#Reflexão: 15º domingo do Tempo Comum (16 de julho)

10 de julho de 2023

A Igreja celebra o 15º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (16). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 55,10-11
Salmo: 64(65),10.11.12-13.14 (R. Lc 8,8)
2ª Leitura: Rm 8,18-23 ou mais breve 13,1-9
Evangelho: Mt 13,1-23

Acesse aqui as leituras.

 

ACOLHER COM ALEGRIA A PALAVRA DE DEUS SEMEADA EM NOSSOS CORAÇÕES

 

Sabemos que Jesus era um Mestre diferente de todos os outros. De fato, Nosso Senhor não queria ser conhecido somente como alguém que operava milagre e curas, mas principalmente como Mestre e Guia de todos. Queria discípulos ao seu redor e não somente pessoas interessadas em sinais e prodígios.

Mateus no Evangelho deste domingo nos narra que Jesus estando cercado por uma multidão à beira do lago de Genesaré, se distancia de todos, sobe em uma barca e assentado (posição de um Mestre) começa a ensinar. Jesus fala de uma barca (em outras passagens, a barca representa a comunidade dos apóstolos, a sua Igreja) e as pessoas escutam. Como Mestre das coisas de Deus, Jesus ensina, mas o faz de um modo bem diferente e inovador. Ele usa aquilo que era o cotidiano e da vida das pessoas.

Deus quer fazer parte da nossa realidade corriqueira e onde vivemos e não somente no Templo, em nossas igrejas. O modo escolhido por Jesus para ensinar o povo simples foi por parábolas: histórias comuns, mas sempre com algo questionador e “diferente” que intrigavam as pessoas. A famosa parábola do Bom Semeador deste domingo retrata muito bem como é a ação de Deus através de sua Palavra e a responsabilidade de cada ouvinte diante dos ensinamentos de Jesus.

Quando Jesus iniciou a parábola, certamente, muitos se identificaram com o personagem principal (semeador), pois aquela profissão (agricultor) era muito comum e era conhecida por todos. Mas, como é próprio nas parábolas contadas por Jesus, sempre há algo que chama atenção, pois vários detalhes não correspondiam àquilo que todos conheciam.

Segundo Jesus, o semeador inicia sua jornada de trabalho, semeando logo que sai de sua casa. Todos sabiam que os caminhos usados pelas pessoas eram de terra dura e quase impenetrável, assim, jogar sementes naquele terreno era puro desperdício e sem nenhuma chance de gerar um dia espigas e grãos de trigo. Este é o primeiro particular “estranho” na história do semeador contada por Jesus. No entanto, o mesmo agricultor continua semeando, mas desta vez, joga sementes em terrenos inadequados ou que não tinham sido preparados para a plantação. O primeiro é um terreno pedregoso e o segundo estava cheio de espinhos.

Naquele tempo, possuir sementes para o plantio não era algo fácil, pois tinha que calcular bem o que era necessário para alimentar a família e aquilo que deveria ser deixado à parte para a nova plantação. Nem todos possuíam dinheiro para comprar os grãos para uma nova semeadura. Dessa forma, o agricultor preparava primeiro o terreno, limpando a área de tudo que poderia atrapalhar os grãos germinarem e crescerem. Uma vez preparada a terra, se plantava em covas e lugares adequados tendo em consideração a distância e outros detalhes. Mas, o Bom Semeador da parábola de Jesus distribui as suas sementes com generosidade. Todas as terras recebem a mesma semente.

A pergunta que certamente os ouvintes de Jesus devem ter feito é: quem é este “estranho” semeador? Jesus procura descrever a ação de Deus como alguém que distribui com generosidade sua semente. É algo precioso, mas tal agricultor da parábola de Jesus não quis reservar este dom precioso somente para alguns poucos escolhidos (“terra boa” no final da parábola), mas distribui para todos os tipos de terreno. Se o agricultor não é um camponês comum, também a semente representa algo especial.

Isaías na primeira leitura nos diz que a Palavra de Deus possui uma força própria que sempre produz seus frutos. Ela sai de Deus (do céu), penetra o solo desta terra (nossos corações) e não voltam para Deus sem antes produzir frutos. São as graças de Deus presentes em sua Palavra (Bíblia), as quais sempre deixam sementes em nós que geminam e produzem frutos.

Na parábola de Jesus, o Bom Semeador distribui igualmente o mesmo dom precioso (a semente) para todos, mas, segundo Jesus, a ação esperançosa e positiva do Agricultor Generoso não depende somente Dele. Deus concede seus dons sempre com bondade, mas tudo terá um bom fim dependendo também do coração que recebe a Boa Semente.

Os tipos de terrenos descritos na parábola são os corações que têm contato com a Boa Semente da Palavra de Deus. São quatro tipos de terrenos e de pessoas: (1) Há aqueles que acolhem a Palavra, mas somente na superficialidade. Não permitem que ela penetre e se enraíze em seus corações. Tal Palavra de Deus é facilmente carregada e devorada pelo mundo (Jesus fala também do “Maligno”). No final é como se nada tivesse acontecido; (2) Há aqueles que acolhem a Palavra, deixam que ela penetre seus corações, mas uma vez dentro, a Boa Semente não encontra espaço. Ao invés de raízes firmes e sólidas (que seriam bons hábitos e os valores cristãos), nestes corações encontram-se somente “pedras” (vícios e valores não cristãos); Jesus afirma ainda que, por falta de raízes profundas, as pessoas se deixam abater pelas tribulações da vida e perseguições. A semente até que se esforça e começa a crescer, mas não podendo ter raízes profundas, a Palavra de Deus é sufocada e massacrada pelas pedras; (3) Há aqueles que também recebem a Palavra de Deus, esta até lança raízes e consegue crescer, mas como no coração há também espinhos, estes acabam que sufocando a semente que já tinha brotado e crescido. O ódio, a falta de perdão, violência… são espinhos que somente ferem as pessoas e matam a Palavra de Deus. Jesus ainda acrescenta que as seduções do mundo acabam sendo mais fortes e a semente não produz nada na vida dessas pessoas. (4) Há, por fim, aqueles que acolhem a Palavra de Deus com a mesma generosidade do Bom Semeador, esses possuem um coração onde a semente encontra terreno adequado para crescer e produzir frutos em abundância.

O bom terreno (bom coração) tem anseio pela Boa Semente da Palavra de Deus. Anseia e deseja que ela penetre e produza frutos em abundância em suas vidas. São Paulo na 2ª leitura comenta que toda a criação anseia pela generosidade das graças de Deus, mas tudo também depende de cada pessoa. Mesmo que uma pessoa passe por este mundo sofrendo angústias e sofrimentos são como “dores de parto”: antecedem o dom maior que Deus nos reserva.

No fundo, sabemos que todos possuem terreno apto para receber a Boa Semente, o problema está nas condições em que se encontram os nossos corações. Tem aqueles que estão como “terra dura”, quase que impermeável à ação de Deus; outros possuem a terra em condições de deixar que a semente produza frutos, mas precisam urgentemente limpar o terreno: retirar as pedras, desenraizar e jogar fora os espinhos. O Bom Semeador faz sua parte em semear com gratuidade e abundância, mas respeita a escolha de cada pessoa.

Jesus encerra a parábola dizendo que aqueles que recebem a Boa Semente da Palavra de Deus e dão espaço e tempo para que ela germine e cresça, estes corações produzem frutos em abundância. Um agricultor da época de Jesus sabia que um saco de trigo produzia no máximo 10 sacos na colheita. Na parábola de Jesus, o bom terreno produz 100, 60 e 30 por um. A Boa Semente da Palavra de Deus, segundo Jesus, surpreende e vai além da expectativa humana com a mesma generosidade produzindo muito mais do que aquilo que um agricultor esperava. O fundamental é jamais reter a Palavra de Deus como algo íntimo e exclusivo. Ela precisa produz em nossas vidas bons frutos do amor, da caridade, do perdão, da misericórdia, da solidariedade e principalmente da paz. Tudo depende de como se encontra o nosso coração.

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