Arquidiocese realiza sua romaria à Aparecida. Leia a homilia de dom Majella
A arquidiocese de Pouso Alegre realizou na manhã deste sábado (3) sua romaria anual ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida(SP). A missa foi presidida pelo arcebispo dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R. Pelo segundo ano consecutivo, por causa da pandemia, participaram alguns representantes do clero. Alguns fiéis da arquidiocese também puderam participar da Santa Missa.
Celebrando a festa liturgica de São Tomé, dom Majella afirmou que a incredulidade do apóstolo ajuda os cristãos de hoje a fortalecer sua fé.
“Tomé, com a sua incredulidade, ajuda-nos a fortalecer a nossa adesão a Jesus, por meio de uma profissão de fé muito clara: “Meu Senhor e meu Deus! ” (Jo 20,24-29), como ouvimos no evangelho que nos foi proclamado. Na aparição seguinte aos seus discípulos, Jesus convida Tomé a percorrer o caminho de busca, que os seus colegas já tinham feito. Tomé, disponível e dócil à ordem de Jesus, chega a um ato de fé claro e convicto: “Meu Senhor e meu Deus!” (v.28)
Leia a homilia de dom Majella na íntegra
Com a romaria da Arquidiocese de Pouso Alegre neste Santuário Nacional assinalamos com gratidão os 90 anos da proclamação oficial declarando Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, comemorado no dia 31 de maio passado. Com este título Nossa Senhora Aparecida contribui para a unidade das Igrejas no Brasil. Ela é a protetora, defensora; que nos protege. Por isso vêm aqui pessoas de várias partes do Brasil e de várias nações, pessoas que rezam trazendo consigo os desejos dos seus corações e das suas regiões, as preocupações e as esperanças do seu íntimo. Aqui experimentamos Jesus Cristo. Aqui é de se esperar que a conversão nos leve a descobrir em Jesus o projeto acabado de Deus e tomá-lo como Senhor de nossas vidas. Aqui, junto da Mãe do Senhor imploramos: Mostra-nos Jesus. Mostra a nós, romeiros, as comunidades eclesiais da Arquidiocese de Pouso Alegre nesta sua caminhada de preparação para o primeiro Sínodo diocesano, Aquele que é ao mesmo tempo o caminho e a meta: a verdade e a vida: Jesus Cristo.
Irmãos e irmãs, há mais de um ano e meio que estamos convivendo com esta pandemia da covid-19. Ela está atormentando o mundo inteiro, impondo muitas limitações, cuidados e, ao mesmo tempo que requer coragem e generosidade para aqueles que sofrem. É importante aprender as lições da pandemia. A pandemia fez-nos sentir que somos uma só família humana e que «estamos todos no mesmo barco». Seria bom que esta consciência se estenda a outros âmbitos da vida social, ao modo de enfrentar a crise económica e social que já estamos experimentando.
A liturgia de hoje nos propõe celebrar a festa do apóstolo São Tomé, que é caracterizada pelo célebre diálogo de Jesus ressuscitado com o apóstolo, narrado pelo evangelista João. Porque celebramos esta festa na data de hoje? Desde o século VI a Igreja coloca no dia 3 de julho a transladação do corpo de São Tomé para Edessa, na atual Turquia. Este apóstolo, também chamado Dídimo, é nos dado a conhecer sobretudo por São João Evangelista. É Tomé que convida os outros apóstolos a acompanharem Jesus para a Judeia, para morrerem com Ele (Jo 11,16). Foi num momento crítico da vida de Jesus, quando ele decidiu ir a Betânia para ressuscitar Lázaro, aproximando-se assim de Jerusalém. Essa sua determinação de seguir o Mestre é exemplar e nos oferece um precioso ensinamento: revela a disponibilidade total para aderir a Jesus, até identificar o próprio destino com o dele. De fato, o mais importante é nunca se separar de Jesus.
É a pergunta de Tomé que leva Jesus a definir-se: “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,5s). Esta intervenção de Tomé está registrada na Última Ceia. Naquela ocasião, Jesus, predizendo a sua partida iminente, anuncia que vai preparar um lugar para os discípulos, para que também eles estejam onde ele estiver. “Para onde eu vou, vós conheceis o caminho” (Jo 14,5). É então que Tomé intervém e diz: “Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho? Tomé é o primeiro a quem é feita essa revelação, mas ela vale também para todos nós, e para todos os tempos. Com frequência nós não compreendemos Jesus. Temos que ter a coragem de dizer: “Não te compreendo, Senhor, escuta-me, ajuda-me a compreender”. Este é o verdadeiro modo de rezar e de falar com Jesus. Exprimimos assim a nossa limitação e nos colocamos na atitude confiante de quem espera luz e força de Jesus.
Finalmente, Tomé, com a sua incredulidade, ajuda-nos a fortalecer a nossa adesão a Jesus, por meio de uma profissão de fé muito clara: “Meu Senhor e meu Deus! ” (Jo 20,24-29), como ouvimos no evangelho que nos foi proclamado. Na aparição seguinte aos seus discípulos, Jesus convida Tomé a percorrer o caminho de busca, que os seus colegas já tinham feito. Tomé, disponível e dócil à ordem de Jesus, chega a um ato de fé claro e convicto: “Meu Senhor e meu Deus!” (v.28). A bem-aventurança, que Jesus proclama em seguida, dirige-se a nós que, percorrendo um itinerário de fé, em atitude de completo abandono, chegamos a Jesus morto e ressuscitado. Jesus pronuncia a bem-aventurança da fé. Chegamos à libertadora experiência da fé em Jesus ressuscitado. As palavras dirigidas a Tomé por Jesus nos ensinam o verdadeiro sentido da fé madura e nos encorajam a prosseguir, apesar das dificuldades, em nosso caminho de adesão a Jesus Cristo.
Entretanto perpassa pelo nosso pensamento mais uma bem-aventurança que, no Evangelho, precede todas as outras. É a bem-aventurança da Virgem Maria, a Mãe do Redentor. A ela, que acabara de conceber Jesus no seu ventre, diz Santa Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor” (Lc 1,45). A bem-aventurança da fé tem o seu modelo em Maria. Daqui deste Santuário não podemos deixar de voltar os nossos olhos para Maria, que sob o seu olhar materno, com sua fé, sustentou a fé dos Apóstolos e não cessa de sustentar a nossa fé, enchendo-nos de admiração, gratidão e amor ao nosso Deus. Como disse Santo Agostinho, “Maria, antes de conceber Cristo fisicamente no seu ventre, concebeu-O pela fé no seu coração.
Maria acreditou e realizou-se n’Ela aquilo em que acreditava”. Peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé, que a torne ativa e fecunda no amor. Peçamos-lhe que sejamos capazes de acolher, como Maria, em nosso coração a Palavra de Deus e pô-la em prática com docilidade e constância.