#Reflexão: 17º domingo do Tempo Comum (30 de julho)

24 de julho de 2023

A Igreja celebra o 17º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (30). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: 1Rs 3,5.7-12
Salmo: 118(119),57.72.76-77.127-128.129-130 (R. 97a)
2ª Leitura: Rm 8,28-30 ou mais breve 13,44-46
Evangelho: Mt 13,44-52

Acesse aqui as leituras.

O REINO DE DEUS É UM TESOURO DE FELICIDADE PARA TODOS

No bloco de parábolas que estamos meditando de Mateus, hoje temos as três últimas das sete que o evangelista reuniu. São histórias conhecidas do dia a dia das pessoas, usadas por Jesus para nos ensinar coisas eternas do Reino dos Céus.

O Reino de Deus proposto por Jesus como projeto de Deus para todos os homens e mulheres não se assemelha a nenhum outro reino neste mundo. Segundo Jesus, ele está bem próximo de todos e presente na vida de cada pessoa. As três parábolas propostas neste domingo por Jesus para explicar o Seu Reino retratam cenas do cotidiano e revelam outros detalhes importantes para todos nós seus ouvintes.

As duas primeiras parábolas possuem pontos em comum, mas diferentes e significativos detalhes. Jesus afirma que o Reino por Ele proposto é “semelhante” a um tesouro escondido. Certamente, todos imaginaram as riquezas deste mundo que conheciam: ouro, joias, objetos preciosos… Tal tesouro tinha sido enterrado em um terreno. A região de Israel sempre sofreu invasões de povos vizinhos e de grandes impérios. As pessoas, não tendo possibilidade de levar tudo que tinham, enterravam os objetos mais preciosos na esperança de um dia retornarem e reaverem tudo, pois era perigoso levar riquezas na fuga com alto risco de serem roubadas. Muitos jamais retornavam para pegar seus tesouros. Na parábola, o agricultor trabalha um terreno que não lhe pertence, talvez uma terra sem dono ou um terreno arrendado.

Talvez fosse de conhecimento de todos, histórias de achados inesperados por parte de alguns trabalhadores do campo (uma espécie de sorte de loteria), mas o detalhe na parábola é que a pessoa não esperava ter tido tal fortuna. Jesus afirma que ao se deparar com o tesouro enterrado, o agricultor novamente o esconde. É possível que o mesmo pensasse que poderia haver mais tesouros em toda a área, assim procura comprar todo o terreno.

 O destaque principal da parábola é a forma que o sujeito procura resolver tudo. Ele “corre feliz”, pois percebe que é uma oportunidade única e que vai mudar sua vida. Ao invés de fazer um empréstimo para comprar o terreno, ele prefere desfazer de tudo que tem para tomar posse legalmente de um tesouro muito maior. O particular neste quadro proposto por Jesus é a “felicidade”. Ele sabia que estava desfazendo de algo “bom” para obter algo “muito melhor”. Talvez outra pessoa teria escolhido ficar com tudo que já havia, mais o tesouro que tinha encontrado.

O Reino de Deus é oferecido na vida de cada pessoa como um grande tesouro e todos podem descobri-lo no dia a dia de suas vidas fazendo o que costumam fazer. Mas, uma vez que é concedida essa graça, é necessário deixar de lado tudo e abraçar o novo tesouro. O Reino de Deus é oportunidade que deve ser abraçada como um grande tesouro, mas ele deve se tornar o tesouro principal na vida da pessoa e não “dividir espaço” com outras “riquezas deste mundo” que jamais conseguirão oferecer o mesmo dom precioso concedido pelo Reino de Deus.

Na parábola do mercante, Jesus compara o Reino de Deus a um negociador que sabe distinguir riquezas. Neste caso, a pessoa procura incansavelmente a pérola dos seus sonhos. Ele se mostra atento e sensível a todas que lhe são oferecidas até que se depara com a mais preciosa e bela de todas. Este mercante também faz o mesmo que o agricultor: vende tudo para adquirir a pérola mais bela e preciosa.

Nestas duas parábolas, o ponto principal é a resposta radical dos personagens quando se deparam com algo de extremo valor. Não deixam passar a oportunidade de ficar com aquilo que lhes concederá muito mais do que aquilo que venderam. O Reino de Deus, deste modo, se apresenta para todos como uma oportunidade sem igual, mas cada um deve ser capaz de se desligar de outros “tesouros” para ficar com a Verdadeira Riqueza oferecida. O Reino dos Céus é uma riqueza que jamais poderá ser igualada com os tesouros deste mundo, dessa forma, para tomar posse do Reino é necessário abandonar tudo e abraçá-lo como o verdadeiro tesouro e a mais preciosa pérola.

Segundo Jesus, o Reino dos Céus é algo fácil de obter, pois é dado por Deus (graça), mas ao mesmo tempo não se trata de uma “coisa qualquer”, mas um precioso tesouro. É algo que pode mudar a vida de quem o encontra. Tal pessoa é chamada a tomar uma decisão radical e fundamental em sua vida.

As parábolas não nos falam de tristeza quando se renúncia a tudo; a “perda” não é o centro das parábolas, mas sim a alegria e a felicidade. Não se fala muito daquilo que se deixa para trás quando se encontra o Reino de Deus, mas sim daquilo de precioso que foi encontrado. A “pressa” é um detalhe significativo nas duas parábolas: quem encontra o Reino de Deus deve decidir imediatamente, pois é uma oportunidade que não poderá se repetir.

Na primeira leitura, Salomão nos dá o exemplo em relação ao discernimento daquilo que é fundamental nesta vida. Ele tinha herdado um reino e uma grande riqueza, mas sabia que sem a verdadeira sabedoria, tudo poderia ser pedido. Em suas palavras, ele reconhece ser um servo de Deus e responsável de um povo que pertencia a Deus e não a ele. Deus lhe concede o que ele pediu e propicia ainda muito mais.

São Paulo, na segunda leitura, nos ajuda a entender que realmente o amor a Deus, concede a todos que creem em Jesus, todos os bens de que cada um necessita. Jesus é o tesouro e a pérola preciosa que nos é concedido como graça por parte de Deus, mas que também precisamos diariamente descobrir e redescobrir, pois é uma riqueza que sempre nos oferece tudo de que precisamos.

A terceira parábola do Evangelho deste domingo conclui as duas anteriores. Não se deve deixar para depois ou para outra oportunidade o momento de se decidir definitiva e radicalmente pelo Reino de Deus. A parábola dos pescadores demonstra que todos podem estar muito próximos do Reino de Deus (na mesma rede), mas somente aqueles que se comportaram com o agricultor e o negociador de pérolas nas duas parábolas é que se tornam aptos em participar do Reino definitivo.

As nossas escolhas hoje e em todos os momentos de nossas vidas definem se seremos escolhidos ou não. O Reino de Deus é oferecido a todos, mas é fundamental a resposta pessoal e radical de cada pessoa.

Nas três parábolas, os personagens são pessoas que trabalham e tudo acontece enquanto exercitavam seus ofícios diários. A fé necessita ser acompanhada de gestos e opções que revelam onde realmente está o nosso tesouro e a nossa pérola. Não basta ter o Reino de Deus como um “pequeno bem particular” em nossa vida, é fundamental torná-lo centro primordial para a nossa existência, pois esta escolha definirá o nosso presente e o nosso futuro.

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