#Reflexão: 4º domingo do Advento (18 de dezembro)

13 de dezembro de 2022

A Igreja celebra, no dia 18, o 4º domingo do Advento. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 7,10-14

Salmo: 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. 7c.10b)
2ª Leitura: Rm 1,1-7
Evangelho: Mt 1,18-24

JOSÉ, HOMEM DO AMOR SILENCIOSO

            Neste quarto e último domingo do Advento, as leituras nos chamam atenção sobre os sinais de Deus em nossa vida. Sempre buscamos confirmações para as nossas decisões e passos que pretendemos para a nossa vida e que estamos na estrada justa. Deus age e responde, mas sempre do Seu jeito. O Natal é o testemunho maior que temos que nem sempre quando não temos nenhuma grande revelação, isto não significa que Deus não está nos dando a melhor resposta para todas nossas questões. A questão é que precisamos aprender a descobrir e a interpretar os pequenos sinais em nossa vida.

Na primeira leitura, O rei Acaz procurava respostas para suas ações: o que deveria fazer como rei de Judá. Os inimigos se aproximavam e ele temia que o seu país e sua posteridade desaparecessem. Tudo, de fato, se torna mais fácil quando recebemos um sinal claro da parte de Deus sobre o que temos que fazer, mas nem sempre tudo é evidente em nossa vida. Mas, Deus lhe deu um sinal que não foi o maior e nem o mais surpreendente: uma virgem conceberá uma criança. No fundo, não há nada de extraordinário e espetacular, mas talvez essa foi a mensagem para o rei: não ficar procurando grandes indícios, mas enxergar nas coisas simples e cotidianas a presença e a vontade de Deus. Sabemos que os inimigos não prevaleceram sobre o seu reino, Judá foi preservada e ele teve um filho que continuou governando o povo de Deus.

            A resposta de Deus foi tão significativa para o rei (e por isto se tornou Palavra de Deus) que ganhou um significado profético para o povo. Nos chama atenção o fato que a promessa é centralizada na mulher que dará a luz e sobre seu filho que será a presença de Deus em meio ao seu povo (“Deus Conosco”), uma mãe e um filho diferentes, não guerreiros e sem exército. A presença de Deus será marcada por aquilo que temos de mais profundo e humano para todos nós: uma mãe que dá a luz ao seu filho.

Neste tempo do Advento pudemos meditar alguns textos evangélicos sobre dois personagens que marcam a vinda do Messias: João Batista e Maria. Hoje encontramos o terceiro personagem importante: São José. Ele também nos é apresentado como alguém que medita tudo ao seu redor. Ele não fala nada, mas ama profundamente. Age com um coração apaixonado por Maria e por Deus. Se tudo iniciou com o “sim” de Maria, Deus também precisava contar com alguém que pudesse dar segurança para uma frágil mãe que esperava o seu filho.

Mateus nos informa que tudo na vida de José e de Maria já estava direcionado para aquilo que os dois sonhavam e tinham se preparado. Estavam noivos e entre os dois já existiam compromissos públicos e familiares. O noivado já tinha sido celebrado e cada um estava se preparando para a celebração do matrimônio. Tudo estava tomando um caminho conforme os sonhos e projetos de José e de Maria. Mas, Deus resolveu entrar na vida de ambos. Deus não muda seus sonhos, mas solicitou que sonhassem o Seu projeto de salvar para o mundo. Eles foram convocados a continuarem o projeto familiar que estavam preparando, mas do “modo de Deus”, conforme a Sua vontade. Maria já tinha aceitado aderir ao esse projeto e tinha colocado toda sua confiança nas mãos de Deus. Faltava José.

A paixão de José por Maria era diferente. Não era um amor de posse ou de obsessão. José tinha descoberto em Maria o seu sentido de vida. Durante todo o tempo do namoro e início do noivado, José descobriu que o bem maior para ele, era a felicidade de Maria. Tudo ganhou um significado imenso em sua vida, quando seu sonho de se casar com ela se tornou realidade. Quando tudo estava pronto para se realizar (o matrimônio com Maria), tudo ganhou um rumo não esperado. Maria lhe revela o anúncio do anjo, a sua nova missão e o menino que estava esperando. José é o homem do sonho que viu tudo se tornar um pesadelo. Ele amava Maria e mesmo vendo desabar tudo, José estava preocupado em encontrar uma solução não para si, mas para salvaguarda a sua amada contra qualquer perigo. José sonhava ter uma vida comum e normal com Maria, mas tudo se tornou obscuro e sem direção. Na noite escura e sem rumo, ele ainda sonha com Maria. Ele tinha seus sonhos, mas teve que aprender a escutar Deus em meio a tantos tormentos pessoais.

            José, certamente, tinha ouvido da própria Maria aquilo que lhe tinha sido anunciado. Ele tinha somente as palavras de Maria e sua confiança em Deus. O mesmo amor que nutria pelas coisas certas de Deus, José possuía por Maria. Ele viveu o drama, sozinho, em seu coração e mente. Maria tinha se tornado o centro de suas preocupações, principalmente sua integridade física e moral. Ele não pensava mais em si, em seus sonhos e projetos pessoais, queria somente que nada de ruim aconteceu com a sua amada Maria.

O carpinteiro de Nazaré vivia também o conflito com a lei judaica (que obrigava punir o pecador), mas acima de tudo estava o seu amor pela sua noiva amada. Seu coração e sua mente se encheram de soluções e a melhor que ele encontrou foi abandoná-la, fugir, para que toda a culpa da gravidez recaísse sobre ele. José seria mal falado e sua moral perante as pessoas seria ruim (abandonar sua noiva grávida), mas Maria seria poupada de qualquer castigo. Se ele falasse a verdade, Maria seria punida e desmoralizada perante seus familiares e o seu povo, José pensa o melhor para ela, mesmo que tivesse que perder e abandonar tudo e todos: Maria, seus sonhos de matrimônio e até sua terra.

Mas, foi exatamente em sonho que tudo se tornou claro e iluminado. O seu amor por Maria, José colocou acima de tudo até mesmo da Lei e dos costumes da época. Foi-lhe também anunciado por um “anjo do Senhor” (= próprio Deus) o que ele deveria fazer. O seu amor por Deus e por Maria lhe ajudaram a discernir entre tantas “coisas loucas” que passavam em sua mente, o que realmente era a mais profunda realidade e o que deveria fazer. O amor não encanta somente a realidade, mas ilumina também nossos sonhos e nossas escolhas.

            José conhecia e observava a lei, mas tinha preferido assumir tudo confiando nas palavras de Maria e no seu novo sonho para sua vida: ser pai do Salvador. José era justo (observante das Leis), mas um justo já ao “modo de Jesus” que mostraria que há algo que está acima da Lei e das tradições, um bem que salva e cura as pessoas: O verdadeiro amor de Deus. Jesus tinha muito de José!

Sabemos que a história de salvação deve um grande favor ao “sim” de Maria, mas devemos também agradecer o “sim” de José. Maria foi preparada e já era “cheia de graça” e assim, pode dar seu consentimento com mais confiança ao projeto de Deus; José era um homem simples e cheio de sonhos como qualquer outro, mas teve que tomar profundas decisões e tinha somente como garantia: as palavras de Maria e a Palavra de Deus. José era justo e, por isto, foi convidado a sonhar o sonho de Deus.

Deus não destrói os sonhos de José, mas convida-o a fazer parte do mesmo projeto de salvação: Continuaria ser esposo, mas de um modo diferente; ser pai, mas de jeito diferente e ser companheiro, mas segundo a vontade divina. Acima de tudo, Maria e José percebem que o grande projeto de Deus era plantar neste mundo o verdadeiro amor que nasce de Deus, é fortalecido por Deus e se aproxima de Deus. Eles eram pobres de tantas coisas, mas não do verdadeiro amor que é Deus.

Maria e José foram descobrindo aos poucos a missão que cada um deveria assumir no projeto de Deus. Paulo na segunda leitura dá o seu testemunho de que tudo que fez, ele realizou como uma resposta ao chamado de Deus. Foi instrumento de salvação para tantas pessoas. O Natal é um convite que Deus nos faz para assumirmos também a nossa missão e sonhar o seu sonho, seus projetos que nada mais são do que o melhor que Ele mesmo pode planejar para cada um de nós.

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