#Reflexão: 12º domingo do Tempo Comum (19 de junho)

16 de junho de 2022

A Igreja celebra, no dia 19, o 12º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Zc 12,10-11.13,1

Salmo: 62(63),2abcd.2e-4.5-6.8-9 (R. 2ce)
2ª Leitura: Gl 3,26-29
Evangelho: Lc 9,18-24

Acesse aqui as leituras.

QUEM EU SOU PRA VOCÊ?

No Evangelho de Lucas, tudo inicia com a oração de Jesus. No silêncio da oração, as palavras são desnecessárias, pois quem fala é o coração. Mais do que orações o que prevalece é a contemplação como de duas pessoas enamoradas que já se contentam em estar um ao lado do outro. Quando os olhos são transparentes e estão em sintonia com a alegria do coração, a presença e a troca de olhares já são suficientes. Neste caso, as palavras são desnecessárias, quando o coração grita mais alto.

Em nossas orações, costumamos, às vezes, questionar e colocar em dúvida, não a existência de Deus, mas sua eficácia e seu modo de agir. Assim, a pessoa acaba que por considerar, Deus como alguém distante, incerto e inseguro no seu agir.

Hoje não é Jesus que é interrogado, mas Ele próprio que pergunta aos seus discípulos. Ele conhece os seus, mas quer ajudá-los a se posicionar melhor em relação ao seu Mestre. Jesus não quer discípulos que somente “caminhem” atrás Dele, mas sim, discípulos que tenham consciência de quem eles estão seguindo. Na primeira pergunta, Jesus busca saber o que eles ouviram das pessoas. Os apóstolos conviviam com Jesus, mas o povo não; Os seus discípulos viam e O ouviam em todos os momentos, as pessoas somente quando buscavam Nosso Senhor para obter algum milagre.

Em um primeiro momento, os apóstolos partilharam o que as pessoas de longe e de momentos casuais conseguiram perceber do seu Mestre. As respostas foram profundas e questionadoras, mas ainda incorretas e limitadas. O povo percebeu que Jesus era alguém especial, um profeta, um homem de Deus, mas as pessoas não conseguiram ir além daquilo que já conheciam do passado. As respostas das pessoas estavam ainda ligadas a um passado distante (profeta, Elias…) e a um tempo que já tinha se encerrado recentemente (João Batista).

Jesus não recrimina a falta de precisão das pessoas, pois não tinham o privilégio de conviver com Ele, de ouvi-Lo em todos os momentos e de experimentar todas as sensações que alguém poderia ter estando na presença de Deus. Nosso Senhor se revelava em cada gesto, palavras e ações, mas as pessoas se limitavam ao externo, ao superficial e ao momentâneo. Recorriam a Jesus quando precisavam; pediam aquilo que mais afligia suas vidas e permaneciam com Ele até obter o que precisavam, mas não o seguiam como discípulos. Buscavam soluções para os seus problemas, mas não para suas vidas.

Assim, Jesus introduz sua segunda pergunta com um “porém” no início, para mostrar que eles deveriam ir além da simples resposta das pessoas. Os apóstolos e todos que o seguiam deveriam ter algo mais profundo e que justificasse todas as renúncias que tinham feito. Eles não poderiam se contentar com uma fé baseada naquilo que escutavam ou que experimentavam momentaneamente.

Jesus não estava interessado em suas opiniões e nas impressões que eles tinham do seu Mestre, mas queria ajudá-los a se posicionar em relação a tudo que estaria justificando tantas renúncias. Jesus não esperava definições e nem palavras, mas uma razão de vida para tudo.  Não queria somente ouvir suas conclusões, mas escutar seus corações.

Nosso Senhor não precisava da opinião dos discípulos para prosseguir sua missão, mas era necessário que eles se posicionassem de forma profunda e decisiva. Cristo estava interessado em confrontar sua profunda relação com os apóstolos e ajudá-los a acolhê-Lo com a mesma intensidade. O povo tinha ideias e impressões; os apóstolos precisavam ir além e se posicionar diante da pessoa de seu Mestre, muito mais do que o seu poder. Na resposta do grupo dos discípulos estaria o próprio futuro que esperavam.

Cristo não é aquele que eu digo que é, mas aquele que eu vivo e que dá sentido à minha vida. Ele não está interessado em minhas palavras e ideias, mas o que arde em meu coração. Pedro foi certeiro em sua resposta: “Tu és o Cristo de Deus”. Acreditar em Jesus como “Cristo” era afirmar que Ele era o “Messias”, isto é, a salvação que todo o povo de Deus esperava. Mas, Jesus sabia que aquele salto significativo que Pedro tinha feito até aquele momento presente (Jesus é o Messias), no entanto, tinha ainda muitos limites e até riscos.

Depois de tantas perguntas e respostas, Jesus impõe o silêncio em relação à resposta de Pedro. Havia o risco de todos começaram a falar do Messias baseando-se somente nos milagres, no poder de curar e expulsar demônio. É o Messias que ainda hoje fascina as pessoas e continua a ser a principal mensagem de muitos. Jesus, no entanto, procura alertar o grupo que Ele será Messias de uma forma tão humana e frágil, tão insignificante e que todos procuram fugir: através do sofrimento, da rejeição, da humilhação, da morte e depois de três dias, a ressurreição. O profeta Zacarias na primeira leitura fala de um espírito de graça e de oração para entender aquele que será transpassado.

Os milagres e o poder de Jesus foram e continuam sendo um bem imenso na vida das pessoas, mas são respostas para um momento e circunstância da vida de quem se aproxima Dele. A sua morte na cruz e a sua ressurreição é o que tornam Jesus o verdadeiro Messias e Salvador.

            Jesus quer discípulos que assumam este projeto de salvação para a humanidade. E os apóstolos entenderam isto somente depois com a iluminação que o Espírito Santo trouxe para todos. Jesus nos ama e nos salvou, não somente quando nos cura de nossos males, mas principalmente por ter se entregado a morte por nós. Mais do que o poder de suas palavras e de suas mãos, foi o seu sangue que nos salvou definitivamente da morte pelo pecado.

Por fim, tudo termina com um convite. Após a revelação que Jesus fez, um novo Mestre se apresentava a todos, por isto, era necessário repetir o convite originalmente feito aos seus apóstolos: “Se alguém quer me seguir…” É um convite que não se impõe e não ameaça, não amedronta e nem exclui, mas espera uma resposta sincera e verdadeira de cada um. Jesus não pressiona e nem constringe ninguém, faz um convite aberto esperando somente uma resposta sincera. É um chamado livre “se você quiser” que espera uma resposta também livre.

Jesus completa e esclarece que todos deveriam refazer seus sonhos, rever suas motivações e redirecionar seus projetos. Era fundamental seguir Jesus, mas como Ele mesmo prossegue sua jornada: renunciando a si mesmo e abraçando completamente o Messias do modo que Ele próprio se mostrou; tomar a cruz, não a de Jesus, mas a cruz que cada um precisa assumir ao se posicionar ao lado do Mestre; Era necessário um renovado compromisso que deve ser refeito diariamente: “tomar a cruz a cada dia” e, finalmente, segui-Lo.

A pergunta de Jesus ainda hoje necessita de uma resposta de cada um, mas uma resposta que seja livre, sincera e definitiva; como uma cruz que cada um precisa assumir junto com Jesus.

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