#Reflexão: 13º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 27 de junho)
A Igreja celebra neste domingo (27), o 13º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.
Leituras:
1ª Leitura – Sb 1,13-15;2,23-24
Salmo – Sl 29,2.4.5-6.11.12a.13b (R.2a.4b)
TESTEMUNHO PÚBLICO DA FÉ EM JESUS CRISTO
No Evangelho deste domingo ouvimos duas histórias de sofrimento, doença e morte. Jesus também se posiciona sobre esta realidade humana que todos nós conhecemos.
Jesus se encontrava cercado por muitas pessoas e cada uma com interesses pessoais em relação a Cristo. Aproxima-se alguém importante no mundo dos judeus (chefe da sinagoga), mas se sente impotente e se joga aos pés de Jesus somente com seu coração de pai, dilacerado pela doença da filha que estava à beira da morte. Seu gesto público revela imediatamente a Jesus sua fé e desespero. Era a última esperança para curar e salvar a filha. Jesus estava ensinando, como sempre fazia, deixa tudo, nada diz e se coloca como discípulo, seguindo um pai em agonia por sua filha. Mesmo cercado por muitos, Jesus se ocupou da tragédia de uma família.
No meio de muitos outros dramas, uma mulher também sofre em silêncio. É um mundo ocupado somente por seus pensamentos. Com a perda de sangue, ela deveria permanecer longe das pessoas, mas resolve romper com as tradições desumanas. Sente-se abandonada por todos. Mas, tinha ouvido falar de Jesus (como Jairo, chefe da sinagoga). Jogou toda sua esperança em um simples gesto. Não queria nada mais, nem atenção ou palavra. Sua doença impunha a ela um isolamento e marginalização. Não podia tocar ninguém e nem ser tocada, nem por seus próprios familiares. Ela se arrisca com o perigo de ser descoberta, por isso, se coloca atrás de Jesus: não lhe pede nada, nem que se desvie do seu caminho. É uma grande fé que bastava um simples ato não de Deus, mas dela própria para acontecer o milagre que pode mudar sua vida.
A fé da mulher era imensa. Jesus sente como se alguém lhe tivesse “roubado” algo. Por isso, Ele quis conhecer e tornar público algo que tinha aconteceu no mais profundo do coração daquela mulher. Jesus quis ver o rosto de quem pediu tão pouco. Ele queria estabelecer uma comunhão plena com aquela mulher que aproximou Dele com toda humildade que possuía. Ela tocou o Mestre e Ele foi tocado pela sua fé.
Temos o primeiro toque do Evangelho. A mulher toca Cristo e ao invés de torná-lo impuro conforme a religião da época, Jesus lhe purifica e cura. Muitos naquele momento tocaram Jesus, mas talvez a maioria o fez como gesto meio mágico e supersticioso, sem uma fé em Jesus, mas sim em seu poder. Mas, o toque da mulher foi diferente, pois era pleno de fé em Jesus.
A fé da multidão era centrada no milagre, no show que queriam ver. Uma fé sem compromisso e sem responsabilidade. Muitos tocaram Jesus, mas somente ela foi curada. Sua fé não estava baseada no espetáculo, nem no mágico que o povo procurava, mas no mais profundo do seu coração.
“Quem me tocou?” Jesus não procurava uma pessoa que havia lhe tocado, mas a que tocou com fé profunda. Jesus sabia quem era a pessoa, mas queria que ela saísse do anonimato e da marginalização em que se encontrava. A mulher não precisava mais ficar com medo e escondida, pois tinha encontrado não somente a cura, mas a salvação. As palavras de Jesus são cheias de carinho e acolhida.
Em relação à mulher curada, temos em oposição aqueles que estavam tão próximos, mas vivendo em uma superficialidade das coisas: os discípulos. Com certa ironia, questionam o desejo do Mestre em querer saber quem Lhe tinha tocado. Coitados! Veem somente o movimento e a agitação e não a sensibilidade dos simples. Mesmo curada com uma forma tão simples, ela temia alguma reação de punição, pois a religião da época lhe tinha afirmado que a sua doença a distanciava de todos e até mesmo de Deus. Mas, ela se antecipa e se revela, bem como o motivo do seu ato. Jesus ajudou aquela mulher a publicamente manifestar sua fé.
Tudo ainda estava acontecendo ao redor da alegria e da vida que tinha recebido um brilho especial por parte de Jesus quando todos são abatidos com a notícia da morte da filha de Jairo. Diante da morte da menina, recomendam ao chefe da sinagoga de abandonar o Mestre, pois a morte teve a sua última palavra.
Jesus reforça o principal: não ter medo, mas ter fé (pergunta que Jesus fez aos discípulos domingo passado). Era necessário confiar além da morte, além das últimas esperanças humanas. Chegando em sua casa, expulsa aqueles que não fazem parte da família. Une o pai e a mãe da criança (refaz o círculo familiar), chama seus discípulos mais próximos para fazerem juntos uma experiência de vida plena. Eles sobem onde a menina estava.
Entram no quarto onde imperava a morte, na escuridão da nossa realidade final. Gesto significativo que Ele fará no final de sua vida: Entra na morada da morte, pois para lá vão todos que Ele ama. Fará isto para estar conosco, após o final de nossa vida, para assim, sermos com Ele e como Ele.
Jesus toca um morto (algo que era proibido) para expressar e testemunhar o que fará com todos que colocam sua confiança Nele. Neste segundo toque, temos a palavra de vida nova após nossa vida aqui no mundo: Levanta-te! Uma mão que prende pela mão. Deus nunca quis a morte, mas com Jesus transformou tudo em uma passagem, onde Ele próprio nos pega pela mão para nos conduzir nesta última viagem.
Conceda-nos, Senhor, uma fé viva capaz de enfrentar a indiferentismo e o conformismo diante da morte; Uma esperança viva capaz de perseverar sempre no amor que vence até mesmo a morte!