#Reflexão: 28º Domingo do Tempo Comum (13 de outubro)

8 de outubro de 2024

A Igreja celebra o 28º domingo do Tempo comum, neste domingo (13). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Sb 7,7-11
Salmo: 89(90),12-13.14-15.16-17 (R. cf. 14)
2ª Leitura: Hb 4,12-13 ou mais breve 10,17-27
Evangelho: Mc 10,17-30

Acesse aqui as leituras.

JESUS É O NOSSO MAIOR TESOURO E SABEDORIA

Domingo passado, ouvimos Jesus nos ensinar que Deus tem um projeto de felicidade para cada pessoa, que passa, necessariamente, pela doação completa e total do homem e da mulher. O matrimônio é uma entrega total de cada um para se tornarem não dois vivendo juntos, mas “uma só carne”. Uma doação onde não se perde algo, mas se ganha outra pessoa que dá sentido e completeza a existência do homem e da mulher quando eles se casam. O sentido profundo da felicidade é a entrega total, para muitos isso acontece no matrimônio; outros são chamados a uma vida de entrega ao projeto de Deus onde todos fazem parte.

Jesus continua o seu caminho ensinando e oferecendo possibilidades de encontro para todas as pessoas. Todos têm acesso livre e fácil a Jesus. Neste domingo, Marcos nos conta de mais um encontro especial.

Não sabemos o nome desta pessoa, mas ele representa um tipo de fiel que deseja construir com Jesus um projeto de vida. Ele é exuberante de desejos, de sonhos, eufórico: corre (quer chegar primeiro), se ajoelha (gesto público de profunda veneração), não espera e já propõe o seu pedido, introduz com um elogio que soou exagerado a Jesus e se expõe, sem rodeios, seu pedido pessoal. Ele tem todos os indícios de se tratar de um jovem.

Jesus corrige o seu elogio, orientando que não quer nada de títulos e glórias pessoais, mas somente Deus merece tudo. Ele não conhecia tudo de Jesus, era cedo para chamá-Lo de “bom”. Um pouco daquilo que acontece quando se abraça uma fé com muita euforia. Queria saber o que devia fazer para ganhar a vida eterna. Ele tinha tantas coisas, mas sentia ainda que lhe faltava algo para assegurar a vida eterna. Pensava que a vida eterna seria algo a ser conquistado, comprado ou adquirido com um esforço pessoal.

O jovem eufórico estava enganado: vida eterna para Jesus é dom, não conquista; é graça e não prêmio para os melhores.

Jesus, respondendo ao seu pedido, lhe propõe um projeto simples e comum a todos: os Mandamentos de Deus. Neles já temos todas as condições para alcançar a vida eterna. Interessante que Nosso Senhor recorda aqueles Mandamentos voltados ao convívio com o próximo: não matar, não roubar, ser fiel, ser contra a falsidade etc., e não menciona os mandamentos ligados a Deus: amar a Deus sobre todas as coisas, guardar seu Santo Nome e o seu dia santo. Jesus faz questão de recordar e reforçar esses Preceitos, pois percebe que se trata de alguém de fé. Jesus inverte a ordem dos Mandamentos deixando “honrar os pais” por último e com uma mudança significativa, resumindo o último Mandamento em “não fraudar”.

Ao retomar o diálogo, o rapaz (corrigindo-se) diz somente “mestre” e esclarece que tudo isto, já realiza desde a mais tenra idade. Mas, ele sente que os Mandamentos não lhe satisfaziam completamente: havia uma ânsia profunda que os Preceitos Divinos não conseguiam preencher. Era uma pessoa com um projeto de vida “aparentemente” ideal: uma vida garantida no plano material (era rico) e fiel cumpridor das leis de Deus.

Marcos nos narra a bonita atitude de Jesus: “fixou o olhar, amou-o e disse-lhe”. Jesus quis expressar já com o seu olhar, o seu amor por aquela pessoa. Foi um olhar especial de alguém que quer oferecer tudo de bom. Jesus amou interiormente aquela pessoa através do olhar! Depois lhe propôs algo que nasce do mais profundo desejo de amor. O Mestre Jesus lhe apresenta um plano de vida e de liberdade. Um projeto de felicidade concentrando-se naquilo que é principal e fundamental, única coisa capaz de preencher o vazio existencial daquele rapaz.

O comum e o habitual de um fiel (seguir os Mandamentos fiel) não eram suficientes para preencher um profundo sentido na vida daquele rapaz. Somente algo maior, seria capaz de responder às questões existenciais. Somente Jesus seria capaz de realizar isso. Assim, propõe o seguimento radical. Segui-Lo como discípulo é tornar Nosso Senhor o único tesouro da vida, pois nada neste mundo pode ser maior. Ele não promete e nunca se ocupa de nos ajudar em acumular riquezas humanas, pois Ele é o nosso maior tesouro. Aquela pessoa estava encantada com a pessoa de Jesus, mas se espanta quando Ele apresenta suas prioridades. Jesus não exige nada para ele – como para os discípulos – além daquilo que Ele mesmo já vivia (não tinha nada deste mundo). O “bom Mestre” que o rapaz mencionou no início, foi finalmente revelado.

Jesus conhecendo profundamente (através do seu olhar e amando-o) lhe esclarece que uma coisa lhe falta: Seguir radicalmente Jesus. Mas para isto era preciso se desligar daquilo que lhe provocava o vazio existencial profundo: sua riqueza. Nosso Senhor lhe propõe: “vai” (retorna a sua realidade onde está), “vende tudo” (assim, não terá tentação de retomar o que pertence), “doa aos pobres” (assim, completa os Mandamentos citados com a caridade, doando pelo menos o mínimo àqueles que nada têm), e “terás um tesouro no céu” (caridade é uma riqueza neste mundo e tesouro no céu, aquilo que nos ajuda ter sentido já nesta vida), por fim, “vem e segue-Me”.

Jesus lhe propõe algo que seria a solução de sua angústia interior, a verdadeira sabedoria (1a leitura) que lhe concede o tesouro mais precioso que já garante o caminho para a eternidade, desejo expresso na primeira pergunta. A caridade era uma “riqueza” que jovem não tinha, pois o que tinha (ele era rico) era somente pra ele. O rapaz tinha tudo de que precisava neste mundo, mas sua riqueza não lhe preenchia o coração, pois faltavam os pobres e Jesus.

Doar algo para o próximo. Somente somos felizes quando conseguimos fazer o outro feliz, principalmente, os mais necessitados. Jesus nos ensina que não somos grande por aquilo que temos, mas por aquilo que sabemos doar (Ermes Ronchi).

O apego à riqueza tinha se tornado uma doença na vida daquela pessoa e nem o fiel cumprimento dos Mandamentos (como ele mesmo afirma) lhe trazia paz interior. No final da proposta de Jesus, o rapaz descobre que o “Bom Mestre” se revelou exigente demais para ele. Jesus não lhe propôs a pobreza, mas a verdadeira riqueza; não lhe pediu para ficar sem nada, mas para abandonar aquilo que “aparentemente” lhe dava tudo, mas que na realidade somente aumentava o seu vazio interior. Jesus lhe ofereceu um “remédio” para sua doença interior e o verdadeiro tesouro que ele deveria acumular: a caridade e se tornar seu discípulo. Tudo foi realizado com um olhar penetrante de amor e carinho, mas a resposta do rapaz foi decepcionante.

Para expressar a triste reação do jovem, Marcos usa uma expressão que significa “escurecer o tempo” e ele se foi (como Jesus no início tinha sugerido), mas retirou-se triste. Tudo tinha se apagado na vida dele, pois a sua doença foi revelada, mas ele preferiu permanecer no seu mundo que estava sendo corroído por suas posses. Ele vai embora triste. Ao final, o “Mestre” não se mostrou tão “bom” como ele queria. Marcos acrescenta o detalhe que “ele, de fato, possui muitos bens”.

A proposta de Jesus não espantou somente o rapaz, mas também os discípulos (como nos Evangelhos dos domingos anteriores). Duas vezes, nos vem comunicado que eles ficaram assombrados e admirados, mas Jesus insistiu sobre o tema e para mostrar sua gravidade, usa o exemplo do camelo passar pelo fundo de uma agulha. Somente Deus deve ser a nossa riqueza! Por Ele, devemos deixar tudo de material em segundo plano e nos concentrarmos naquilo que nos dá o verdadeiro sentido para nossa existência: o próximo através da caridade e do seguimento de Jesus. Pedro se lança com uma afirmação, mas revelando certa angustia pelas palavras exigentes de Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”.

Quando se tem Jesus no centro da vida como opção principal, a nossa relação familiar vai além de nossos parentes, todos se tornam uma só família.

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