Assunção de Nossa Senhora: a mãe do povo elevada aos céus

16 de agosto de 2023

“Mãezinha do céu, eu não sei rezar. Eu só sei dizer: eu quero te amar. Azul é seu manto, branco é seu véu, Mãezinha, eu quero te ver lá no céu, Mãezinha, eu quero te ver lá no céu!” Aprendi esta canção quando era bem pequena. Com certeza, alguém cantou para me ensinar. Quando embalava meus filhos ainda pequenos, cantava esta canção para eles dormirem. Hoje, canto para meu netinho… Uma canção simples e singela, que fala da Mãezinha do Céu, a Mãe de Jesus (e nossa Mãe) que mora no céu.  Na simplicidade das coisas de Deus, encontramos a grandeza do seu amor.

Maria foi levada ao céu, não por sua grandeza, mas por sua humildade. Ela foi escolhida para ser a Mãe do Salvador por sua simplicidade e foi obediente à vontade do Senhor, fazendo-se a serva humilde. Sua maternidade não a levou a se sentir mais importante do que as outras pessoas, ao contrário, logo que soube de sua gravidez e da gravidez de sua prima Isabel, foi apressadamente ajudá-la nos serviços de casa, esquecendo-se de si e doando-se à sua prima idosa. Tão logo concebeu o Salvador, entendeu qual é a lógica de Deus: “quem quiser ser grande, deve se tornar o servidor” (Mt 20,26). E assim Maria agiu em toda a sua vida, servindo e se abrindo ao projeto do Criador.

Em 15 de agosto de 2021, o Papa Francisco, na Oração do Ângelus, fez a seguinte reflexão: “Foi sua humildade que atraiu o olhar de Deus sobre ela. Maria, na sua pequenez, é a primeira a conquistar os céus. O segredo do seu sucesso reside em reconhecer-se pequena, em reconhecer-se necessitada. O olhar humano procura sempre a grandeza e fica deslumbrado com o que é ostensivo. Deus, ao contrário, não olha para as aparências, Deus olha para o coração (cf. 1 Sm 16, 7) e encanta-se com a humildade. Hoje, olhando para a assunção de Maria, podemos dizer que a humildade é o caminho para o céu. A palavra “humildade” deriva do termo latim humus, que significa “terra”. É paradoxal: para chegar ao alto, ao céu, é preciso permanecer baixo, como a terra! Jesus ensina: “aquele que se humilha será exaltado” (Lc 14,11). Deus não nos exalta pelos nossos dons, pelas riquezas, pela capacidade, mas pela humildade; Deus é apaixonado pela humildade. Deus eleva aqueles que se abaixam, que servem”.

No dia 1 de Novembro de 1950, o venerável Papa Pio XII proclamou como dogma que a Virgem Maria, “concluindo o curso da vida terrena, foi elevada à glória celeste em alma e corpo”. Esta verdade de fé era conhecida pela Tradição, afirmada pelos Padres da Igreja e representava, sobretudo, um aspecto relevante do culto prestado à Mãe de Cristo. Maria foi levada de corpo e alma ao céu, ou seja, à glória da vida terrena, à comunhão completa e perfeita com Deus. Este é o núcleo da nossa fé na assunção: nós acreditamos que Maria, como Cristo, seu Filho, já venceu a morte e já triunfa na glória celeste, na totalidade do seu ser, “de corpo e alma”.

Conforme uma reflexão do Papa Bento XVI, no ano de 2012, o motivo pelo qual Maria é glorificada com a assunção ao céu, de acordo com o evangelho de São Lucas, vê a raiz da exaltação e do louvor à Maria na expressão de Isabel: “bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1, 45). E o Magnificat, este cântico ao Deus vivo e em ação na história, é um hino de fé e de amor, que brota do coração da Virgem. Ela viveu com fidelidade exemplar e conservou no mais íntimo do seu coração as palavras de Deus ao seu povo, as promessas feitas a Abraão, Isaac e Jacó, fazendo delas o conteúdo da sua oração. No Magnificat, a Palavra de Deus tornou-se a palavra de Maria, lâmpada do seu caminho, de maneira a torná-la disponível a acolher também no seu seio o Verbo de Deus que se fez carne (…) aqui há uma referência particular ao segundo livro de Samuel no capítulo 6 (1-15), onde Davi transporta a Santa Arca da Aliança. O paralelo que o evangelista faz é claro: Maria à espera do nascimento do Filho Jesus é a Arca Santa que traz em si a presença de Deus, que é fonte de consolação, de alegria plena. Com efeito, João dança no seio de Isabel, precisamente como Davi dançava diante da Arca. Maria é a visita de Deus que cria júbilo. Maria é aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela constitui a consolação e a esperança para o povo ainda a caminho”.

Ainda com as palavras do Papa Bento XVI: “Confiemo-nos à sua intercessão materna para que, através do Senhor, fortaleçamos a nossa fé na vida eterna; ajude-nos a viver bem o tempo que Deus nos oferece com esperança. Uma esperança cristã, que não é apenas saudade do céu, mas desejo vivo e concreto de Deus aqui no mundo, desejo de Deus que nos torna peregrinos incansáveis, alimentando em nós a coragem e a força da fé, que é, ao mesmo tempo, coragem e fortaleza do amor”.

A festa da assunção se tornou uma das festas mais importantes do ano litúrgico da Igreja. É celebrada no dia 15 de agosto, mas no Brasil esta festa é transferida para o domingo seguinte, para que todos possam participar solenemente.

Ao celebrar tão importante solenidade, possamos seguir o exemplo da Mãezinha do Céu na simplicidade, no amor, na escuta atenta à Palavra, na obediência e na humildade. E, todas as vezes que rezarmos a Ave Maria, renovemos nosso desejo ardente de querer, um dia, vê-la no Céu! “Mãezinha do céu, Mãe do puro amor, Jesus é teu Filho, eu também o sou. Azul é seu manto, branco é seu véu. Mãezinha, eu quero te ver lá no céu. Mãezinha, eu quero te ver lá no céu!”

Referências:

www.hf_ben-xvi_hom_20120815_assunzione

www.papa-francesco_angelus_20210815 Assunção

Referência da imagem:

https://www.vaticannews.va/pt/feriados-liturgicos/assuncao-de-nossa-senhora.html