#Reflexão: 18º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 1º de agosto)

30 de julho de 2021

A Igreja celebra neste domingo (1), o 18º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura – Ex 16,2-4.12-15

Salmo – Sl 77,3.4bc.23-24.25.54 (R. 24b)

2ª Leitura – Ef 4,17.20-24

Evangelho – Jo 6,24-35

JESUS VERDADEIRO PÃO DO CÉU

O milagre da partilha dos pães e dos peixes foi um evento que marcou decididamente a vida dos primeiros cristãos e das primeiras comunidades, como vimos no Evangelho de domingo passado. Não foi somente mais um prodígio de Jesus, mas nele encontra-se um grande ensinamento para os discípulos de Cristo. Nosso Senhor não precisava mostrar – mais uma vez – que tinha poder e era capaz de realizar tal milagre. Na realidade, Ele nos dá a receita para “reproduzirmos” o mesmo milagre entre nós através da partilha dos dons que Deus nos dá. Mas tudo precisa passar “pelas mãos do Mestre”, isto para expressar a comunhão de tarefas: nós entramos com a partilha do que temos e Jesus abençoa e multiplica. Não se trata de uma simples “divisão de bens”, mas de caridade e fé em Jesus. Partilhamos o que temos porque confiamos em Deus e queremos amar o próximo a começar por aqueles que mais precisam de nossos dons e sofrem a ausência dos bens necessários para uma vida digna.

Dessa forma, o caminho para matar a fome entre nós passa pela fé em Jesus e por nossas mãos que devem aprender a compartilhar o que é graça e dom de Deus em nossa vida.

Assim, vamos refletir hoje e nos próximos domingos o grande discurso e o ensinamento sobre a Eucaristia em São João (Jo 6). Do milagre da partilha dos pães e peixes, Jesus ensina sobre o grande milagre do Pão partilhado na Eucaristia.

No final do Evangelho de Domingo passado, João nos diz que diante da multidão exultante e saciada, Jesus resolve se retirar, pois queriam proclamá-Lo rei. Tudo que Ele tinha ensinado e os gestos realizados desencadearam algo que Jesus não queria jamais: ser rei de coisas materiais. O Evangelho deste Domingo, Jesus não se deixa iludir pelas palavras do povo. Ele se antecipa e revela a intenção de todos que buscam somente coisas materiais. As pessoas não tinham entendido o gesto do menino e de Jesus que, para situações básicas e humanas, o caminho é a partilha a partir da fé em Cristo.

No diálogo entre Jesus e a multidão fica claro que as pessoas não tinham entendido o “sinal” que Jesus tinha produzido. Moisés foi instrumento de Deus para saciar o povo que estava no deserto, Jesus é muito maior que Ele. Moisés não podia dar nada para o povo, mas tão somente ser intercessor de suas necessidades como ouvimos na 1ª leitura. Jesus, diferentemente, realiza tudo por suas mãos. Moisés não é fonte do milagre, mas Jesus sim. O povo queria proclamar Jesus rei não por aquilo que Ele é, mas somente pelo bem material que Ele produziu. Uma fé interesseira e totalmente frágil.

Quando Jesus, respondendo à multidão, afirma que todos O procuravam não pelos “sinais”, mas por algo perceptível: “porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. Mesmo sendo algo bem concreto (pão e peixe em abundância), tudo que foi realizado deveria ser tomado como um “sinal”: que representa algo, que vai além do que os sentidos percebem. Um “sinal” representa uma realidade maior e mais profunda e somente quando se tem fé é que a pessoa percebe a grandeza de tudo que acontece ao seu redor, pois tudo nos conduz a Deus.

No debate entre Jesus e a multidão, a verdade aparece tanto em relação ao povo quanto a Jesus. As pessoas que discutiam com Jesus se mostraram completamente distante da proposta de Cristo e se percebe até mesmo que não O conheciam realmente.

Eles perguntam o que deveriam ainda fazer e pedem novos sinais não obstante terem acabado de participar do grande milagre da partilha dos pães e dos peixes. Um povo insaciável não mais por pães e peixes, mas por “sinais” (milagres, prodígios), com o povo no deserto que mesmo vendo imensos sinais ainda não confiava que Deus era capaz de saciar a fome de todos. Para a multidão, o máximo que conseguiam atribuir a Cristo era de ser um rei que multiplica pães e nada mais. Jesus está acima de tudo isto e até mesmo de Moisés. Mas, eles queriam somente um rei e não um Redentor; alguém com poderes deste mundo (rei) e não alguém que fosse capaz de dar a vida eterna.

A atitude daquelas pessoas no tempo de Jesus ainda é muito comum em muitos que professam uma fé em Cristo: Acreditam enquanto tudo está bem, enquanto se sentem protegidos, até o momento em que conseguem ter algum lucro. Um Deus que resolve problemas, que produz riquezas, que enfrenta e resolve os nossos desafios. Um Deus que está a serviço e serve a todos. A multidão que seguia Jesus esperava, uma vez sendo proclamado rei, que ele iria dar para sempre pão e peixe em abundância. Não queriam saber de “sinais” (refletir e buscar um sentido profundo nas coisas), mas de coisas bem concretas: pão e peixe em abundância.

Mas estes bens saciam a nossa fome em um momento do dia e não podem oferecer mais nada. Jesus é o verdadeiro pão que desce do céu, verdadeiro pão que dá vida ao mundo. Acreditar em Jesus porque Ele é capaz de salvar a todos e não somente porque possui poder de produzir milagres. A verdadeira fé não precisa de milagres, ela produz milagres como a do menino que confiou plenamente em Jesus e ofereceu sem reservas os cinco pães e os dois peixes. A criança ofereceu com fé e por isto, a multidão foi saciada; ofereceu porque acreditou e o milagre aconteceu. 

Jesus é o Pão do Céu! E quem se alimenta Dele, se nutre de uma vida que vai além das coisas materiais. Ganha uma vida nova e se transforma em pessoas novas (2ª leitura). A Eucaristia é a profunda união onde nos deixamos transformar pelo mesmo amor que libertou o povo no deserto, libertou e salvou toda humanidade. Jesus é o pão especial que devemos multiplicar no dia a dia com a nossa fé e com a nossa partilha.

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