#Reflexão: 15º Domingo do Tempo Comum (14 de julho)

10 de julho de 2024

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A Igreja celebra o 15º domingo do Tempo comum, neste domingo (14). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Am 7,12-15
Salmo: 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)
2ª Leitura: Ef 1,3-14
Evangelho: Mc 6,7-13

Acesse aqui as leituras.

ANUNCIAR A FÉ COM A VIDA E PALAVRAS

Marcos no Evangelho deste domingo, nos apresenta as condições daqueles que foram chamados por Jesus em primeiro momento para estar com Ele e depois foram enviados. Não se trata de uma missão exclusiva daqueles apóstolos no tempo de Jesus, mas de todos que creem e assumem a fé em Cristo. Nós também somos chamados a fazer parte desta Escola de Discípulos de Cristo e de também assumirmos nossa missão.

A nova família de Jesus (comunidade dos discípulos) deveria fazer o que o Mestre estava fazendo (final do Evangelho de domingo passado): anunciar sempre a Boa Nova. O anúncio não deve ser de ideias novas ou teorias, mas da vida que todos são chamados a viver colocando em Jesus toda sua confiança.

Jesus convocou e montou o grupo dos apóstolos já no início do seu ministério (Mc 3,13ss). Eles passaram a viver com o Mestre Jesus e se tornam a nova família de Jesus (3,33-35); viram e ouviram Dele um novo ensinamento, agora era hora de começar a colocar em prática. Marcos inicia afirmando que Jesus chamou os doze (apóstolos), isto para recordar que a iniciativa e a missão nascem sempre de Jesus, ninguém faz nada por iniciativa e em nome próprio, mas é convocado e enviado  por Cristo com várias orientações e condições. Aquilo que Nosso Senhor lhes pede, Ele mesmo procurou viver e  testemunhar. Os discípulos deveriam repetir o que aprenderam e ouviram de seu Mestre.

São enviados em dupla para que um fosse o suporte do outro, também para confirmar as palavras que ouviram e que juntos deveriam testemunhar. O testemunho não se reduz a palavras e expressões, mas na vivência primeiro entre os dois e depois com os outros. Os discípulos não são enviados para falar de teorias e belas palavras, mas para testemunhar. Eles deveriam tudo operar em Nome de Jesus, pois somente Ele tem o poder de vencer o mal. Assim, Jesus lhes dá este poder e Ele próprio age em cada discípulo para que possa vencer o mal.

A experiência cristão não é de realidade individuais (quase que egoísticas), mas de comunidade (“onde dois ou mais estiverem reunidos…” (Mt 18,20). Por isso, são enviados como uma comunidade que deve partilhar o que aprenderam vivendo e convivendo com Jesus.

Jesus “ordenou-lhes” (v.8). Poucas vezes encontramos da parte de Jesus em Marcos um verbo no imperativo, não é um pedido ou sugestão, mas condição fundamental em relação ao que deveriam levar ou renunciar para que a missão desse certo e produzisse frutos. Ao missionário, Jesus ordena para não levar nada que esteja ligado  à segurança deste mundo: nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto e nem duas túnicas. O discípulo que é enviado por Jesus deveria confiar na providência e acreditar na assistência de Jesus. A fé é o “bastão” (cajado) que dá suporte e dá apoio ao discípulo em sua caminhada. O maior tesouro e a maior riqueza daquele que parte em missão devem ser a sua mensagem e a sua fé que devem ser vistos no total desprendimento das coisas deste mundo. Jesus envia em missão seus discípulos, mas Ele mesmo caminha com eles; é a força que precisam para enfrentar até o mal e Ele mesmo provê tudo de que precisam.

Aos discípulos lhes é permito levar duas coisas: o bastão que servia como suporte para o caminhante (para Mateus, nem isto foi permitido); e as sandálias que distinguia um homem livre de um escravo ou um vagabundo. O discípulo realiza tudo no pleno exercício de sua liberdade e escolha, tendo sua fé em Cristo Jesus como a única e a principal força para evangelizar.

Os discípulos, ao chegarem a uma vila, deveriam se hospedar na primeira casa que oferecesse acolhida. Isto já representava a confiança na assistência de Deus para aqueles que são missionários: Deus provê o necessário inclusive o alojamento. Aqueles que resolvem escolher um local melhor, já começam a negar a providência divina e revelam preocupação com outros valores (melhor casa, boa comida, cama aconchegante, comodidade…), Deus conhece nossas necessidades e sempre providencia aquilo de que realmente necessitamos. A missão já deve começar na casa, na família que acolhe e depois nas praças.

O Mestre alerta sobre a rejeição a sua mensagem. O próprio Jesus foi rejeitado, os discípulos certamente vão encontrar a mesma reação em alguns lugares. O convite de Jesus de “sacudir o pó dos calçados” pode aparentar uma reação negativa pela negação da evangelização, mas a intenção é outra. Jesus convida, inicialmente, a não revidar, nem enfrentar e muito menos protestar contra as pessoas; simplesmente devem deixar aquele local. O gesto de sacudir o pó não é “contra eles”, mas “para testemunhos contra eles”, ajuda a testemunhar que os discípulos respeitam a “não aceitação” do anúncio e por isso, tudo que pertence a eles, com eles deve ficar inclusive o pó daquele chão. O fato de não revidar, nem jogar pragas ou fazer ameaça, mas respeitar a liberdade daquelas pessoas, deixa em aberto uma pequena porta de esperança. Quando se grita e se ameaça, todas as portas se fecham. O mais importante para o discípulo não é carregar nem rancor e nem mágoa, mas deixar o negativo pra trás. Nos casos de rejeição, nem o pó dos calçados (mínima coisa) deveriam levar com eles. O importante é partir para a próxima missão, livre e leve com tudo de bom que Deus fez e operou por meio deles.

Rejeitar a Palavra de Deus não é algo novo. Os profetas também foram rejeitados. Eles são porta-voz da vontade de Deus que nem sempre são palavras de elogio. Amós (1a leitura) sofreu isto na própria pele. Ele que nunca tinha pensado em ser profeta, foi convocado, “retirado” do seu ofício comum no campo, para anunciar a vontade de Deus inclusive para o rei que não apreciava nada daquilo que Deus falou através do profeta Amós.

Os discípulos de Jesus não devem viver como mendingos, mas confiantes que Deus proverá o necessário. Não viver buscando nem o necessário (alimentação), pois se é Deus quem envia, Ele vai providenciar o suficiente. Quando tudo está somente em Deus, nada se perde, pois o principal, levamos conosco em nossas vidas, palavras e no testemunho.

Marcos, no final do Evangelho, compartilha o bom resultado da missão dos apóstolos que não somente expulsaram demônios em nome de Jesus, como também curaram doentes. Jesus realiza curas com simples gestos e palavras, os apóstolos usavam um óleo especial e preparado por Jesus como meio de cura (conferir ainda: Tg 5,13-16). Na cintura nada além de um vaso com Óleo Santo. O que eles têm é para os doentes. Eles viram Jesus curar aproximando-se dos fracos e enfermos. Jesus os tocava e manifestava a presença de Deus na vida daquelas pessoas. Os discípulos devem repetir, mas com um óleo abençoado e santo, um costume que perdura na sua Igreja até hoje com a Unção dos Enfermos.

A missão é simples, feita de coisas simples (gestos, partilha, doação, atenção…) que só aconteceu se cada um está desprendido de tudo e de si próprio. Não é o discipulo e nem o profeta que realiza algo, mas o próprio Deus que opera tudo em todos. Uma graça imensa, universal, centro de tudo que existe (2ª leitura), somente chegará às pessoas se transmitirmos com nossas vida e palavras, em uma total confiança em Jesus, pois Nele temos todas as graças suficientes para nossa vida.

A mensagem do discípulo deve ser alegre e viva como nos propõe Paulo na 2ª leitura, cheia de esperança em relação ao amor de Deus manifestado em Jesus e através de sua vida. A fé e o testemunho são os principais instrumentos de tudo, pois a evangelização passa muito mais pela vida e por atos de fé, do que pelas palavras.

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