#Reflexão: 19º Domingo do Tempo Comum (11 de agosto)

7 de agosto de 2024

A Igreja celebra o 19º domingo do Tempo comum, neste domingo (11). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: 1Rs 19,4-8
Salmo: 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 9a)
2ª Leitura: Ef 4,30-5,2
Evangelho: Jo 6,41-51

Acesse aqui as leituras.

JESUS É O ALIMENTO DE VIDA ETERNA

Sabemos da grande importância que o alimento possui em nossa vida: sem ele, não se vive. Na Bíblia, a refeição também possui um significado importante e quase sempre está no centro dos principais momentos da fé judaica (como a Páscoa) e da vida cristã (a Eucaristia). Em torno da mesa, nos assentamos para compartilhar com as pessoas que amamos nossos dons e alegrias. Para nós hoje, tomar a refeição é muito mais do que um ato de sobrevivência, é um momento de compartilhar e cultivar a amizade e fortalecer os vínculos de amizade e de amor entre as pessoas.

Na primeira leitura deste domingo, Elias recebeu de Deus um alimento especial e sobrenatural. O pão e a água não somente saciaram a fome e a sede do profeta, mas proporcionaram energia e força para continuar sua jornada pelo deserto. Com alimento de Deus, Elias pode caminhar por quarenta dias e quarenta noites. Este alimento físico e espiritual de Elias nos lembra o maná que o próprio Deus deu ao seu povo para saciar as necessidades fundamentais durante o período do povo também no deserto. Para eles no deserto, o maná deveria ser recolhido diariamente; para Elias o alimento fortaleceu o profeta por quarenta dias e noites.

Estes dois alimentos revelam a assistência de Deus para com o seu povo. Não foram somente dons para saciar as necessidades do corpo, o maná do deserto e os alimentos tomados por Elias se transformaram em um sinal da providência de Deus que cuida e alimenta os seus filhos e filhas.

Jesus, no Evangelho de João que estamos lendo (capítulo 6), também fala de um alimento novo capaz de oferecer muito mais, algo que vai além da fome e sede do corpo.

A comida e a bebida doadas por Jesus são capazes de dar a vida eterna.

Recordando que tudo começou com o grande milagre da partilha dos pães e dos peixes. Diante de uma multidão afamada, Jesus ensina como produzir o “milagre” que está no alcance de todos, ou melhor, precisa contar com a participação de todos. Com a partilha do menino que apresentou seus cinco pães e dois peixes, toda multidão foi saciada e ainda sobraram doze cestos de pães. A partir da partilha daquela criança, todos foram motivados a partilhar também o que possuíam. O milagre da multiplicação somente aconteceu quando alguém partilhou o que tinha. Do pouco que o menino ofereceu confiando plenamente, Jesus saciou a todos. Não foi uma solução feita somente com uma forçada divisão dos bens, mas uma solução na fé (tudo foi apresentado e abençoado por Jesus). Divisão de bens sem a fé em Jesus pode continuar a produzir desigualdade e egoísmo de outras pessoas. Aquele menino partilhou porque acreditava em Jesus e somente assim, o milagre da partilha aconteceu.

A fé em Cristo foi o momento decisivo para o milagre acontecer. O maná no deserto foi oferecido por Deus de uma forma milagrosa; no milagre da multiplicação dos pães e peixes, Jesus nos ensina que podemos multiplicar este milagre, não esperando que tudo caia do céu, mas que brote de nossas mãos, através de nossa partilha e fé. Foi um milagre feito em parceria, onde entramos com os nossos dons através da partilha e Jesus com suas mãos, multiplica e todos ficam saciados.

Ninguém perde quando coloca nas mãos de Jesus, pelo contrário, todos se alimentam, ficam saciados e ainda sobra.

Nos dois casos anteriores: Maná (domingo passado) e Elias (1ª leitura de hoje), somente com a intervenção de Deus, todos ficaram saciados. Com Jesus não é diferente, pois Ele e o Pai são um só. A relação entre Jesus e Deus é expressa em uma linguagem humana bem conhecida: da paternidade. Os homens podem dar aquilo que está em sua natureza limitada, somente Deus é capaz de dar alimentos capazes de não somente saciar as necessidades humanas, mas de dar a vida eterna. Jesus aproveita o milagre da partilha dos pães e dos peixes para falar de Si próprio e do dom maior que iria oferecer: um alimento capaz de dar a vida eterna.

Mas, o povo entendeu tudo ao contrário. Eles queriam Jesus somente como rei, isto é, alguém poderoso como os reis daquele e deste mundo. Alguém que eles poderiam recorrer sempre que precisassem de alimento. A relação que procuravam construir com Jesus era algo somente no nível humano e conforme as necessidades do corpo. Jesus procura aprofundar tudo que Ele tinha feito. Veem Jesus como alguém somente para as necessidades humanas ou para as dificuldades deste mundo. Um rei pode dar somente coisas deste mundo e nada mais.

Nosso Senhor veio oferecer algo que dura em eterno.

Ao ouvir Jesus falar de sua relação com Deus Pai e que veio do céu, a multidão começou a murmurar. Queriam fazer Jesus como rei deles e assim, conseguir pão em abundância. A relação que criaram com Jesus foi somente segundo o pensamento e a necessidade que possuíam. Eles acreditavam em Cristo somente como alguém para ser monarca, mas não igual a Deus. Eles acreditavam naquilo que viam e conheciam de Jesus (filho de José e Maria), consideravam Cristo como alguém capaz somente de ser rei para dar pão quando precisassem, mas quando Jesus convidou a todos a ir além das aparências e necessidades humanas, todos começaram a murmurar, pois era necessário acreditar realmente em Jesus como Ele é e não como eles queriam que Jesus fosse (um rei que enche a barriga de todos de pão e de peixe).

Acreditar em Jesus é a condição básica e fundamental para tudo acontecer na vida de uma pessoa. O milagre dos pães e dos peixes somente aconteceu quando alguém acreditou em Jesus como alguém que iria fazer algo por todos. Fé não é algo que nós “criamos” com nossos critérios para se aproximar de Jesus, mas acreditar Nele que é capaz de tudo, mesmo quando nada está conforme nós desejamos.

Acreditar em Jesus é a condição para obter as graças para superarmos todas as adversidades e desafios no mundo que enfrentamos. A fé em Cristo não transforma o mundo como eu desejo, mas me ajuda a enfrentar o mundo com seus desafios e problemas.

Aquelas pessoas criaram uma fé em Jesus ao modo delas: um rei para saciar a todos de pão e nada mais. Sentiam que já tinham elevado Jesus a uma condição sublime: como rei, no entanto, o Mestre Jesus se apresenta como alguém do céu, que veio de Deus, para aquelas pessoas isso foi demais. É precisamente a humanidade de Jesus que escandaliza, a sua carne e o seu sangue: o seu frágil corpo de criatura declara-o terreno, não descido do céu. Além disso, aqueles judeus têm um conhecimento preciso de Jesus, pela realidade dos fatos: é filho do carpinteiro de Nazaré, a sua mãe também é bastante conhecida, portanto Jesus vem simplesmente desta pequena aldeia da Galileia, não do céu (Enzo Bianchi).

Mas, Jesus convida todos a deixarem este modelo pessoal de fé e mergulhar em seu amor e em sua misericórdia, pois Jesus jamais decepciona. Assim, crucial é acreditar em Jesus como Deus, pois Ele é o caminho e o destino do mundo. Novamente, tudo tem sua força e misericórdia no coração de Deus Pai com Jesus.

Neste caminho de fé apresentado por Jesus, Ele começa a preparar todos para o maior dom deixado neste mundo para aqueles que creem nele: a Eucaristia. Este dom divino é capaz de alimentar espiritualmente todos, pois é o próprio Jesus presente nele.

Todos os alimentos dados (inclusive o maná) foram limitados, apesar de serem especiais; a Eucaristia será diferente, pois ela é capaz de dar vida Eterna. Não se trata de um alimento qualquer, mas o próprio Senhor Jesus presente no pão e no vinho consagrados.

Assim, não acreditar na presença de Jesus na Eucaristia é não acreditar no próprio Senhor Jesus. Ele não diz algo vago ou simbólico, mas algo decisivo e profundo: Ele é o pão vivo que dá a vida eterna! A Eucaristia, assim, é o próprio Jesus presente em nosso meio; um alimento que nutre muito mais do que o corpo, ele fortalece e inunda a alma de graças especiais capazes de dar vida eterna a quem dele se aproximar.

Paulo convida a comunidade dos cristãos de Éfeso a uma vida plena de alegria, não obstantes os sofrimentos e desafios, perseguições e desavenças, pois ele sabe que aquele que recebe Jesus em seu coração não pode se sentir triste e desamparado, pois o próprio Senhor Jesus se torna parte da pessoa que passa ser morada de Deus. A Eucaristia é a força para superarmos nossos pecados e já obtermos aquilo que é promessa decisiva feita por Jesus: a Vida Eterna.

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