Facapa promove encontro com educadores da Província Eclesiástica

21 de fevereiro de 2019

 

As dioceses da Província Eclesiástica de Pouso Alegre (Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre) e a Faculdade Católica de Pouso Alegre promoveram na manhã desta quinta-feira (21) um encontro de formação para educadores dos seminários da província, envolvendo formadores e professores. O palestrante foi o arcebispo de Montes Claros e presidente da Comissão Episcopal pastoral para a Educação e Cultura, dom João Justino de Medeiros, que falou sobre “os objetivos e desafios da dimensão intelectual na formação dos futuros presbíteros, à luz da nova Ratio Fundamentaliz”. O enocntro ocorreu na sede da Faculdade Católica. O arcebispo de Pouso Alegre, dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R., também estava presente.

Toda a reflexão de dom Justino partiu das seguintes provocações: por que um estudante de Teologia não teria condições de levar adiante o projeto missionário de Aparecida? Por que um estudante tem dificuldades em viver a teologia do papa Francisco, de um Igreja em saída? O que estaria ocorrendo em nossos seminários, que o estudo parece abater o ânimo missionário? Segundo ele, é preciso saber diferenciar experiência eclesial de experiência eclesiástica.

“A fé precisa ter incidência no cotidiano da vida. A experiência eclesial envolve fé, comunidade e Palavra de Deus. Já a experiência eclesiástica está ligada à instituição, aos ritos, aos paramêntos. Porém, a vocação presbiteral não se sustenta sobre essa última experiência”, afirmou.

O arcebispo de Montes Claros também lembrou que o jovem que se coloca como candidato ao presbiterato nasceu e vive influenciado por uma cultura hodierna, onde os conceitos, valores e diálogos são bem diferentes, ou seja, é marcado por uma cultura relativista. Dom Justino apresentou três características dos tempos de hoje.

“Uma primeira característica é a queda das utopias e o fim das certezas, onde as grandes certezas da fé, como a universalidade da salvação em Cristo, são questionadas; A segunda características é o predomínio da pluralidade na cultura, pluralidade esta que se estende ao campo religioso. Os católicos já não encontram mais o respaldo da sociedade que antigamente dava uma base para professar a fé católica; Por fim, a terceira característica, a crise das tradições das éticas e das tradições. A tradição é um processo estrutural das instituições, diferente de tradicionalismo. O mundo atual assiste ao enfraquecimento das memórias coletivas”, explicou.

Depois de passar por alguns pontos da Ratio Fundamentalis, dom Justino propôs uma volta à ascese, em três dimensões. A primeira é a ascese do silêncio. Não só o som como vilão do silêncio, mas também se vive uma cultura que vive da imagem.

“O silêncio não é ausência de palavras, mas tempo de trabalho, de decantação. Ouvir é uma atitude orgânica, mas escutar é outra coisa. Como somos tocados por aquilo que escutamos?”, perguntou.

Uma segunda ascese é a da leitura, ou seja, os seminaristas e os jovens em geral não foram educados para a leitura.

“Nossos seminaristas lêm muito pouco literatura e sem literatura faltam horizontes para entender o universo da fé, assim tendemos ao fundamentalismo”.

E a terceira ascese passa pelo campo da participação, essa sendo uma palavra-chave no campo eclesial.
“Nada fere mais do que o imobilismo, a quase letargia que atinge nossos institutos. Ninguém pode pensar a Igreja sem o aspecto comunitário, comunhão, que por si mesma clama por participação. Participação significa eu me oferecer, me colocar à disposição”, finalizou.