#Reflexão: 11º domingo do Tempo Comum (18 de junho)

12 de junho de 2023

A Igreja celebra o 11º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (18). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Ex 19,2-6a
Salmo: 99(100),2.3.5 (R. 3c)
2ª Leitura: Rm 5,6-11
Evangelho: Mt 9,36-10,8

Acesse aqui as leituras.

POVO ELEITO E SACERDOTAL

Como no domingo passado, também hoje encontramos Jesus que, mais uma vez, está atento às necessidades das pessoas. Ele não foi um burocrata de Deus que encarregou de executar coisas e ordens, Jesus se interessava sempre pelo ser humano em toda sua integridade. Mas, também vemos o Mestre Jesus, ao mesmo tempo, lamentar que são muitos que necessitam ser amparados e cuidados e poucos aqueles que se dispõem.

Jesus via as multidões que iam ao seu encontro. Necessitavam ser acolhidas em suas necessidades e nos seus desafios pessoais, desde coisas espirituais como também materiais. O lamento de Jesus não é porque Ele tem muito serviço, mas porque em outros tempos, nem sempre haverá pastores que se interessem realmente por seu rebanho. Jesus se doou ao extremo e até o fim, mas a necessidade de acudir as multidões permanecerá mesmo depois Dele.

Ouvimos no início do Evangelho: “Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor.” Tudo nasce do olhar preocupado de Jesus. Ele pensa nas pessoas que O procuravam, não em seu tempo (que Ele poderia cuidar). Jesus se compadece em perceber que poderiam ficar sem pastores para animar as ovelhas cansadas e cuidar daquelas que estivessem abatidas.

Diz ainda Jesus, que a missão é constante e o trabalho não vai ter fim, pois a “messe é grande”. Em todos os tempos até o final da história, sempre haverá pessoas que precisarão conhecer Jesus. Completa Nosso Senhor que “os operários são poucos”, isso é, pessoas que se coloquem a serviço de Deus, para servir seu povo. Mas, é fundamental que sejam “operários” e não “donos do rebanho”; que sejam servos como Jesus foi servo da vontade de Deus junto ao seu povo.

 Vemos, infelizmente, que estão aumentando aqueles que exploram o povo de Deus, que se enriquecem não como operários que se identificam com Jesus e com a sua vida, mas como donos e proprietários. Jesus quer que os verdadeiros operários nunca percam de vista que são discípulos e que o dono da messe é Deus Pai. Somos simples servidores na messe do Senhor.

Os operários de Jesus nascem da oração do seu povo. O dono da Messe chama sempre operários, e o povo precisa continuar rezando e pedindo, mas para que tantos e tantas respondam, generosamente, ao chamado do Dono da Messe. A Igreja de Jesus pertence a Deus Pai, Ele é o dono da messe, mas precisa de nós e necessita ainda de alguns que se coloquem como operários para cuidar e animar o seu povo: fazer o que Jesus fez.

Jesus, assim, antes de selar a Nova Aliança com seu Sangue, escolheu os apóstolos entre os discípulos com a missão de dar continuidade na história da sua missão. Eles tiveram e tem a missão de tornar todas as pessoas, em todos os tempos e na história, discípulos e discípulas em uma nova nação dos filhos e filhas de Deus.

Cuidar do seu povo, já era um sinal marcante da ação de Deus desde sempre. Na primeira leitura e no Evangelho, a ideia chave é “povo eleito”. O 1º texto da nossa missa situa-se no momento em que Deus dá a Moisés os 10 Mandamentos e que a saída do Egito e o caminho pelo deserto, tudo é obra de Dele e sinal da predileção sobre os seus filhos e filhas.

A forma de cuidado e de carinho em relação à “casa de Jacó” e aos “filhos de Israel” aparece na imagem da águia que carrega a todos sobre suas asas. Esta ave voa a uma altura que nada pode atingir. Não há nenhuma ave ou animal acima da águia, ela está bem perto do céu. Voa e se desloca a uma grande velocidade dificultando ser atingida. Em seguida, Deus chama atenção sobre as condições e atitudes necessárias para o seu povo. Deus faz sua parte, mas é fundamental que o povo chamado e escolhido, também faça a sua parte: “ouvir a minha voz” e “guardar a minha aliança”.

A aliança que Deus estabeleceu com seu povo no Monte Sinai foi um pacto de responsabilidade onde Deus se responsabiliza em cumprir sua parte e o povo também em observar sua aliança. Os 10 Mandamentos são a condição necessária para que Deus continue abençoando seu povo. Assim, observar os Mandamentos é se colocar em condição e abertura para as bênçãos e graças que o povo necessita.

A Aliança tornaria, então, aquela gente um povo, uma nação especial. Não separa os filhos de Jacó e Israel dos demais, mas consagra a todos para serem especiais no meio das demais nações. “Povo escolhido” = o próprio Deus escolheu a todos e agora todos pertencem a Deus; Um povo com uma identidade e uma missão especial em toda a terra. “Reino de sacerdotes” = Um povo inteiro como oferente a Deus; observar a aliança é oferecer a Deus, dons e dádivas; não pessoas exclusivas como especiais e únicas diante de Deus, mas toda a nação. “Nação Santa” = observar a aliança e guardar os mandamentos e tornar todos próximos de Deus, é o caminho para a santidade no AT.

Como vimos, no Evangelho, temos agora não mais Moisés como um líder que anuncia a vontade de Deus, mas o próprio Deus, Jesus, que escolhe um novo povo, dando continuidade à história da Salvação. Os apóstolos são o novo “povo sacerdotal”, eleitos e chamados diretamente por Jesus. E depois deles, todos que abraçarem a mesma fé.

São Paulo na 2ª leitura aos romanos nos lembra que todos temos uma origem comum de pecadores e longe de Deus. Jesus não morreu para “um povo”, “um grupo”, mas para toda a humanidade. Por isso, todos precisam conhecer esse dom especial de Deus para todos os homens e mulheres em todos os tempos.

A escolha dos apóstolos não os torna únicos, mas os primeiros que deverão anunciar como um “sinal” visível da nova realidade do povo de Deus. São missionários e anunciadores de Jesus para tornar todos, novos filhos e filhas de Deus. No início do Evangelho de Mateus, Jesus já tinha chamados alguns apóstolos onde eles estavam trabalhando: Pedro e seu irmão André; Tiago e seu irmão João. Eles eram pescadores e Jesus os convidou a serem com Ele, “pescadores de homens”. Agora Jesus convida alguns escolhidos do meio dos discípulos a serem operários na Messe do Senhor.

Jesus se revelou um mestre diferente: não teve escola, sua escola foi nas praças, nas estradas e nas vilas. Ele não se interessou e não se interessa pelos bens materiais das pessoas, pois o bem maior e mais precioso é cada pessoa com seus sentimentos e histórias. Ele não pede nada, não exige nada, mas oferece consolo e alento a cada pessoa perdida, doente e cansada.

Mateus assinala que era necessário que o seu povo, o povo judeu, sua gente mais próxima, povo que já conhecia a história dos antepassados e da antiga aliança, fosse o primeiro a receber a boa nova da Salvação de Jesus. Mas, os discípulos enquanto Jesus estava com eles, deveriam anunciar somente aos judeus; no final do seu Evangelho, Jesus manda os discípulos anunciarem a todo mundo.

São doze nomes de homens escolhidos no meio dos discípulos para jamais se esquecerem que devem continuar a viver como discípulos. O número doze representa os doze filhos de Jacó que se tornaram as doze tribos e depois o único povo de Deus. “Doze”: número dos escolhidos para fundar nova representação da nação de Deus neste mundo.

Jesus insiste que os apóstolos deveriam se ocupar do bem-estar de todos: doenças, ações do mal, entre outras ações. Eram os males que mais atingiam o povo da época. Ocupar-se das pessoas, de suas angústias e aflições. Pois o que marca a vida de Deus e diferenciava dos demais Mestres da época era a gratuidade: “De graça recebestes, de grava deveis dar”.

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