Borda da Mata comemora 15 anos de elevação da igreja matriz à Basílica
A paróquia de Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata, está em festa a partir deste sábado (5), quando começa o tríduo em preparação aos 15 anos de elevação de sua igreja matriz à Basílica menor. O aniversário da instação da Sacrossanta Basílica Menor da Bem-aventurada Virgem do Monte Carmelo será no dia 8 de dezembro.
“A concessão do título de Basílica acontece quando há o reconhecimento da importância da Igreja para o povo, a veneração que lhe devotam os fieis, a transcendência histórica e a beleza artística da arquitetura e da decoração. O título de Basílica também intensifica o vínculo particular com a Igreja de Roma e com o Santo Padre, através da sua exemplaridade litúrgica e pastoral na diocese”, explicou o atual reitor, padre Adilson Rocha.
Os primeiros passos para elevação à Basílica se deram com o então padre Edson Oriollo, hoje bispo de Leopoldina. Segundo o professor Antônio Carlos Rezende, todo o processo durou três anos e meio, entre maio de 2002 e novembro de 2005.
“Em 31 de maio de 2002, Festa da Visitação de Nossa Senhora, dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho fez o anúncio do processo aos fiéis em geral, em uma Missa celebrada em nossa Matriz. Em 16 de Julho do mesmo ano, foi entregue ao senhor arcebispo, na Missa Solene da Festa da Padroeira, o processo montado para que ele levasse à Roma, pessoalmente, por ocasião de sua visita ad limina. No início do ano seguinte, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos enviou para a arquidiocese uma carta (ofício) pedindo mais informações – inclusive comprovadas por fotos – sobre a Igreja, principalmente quanto ao espaço do Presbitério. Assim, a Mesa da Comunhão, que separava o presbitério da nave da Igreja foi demolida, atendendo às normas litúrgicas”.
A paroquiana Ana Tereza de Oliveira Nogueira também fez parte da equipe responsável pela organização documental de todo o processo. Segundo ela, foram muitas as exigências feitas pela Santa Sé para que a elevação à Basílica.
“Um dos quesitos exigidos era um relatório sobre a vitalidade de nossas pastorais. A vida pastoral importa mais do que a obra majestosa e arquitetônica do Templo. E graças a Deus comprovamos o que a Santa Sé exigia. Outra exigência foi a demolição da mesa da Comunhão, que distanciava e separava o presbitério da assembleia. Para isso, padre Edson teve que fazer uma votação na Paróquia. Também foi exigida a construção da mesa do altar, a qual deveria ser fixa e revestida de mármore com acabamento em metal dourado”.
O Decreto de instituição de Basílica foi dado pelo Papa Bento XVI, datado de 16 de novembro de 2005.
“No final de 2005, dom Ricardo, após obter informações, em Roma, sobre o andamento do processo junto à Congregação para o Culto Divino, e que sua conclusão dependia apenas da aprovação do Papa, foi a Roma pessoalmente, resolveu o que faltava, trazendo-nos o título de Basílica Menor,” recorda Antônio Carlos.
A data de 16 de novembro, por Providência divina, coincide com a data de emancipação política do município de Borda da Mata. A notícia foi dada pelo alto-falante na torre da igreja.
“Lembro-me como se fosse hoje. Eu estava dando aula no Colégio. Padre Edson ligou para a diretora, irmã Therezinha, para que me liberasse para ir para a Igreja a fim de anunciar no alto-falante da igreja aquela boa notícia ao povo. Os sinos da Matriz repicaram por um longo tempo, tocou-se música e anunciamos a tão esperada notícia que levou a cidade a vibrar de alegria por tão sonhada e esperada conquista”, conta Antônio Carlos.
E a população também se entusiasmou pelas ruas da cidade. Entre os dias 29 de novembro e 07 de dezembro, uma novena foi realizada na Paróquia para a festa de instalação da Sacrossanta Basílica de Nossa Senhora do Carmo. Uma data inesquecível: 08 de dezembro de 2005! A cerimônia foi presidida pelo então Arcebispo Metropolitano, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho – Opraem., que teve delegação Pontifícia para isso.
“Chegou o grande dia! Dia santo! Feriado! Borda da Mata foi acordada ao som da banda de música e com foguetes. Alvorada! Alvorecer de uma nova caminhada com a Senhora do Monte Carmelo, ao Monte, que é Cristo. Bordamatenses ausentes se fizerem presentes. Muita gente vinda de longe e de perto. Os padres da nossa Arquidiocese compareceram em massa. A Igreja ficou pequena. Um telão foi montado do lado de fora para os que não conseguiram entrar. Cerimônia linda. Muitas bênçãos e graças. Primeira distribuição de Indulgências em nossa Basílica, os primeiros romeiros, peregrinos e visitantes”, entusiasma-se dona Ana Tereza.
HISTÓRIA DA IGREJA MATRIZ
Quem entra na Basílica Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata, se encanta com a beleza da arquitetura, vitrais e pinturas nas paredes e tetos, mas não imagina que tudo ali tem o sonho de um santo padre: Monsenhor Pedro Cintra. À frente da Paróquia por 38 anos, ele foi o grande motivador da construção desse templo, dedicado à Senhora do Monte Carmelo. Ainda no ano de 1947, antes de tomar posse como pároco, Monsenhor Pedro ouve do Bispo Diocesano, Dom Octávio Chagas de Miranda, a seguinte recomendação: “Termine a construção do Colégio das Irmãs Dominicanas e construa a nova Igreja Matriz”.
Terminado o Colégio, em 1949, Monsenhor conscientizou o povo que a obra da nova Matriz seria iniciada no momento em que a Paróquia tivesse um piso financeiro de quinhentos mil cruzeiros. Um grande mostrador de relógio indicava ao povo as importâncias que entravam para o caixa. Foram marcados no mostrador quinhentos traços, que significavam minutos. Cada minuto correspondia a mil cruzeiros. Um ponteiro grande indicava as importâncias que eram recebidas.
Enquanto se arrecadava o dinheiro, o então pároco deu andamento ao projeto arquitetônico. O arquiteto indicado foi o Prof. Dr. José Sachetti, residente em São Paulo. O próprio professor Antônio Carlos Rezende, estudioso da história da Paróquia, lembra esse início.
“Monsenhor Pedro lhe pediu um desenho para uma Igreja em estilo moderno. Porém, o arquiteto o convenceu, por meio de uma carta, a construir em estilo clássico, escrevendo: ‘O moderno, passa, é moda; o clássico fica’. Em poucos meses estava pronto o projeto em estilo romano-lombardo, assim denominado pelo senhor José Sachetti”.
O lançamento da pedra fundamental se deu no dia 16 de julho de 1951. A execução da planta em estilo romano-lombardo foi confiada ao arquiteto Cav. José Sachetti. A construção foi entregue ao senhor Rogério Gissoni e a direção ao mestre de obras José Firmo Werneck. Em relação às esculturas, essas ficaram sob a responsabilidade do mestre das artes sacras, Celestino Roiz Artigas. Começava, então, a realização de todo esse vasto e grandioso monumento, que iria exigir muito trabalho, mas que se consolidou como marca da fé e da esperança de Borda da Mata.
E a construção se deu em tempo recorde. A Igreja foi sagrada no dia 15 de julho de 1958, por seu filho mais ilustre, o Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom João Rezende Costa. Foram sete anos de muito trabalho e empenho de toda a população.
“Considerando que Borda da Mata era uma cidade pequena e pobre, a construção da nova Matriz foi realizada em tempo recorde. Quando os alicerces foram abertos, houve quem dissesse que Cônego Pedro estava doido. Porém o povo se entusiasmou e a colaboração foi completa. Ninguém deixou de colaborar de alguma maneira: das crianças aos idosos. Monsenhor Pedro dizia que a grande força veio dos remediados e pobres e também de muitos sitiantes, que chegavam a dar cinco a seis garrotes por ano”, conta Antônio Carlos.
por Pe. Andrey Nicioli