Professora apresenta dados finais da pesquisa sociorreligiosa arquidiocesana
A professora Silvia Fernandes, do DT- Crelig, Grupo de Pesquisa Dinâmicas Territoriais, Cultura e Religião, que é formado por pesquisadores de diversas instituições de ensino, esteve em Pouso Alegre, no mês de fevereiro, para dar o retorno da pesquisa sociorreligiosa, encomendada pela Arquidiocese de Pouso Alegre. O resultado, como explicou a professora, foi um relatório de cerca de 500 páginas. A apresentação foi mais sintética, buscando explicar o processo da pesquisa e alguns resultados.
“A tarefa agora é da liderança arquidiocesana, em ler e analisar os dados coletados e ver como serão aplicados na realidade”, explicou Silvia.
Apresentação realizada às lideranças e assessorias
No dia 17 de fevereiro, foi realizada a apresentação para a liderança das paróquias e religiosos e religiosas, junto ao encontro de formação dos assessores paroquiais e, no dia 19 de fevereiro, a apresentação foi para o clero arquidiocesano, durante reunião. Como explicou Silvia, os objetivos da pesquisa foram o de conhecer a realidade sociorreligiosa da Arquidiocese e produzir instrumentos/ ferramentas para subsidiar a Arquidiocese, em relação às prioridades da última assembleia pastoral (Família, Missão e Vida Plena). O que se levantou foram dados que apresentam tendências. Feita por amostragem, a pesquisa procura identificar situações comuns entre os entrevistados que possam ser referências para entender o todo.
“Os resultados devem ser lidos e analisados, de forma a contribuir para o planejamento pastoral arquidiocesano”, salientou o coordenador arquidiocesano de Pastoral, Pe. Mauro Ricardo de Freitas.
Durante sua apresentação, Silvia falou que o Grupo de Pesquisa contou com o trabalho de campo realizado pelo Instituto Giga.
“A pesquisa foi realizada com dois tipos de abordagens: uma qualitativa, com grupos focais que visaram o diálogo, a escuta, o registro e a análise das falas dos participantes; e uma quantitativa, feita por meio da aplicação de questionários. Os públicos que participaram da pesquisa foram: extra-eclesial (ou pesquisa domiciliar), realizada com moradores de diversas cidades da Arquidiocese; a intra-eclesial foi feita com lideranças de comunidades, clero, religiosos e religiosas, coordenadores de pastorais e movimentos, secretários e funcionários de paróquias”, disse.
Alguns dados
A pesquisa intra-eclesial ouviu 2087 pessoas, nas duas abordagens (qualitativa e quantitativa). A pesquisa extra-eclesial ouviu 2200 pessoas, por meio da pesquisa quantitativa, na aplicação de questionários em várias cidades da região. Os resultados foram organizados em tópicos, para a apresentação, sendo eles: perfil; religião e adesão religiosa; frequência e participação; avaliação da Igreja Católica na região; Plano de Ação Evangelizadora; questões éticas e morais; questões de gênero e sexualidade na sociedade; confiança nas instituições e em seus representantes; direitos humanos e preservação da vida
Em relação à população, os dados que foram apresentados mostram alguns traços do perfil arquidiocesano: a maioria tem entre 26 a 55 anos (64%), com grau de escolaridade médio completo e superior incompleto (46%); grande parte é da classe média (82%), com pouca participação das classes baixa (15%) e alta (3%). Em relação à religião, a maioria (69%) se diz católica e 20% evangélica. Ainda encontram-se 5% da população que se diz ateia, agnóstica e sem religião. Sobre as crenças, 94% dizem acreditar em Deus, 90% acreditam na ressurreição, 76% creem na Santíssima Trindade e, o mesmo número, na Virgem Maria. Ainda, 32% afirmam acreditar na reencarnação e 73% no demônio.
Como a Igreja Católica é avaliada, a nota média foi de 7,7, o que corresponde a regular. Entre os itens melhores avaliados, da ação da Igreja, estão a formação espiritual (8.1) e a missão e evangelização (8). Os itens com menor avaliação foram a conscientização sobre política (5,9) e o ecumenismo (6,7). Ao serem questionados sobre que sugestões dariam para melhorar a Igreja, os respondentes elegeram, como as três ações mais importantes, conhecer mais os problemas da sociedade (12%), ouvir mais os jovens (11,6%) e estar mais próxima dos fieis (8,8%).
Lideranças e coordenadores
Em relação à pesquisa com as lideranças e coordenadores, alguns dos dados apresentados foram sobre o perfil demográfico, sendo 64,3% feminino e 35,7% masculino; a faixa etária maior é a que está entre 36 a 65 anos; a maioria
Apresentação ao clero
informou ter escolaridade entre ensino médio completo e superior completo (53%), grande parte pertence à classe média (53,8%).
Sobre as crenças, a professora Silvia destacou que “há um nível alto de concordância com a doutrina, valores e crenças próprias da fé católica”. Ela destacou os dados da crença em Deus (100%), em Jesus Cristo (100%) e sua ressurreição (100%), na Virgem Maria (100%), na Santíssima Trindade (100%), na Bíblia (100%) e na existência de anjo da guarda (100%). Outro destaque que ela fez foi sobre a crença em demônio que, segundo ela, curiosamente, “abarca 82% os informantes, mas 17% descreem da figura ícone da dinâmica entre bem e mal que funda o cristianismo”.
Entre esse público, o item melhor avaliado da ação da Igreja foi a “procura em compreender e acolher as pessoas que a procuram” (28,1%) e o item avaliado em menor quantidade foi “tem uma posição rígida diante do que discorda”. Sobre as sugestões para melhorar, o item mais apontado pela liderança foi “estar mais próxima dos fieis” (17,7%). Em relação ao Plano de Ação Evangelizadora da Arquidiocese (que sintetiza as decisões da Assembleia Pastoral realizada em 2016), 57,6% disseram conhecer parcialmente, 21,4% afirmaram conhecer totalmente e 18,9% disseram não conhecer. “Se considerados os que atribuíram notas de 0 a 7 ao Plano, tem-se aproximadamente 40% das lideranças, significando uma avaliação do Plano como regular ou ruim. No entanto, 60, 6% atribuíram nota de 8 a 10 o que pode representar uma avaliação positiva, embora afirmem haver dificuldades para sua implantação”, salientou Silvia.
A Comissão da Arquidiocese, responsável por acompanhar a pesquisa, continuará a leitura dos dados e sua devolutiva para a sociedade e para as comunidades eclesiais, como explicou o coordenador de Pastoral, Padre Mauro Ricardo. Espera-se que os dados ajudem na realização do Sínodo Arquidiocesano, a ser realizado em 2020.
Por Suzana Coutinho