O Dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria

11 de dezembro de 2024

A Virgem Maria, escolhida para ser a Mãe do Verbo encarnado, foi concebida sem o pecado original. Como Mãe do Filho de Deus, ela não poderia ser tocada pelo pecado, sendo reconhecida pelo Anjo como “a cheia de graça”; toda a sua essência é graça.

Os Padres da Igreja se referem à Mãe de Deus como “a toda santa” e a celebram como “livre de toda mancha do pecado, moldada pelo Espírito Santo e criada como uma nova criatura” (LG 56). “Bendita és tu entre as mulheres…” (Lc 1,42). O Concílio de Trento declarou que:

“Ela foi a primeira a se beneficiar da vitória sobre o pecado, obtida por Cristo: foi preservada de toda mancha do pecado original e, durante toda a sua vida na Terra, não cometeu nenhum pecado, por uma graça especial de Deus” (DS 1573).

Vale ressaltar que, em 1476, a Festa da Imaculada Conceição foi inserida no Calendário Romano. Em 1570, o Papa Pio V publicou o Novo Ofício e, em 1708, o Papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade, tornando-a obrigatória.

Em 27 de novembro de 1830, Nossa Senhora apareceu a Santa Catarina Labouré na Capela das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, pedindo que fosse cunhada e divulgada a devoção à “Medalha Milagrosa”, com a inscrição: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

Na Bula “Ineffabilis Deus”, de 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX proclamou solenemente como dogma a verdade que a Igreja reconheceu ao longo dos séculos: Maria, “repleta de graça” por Deus, foi redimida desde sua concepção. O Sumo Pontífice afirmou:

“Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador da humanidade, preservada de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus e deve ser firmemente acreditada por todos os fiéis” (DZ 2803).

É crucial compreender que essa santidade única de Maria, enriquecida desde o primeiro instante de sua concepção, provém totalmente de Cristo: “Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de forma sublime” (LG 53). Mais do que qualquer outra criatura, o Pai a “abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3). Ele a “escolheu nele (Cristo), antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em sua presença, no amor” (Ef 1,4). (cf. Catecismo da Igreja Católica §492).

Isso indica que Nossa Senhora também foi salva pelos méritos de Cristo, mas de maneira distinta de nós. Enquanto nós somos marcados pelo pecado original e libertados dele pelo batismo, a Virgem Maria foi preservada do pecado (como se tivesse sido vacinada). Assim, todos somos salvos do pecado por Cristo. O fato de Cristo ter nascido depois da Mãe não impede que Ele a tenha salvo, pois para Deus o tempo não é uma barreira, já que Ele é o Senhor do tempo.

É significativo que, quatro anos após a proclamação desse dogma pelo Papa Pio IX, Nossa Senhora se revelou a Santa Bernadete Soubirous, na Gruta de Lourdes, dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Bernadete, uma simples menina camponesa, não compreendia o significado daquilo, mas toda a Igreja já reconhecia a proclamação do dogma. Maria veio à Terra para confirmar a verdade e a infalibilidade do Papa.

São Bernardino de Sena, que faleceu em 1444, disse sobre a Virgem Maria:

“Antes de toda criatura, ó Senhora, fostes destinada na mente de Deus para ser a Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de Seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p. 210).

E Santo Anselmo, bispo e doutor da Igreja (†1109), questionou:

“Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não poderia também concedê-la a Maria?” “A Virgem, a quem Deus decidiu dar Seu Filho Único, deveria brilhar em uma pureza que ofuscasse a de todos os anjos e homens, sendo a maior imaginável abaixo de Deus” (idem, p. 212).

Santo Agostinho de Hipona, Bispo e doutor da Igreja (†430), afirmou:

“Não se deve tocar na palavra ‘pecado’ ao se referir a Maria; e isso por respeito àquele de quem ela mereceu ser Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça” (ibidem, p. 215).

São Cirilo de Alexandria (370-444), bispo e doutor da Igreja, indagou:

“Que arquiteto, ao erguer uma casa, permitiria que seu inimigo a possuísse completamente e habitasse?” (GM, p. 216). Assim, Deus jamais permitiu que Seu inimigo tocasse naquela em que Ele seria gerado como homem.

Santo Afonso de Ligório (1787), doutor da Igreja, declarou:

“Se convenceu ao Pai preservar Maria do pecado, porque era Sua Filha, e ao Filho, porque era Sua Mãe, é evidente que o mesmo se deve dizer do Espírito Santo, de quem era a Virgem Esposa” (GM, p. 218).

 

Fonte: Formação Canção Nova