos outros pescadores. Fazer tudo dando o melhor de si em uma profunda confiança em Jesus. É necessário romper com a simples confiança em nós somente, como se tudo dependesse de cada um somente. É fundamental escutar o que Jesus nos tem a sugerir e propor. Mais do que milagres, Jesus precisa de nós como instrumento, como também de nossas barcas, de nossas mãos e bocas. O maior milagre não deverá ser pra nós somente, mas em nós e através de nós para outras pessoas.