#Reflexão: 3º Domingo da Páscoa (01 de maio)

27 de abril de 2022

A Igreja celebra, no dia 01, o 3º Domingo da Páscoa. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura:
At 5,27b-32.40b-41
Salmo: Sl 29, 2.4.5-6.11.12a.13b (R.2a)
2ª Leitura: Ap 5, 11-14
Evangelho: Jo 21, 1-19

Acesse aqui as leituras.

 

AMOR QUE CONDUZ AO SERVIÇO

            No Evangelho deste domingo encontramos mais um relato da aparição de Cristo, mas, desta vez, com alguns detalhes diferentes. Sendo um relato de São João, cada particular ganha uma expressão especial que vai além do local, dos personagens e dos detalhes da cena.

Jesus se manifesta aos seus discípulos, mas João nos lembra no início e repete na narrativa que não foi a primeira vez. Tudo acontece não em Jerusalém e dentro de uma casa, mas no lago da Galileia chamado de “mar de Tiberíades” (mar para expressar as forças contrárias e os desafios onde a Igreja de Cristo se encontra). Os discípulos, não obstante tudo que já tinham visto e ouvido, mostram-se estranhos, distantes e incapazes de reconhecer Jesus ressuscitado.

Sete são os discípulos que participam deste episódio (sete para representar a totalidade). Pedro que tinha sido revestido com um serviço especial junto ao grupo dos apóstolos, anuncia que ia pescar (Jesus lhe tinha proposto no início do seu chamado de ser pescador de homens) e os outros lhe seguem. No mar, depois de uma noite de trabalho, eles nada conseguem pegar. Terminado a noite de pesca e já no início do dia, retornando para praia de onde partiram, eles encontram Jesus, mas ninguém o reconhece.

Cristo espera todos na praia. A pergunta de Jesus, serve somente para se aproximar de todos que estavam tão atarefados com aquilo que sempre fizeram que nem percebem que se tratava de Cristo ressuscitado. Em João, Jesus ressuscitado “puxa conversa” como se fosse um estranho: aqui chama os discípulos de “moços”; para Maria Madalena, se dirige a ela chamando-a de “mulher” (Jo 20,11-18). A frustração já tinha se iniciado quando procuraram fazer tudo somente com as técnicas e com o conhecimento que tinham daquela profissão que sempre exerceram. Jesus Cristo e tudo que eles tinham experimentado com o Mestre, tinha fica em terra e nada tinham levado de Cristo com eles naquela barca.

Isto representa muito bem aqueles que afirmam que a fé em Deus é algo que serve somente para “dentro” das paredes de um templo e em nada pode (ou nem deve) nos ajudar em nossa vida. Uma religião que é vivida em alguns momentos ou somente naquelas situações de desespero pode correr o risco de não ajudar a enxergar Jesus que sempre está conosco, mesmo quando não estamos com Ele.

Os apóstolos tinham tido muitas experiências com Jesus antes e depois de sua ressurreição, mas eles não estavam conseguindo aplicar tudo isto para o dia a dia, para as coisas comuns e corriqueiras da vida, como em sua vida profissional. Mas, Jesus não nos abandona e possui uma paciência rica de misericórdia. Assim, propõe algo a Pedro que lhe fez recordar sua vocação; lhe sugere, mais uma vez, contrariando tudo que conheciam da pesca (já era dia e próximo da margem), de retomarem a pesca. Cristo não ordena e nem obriga, mas propõe como sempre fizera em sua vida. Eles acolhem a sugestão e depositando toda confiança naquelas palavras, lançam mais uma vez as redes. A pesca milagrosa foi o sinal de que tudo não foi casual e nem sorte de pescador. O discípulo amado, João, mais uma vez percebe antes, por primeiro e alerta os outros: “É o Senhor!”.

            Era necessário resgatar no coração dos discípulos, que deveriam enfrentar tantas tempestades conduzindo a Igreja e que o fundamental é sempre escutar, acolher e acreditar nas Palavras de Jesus que não quer nos atrapalhar, mas nos ajudar a “pescar melhor” e com mais abundância. Fé não significa abandonar nossa vida, mas revestir tudo com a presença e a misericórdia de Deus. Tal passagem nos outros Evangelhos é recorda no início da formação do grupo dos apóstolos; São João preferiu situar neste momento em que os apóstolos renovam sua vocação de “pescadores de homens” para Deus.

Pedro que disse que iria pescar e foi seguido pelos outros, se veste com um manto e se joga na água. Simbólico o que propõe São João. É necessário se revestir das palavras de Cristo, daquilo que Ele nos pede e crer plenamente, como alguém que se joga na água confiando sempre e somente nas Palavras de Cristo. Longe de Jesus e sozinhos com seus projetos era com se estivessem nus e sem destino. Os outros correram para acudir as redes plenas de peixe. A fé dos apóstolos (da Igreja de Cristo) quando está realmente depositada em Jesus é capaz de recolher toda humanidade em suas redes (153 era o número de espécies de peixes que conheciam).

Cristo na praia, no início da conversa, tinha pedido peixe para comer. O apóstolo ao se aproximar de Jesus encontra tudo preparado: pães e peixes prontos para comer, mas Nosso Senhor pede que fossem acrescentados alguns daqueles que eles tinham pescado. Jesus sugere sempre para sua comunidade, mas Ele mesmo prepara tudo e pede que acrescentemos a nossa parte: nossa fé e nossa confiança. Tal refeição, nos recorda a Eucaristia:  pão e vinho que ofertamos que são transformados no Senhor Jesus. Assim, juntos podemos saciar o mundo da fome que a humanidade possui do alimento (Eucaristia) que é Jesus.

            A pesca somente foi frutífera quando confiaram em Jesus, indo além da lógica, do conhecimento e das seguranças humanas, mas o resultado de tudo é compartilhado com todos. O gesto de Cristo de dividir e dar os peixes e os pães foi algo que marcou a vida de Jesus e foi um dos últimos gestos que os discípulos e os apóstolos experimentaram antes da Paixão do Senhor. Em toda Eucaristia que celebramos, nós renovamos nossa fé que o mesmo Cristo se faz presente entre nós, nos orienta o que devemos fazer, mas principalmente nos alimenta com Ele mesmo.

Gestos e Palavras que deveriam ser repetidos não como ensinamento somente, mas expressão de vida e daquilo que é centro de nossa existência: o amor. Na comunhão dos pães e peixes, Jesus dialoga com Pedro, pois ele deveria conduzir a todos na missão de anunciar Cristo para o mundo. Nosso Senhor no diálogo que estabelece com seu discípulo não quer saber de nada mais do que o seu amor. Ao perguntar, Cristo lhe recorda que o mais importante é o seu amor (“Tu me amas?”), mais do que conhecimento, regras ou obrigações, tudo deve ser feito a partir da experiência máxima do amor, mas daquele Amor que Jesus nos ensinou doando-se até a morte de Cruz (“Ágape”). Jesus Ressuscitado reforça para seu 1º apóstolo que “Amor Pleno” está ligado ao serviço: “apascenta minhas ovelhas”, é cuidado do próximo que mostramos nosso amor a Deus. Pedro na última ceia tinha dito a Jesus que daria sua vida, Jesus lhe apresenta o caminho que é o Ágape (amor perfeito). A insistência de Cristo em perguntar três vezes foi para ajudar a Pedro a não se esquecer que, o que é fundamental em sua vida e depois na vida de todos é doar-se plenamente como o próprio Senhor Jesus ensinou a todos.

O amor de Jesus é sem limites e tão grande que quem o experimenta tem toda sua vida transformada e nada pode trazer tristeza. Na primeira leitura, encontramos Pedro e outros discípulos que sem medo e sem limites pregam o amor de Jesus em toda Jerusalém. Os apóstolos aprenderam que era preciso obedecer primeiro a Deus. Pedro procura lembrar as autoridades religiosas que, acima de tudo, eles são testemunhas de tudo que anunciam e era algo tão grande, tão forte e significativo que eles não podiam reter tudo somente para eles. As humilhações e as dores que sofreram eram um nada diante de tudo que Jesus representava para eles. De fato, se temos Jesus Cristo, temos tudo em nossa vida.

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