#Reflexão: 29º Domingo do Tempo Comum (20 de outubro)

16 de outubro de 2024

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A Igreja celebra o 29º domingo do Tempo comum, neste domingo (20). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 53,10-11
Salmo: 32(33),4-5.18-19.20.22 (R. 22)
2ª Leitura:Hb 4,14-16 ou mais breve 10, 42-45
Evangelho: Mc 10,35-45

Acesse aqui as leituras.

 

SERVIR A TODOS E SEMPRE

            O Evangelho deste domingo mostra, pela terceira vez, a imensa distância que existia entre Jesus e os seus apóstolos. Logo após o primeiro anúncio, Pedro tentou convencer Jesus a abandonar seu discurso sobre sofrimento, humilhação e morte; Jesus repreendeu chamando-o de Satanás (Mc 8,27-33). Depois do segundo anúncio sobre o seu destino final em Jerusalém (Mc 9,30-37), os discípulos – logo em seguida – começaram a discutir quem era o maior entre eles (não Jesus, mas entre eles), Jesus com paciência apresenta o anúncio sobre ser servo e último entre todos. Neste domingo, a situação não foi diferente.

Antes do texto da cena que ouvimos no Evangelho, Jesus faz o terceiro anúncio ao seu grupo do seu fim em Jerusalém. O ambiente no grupo dos apóstolos estava péssimo (Mc 10,32-34). Marcos inicia dizendo que todos estavam subindo [de Jericó] para Jerusalém, Jesus caminhava à frente dos apóstolos, eles estavam assustados e a multidão com medo: o grupo não caminhava mais junto. Nosso Senhor já tinha desistido de “converter” a multidão que o seguia sobre o seu novo projeto de Reino de Deus que tem seu início na entrega total em Jerusalém, Jesus percebeu que o povo queria ver sinais, era sedento de curas e milagres e não de sua palavra e da sua pessoa, assim restava a Jesus tentar preparar os apóstolos, mas eles não se mostravam sintonizados com o Mestre.

No Evangelho de Marcos de hoje surgem dois personagens que juntos com Pedro estavam mais próximos de Jesus. Tiago e João (“filhos do trovão” Mc 3,17) se aproximam do Mestre e pedem algo que tinham segurança de conseguir: “Queremos…. que faça por nós… o que vamos te pedir!” No Pai Nosso, Jesus ensina “faça a sua vontade [de Deus]”, mas os dois apóstolos prediletos (juntamente com Pedro) queriam que a vontade deles é que fosse saciada. Há indícios de parentesco entre a mãe dos dois irmãos e a mãe de Jesus (cf. Mc 15,40; Mt 27,56; Jo 19,25), assim se sentiam no direito de pedir algo (um privilégio) para “o clã”.

Não entenderam nada nem de Jesus, nem sua amizade e muito menos de sua proposta de vida. Procuraram  “dar um jeitinho” apelando em nome da amizade estreita (e parentesco) que sentiam da parte de Jesus para com eles, tinham projetos pessoais que o resto do grupo não fazia parte. Triste situação do grupo escolhido por Jesus!

Com muita paciência, Jesus procura saber o que eles desejavam: “sentar-se um a direita ou à esquerda em sua glória”, este era o desejo dos filhos de Zebedeu. Imaginavam um futuro com Jesus em um reino como os outros deste mundo: cheio de glórias humanas e grandiosidade. Os dois não tinham dado a mínima importância àquilo que Jesus – por bem três vezes – tinha anunciado. Desejam estar ao lado quando Jesus estivesse “na glória”, certamente, não era a mesma glória que Jesus pensava para Ele próprio, por isso, o Mestre Jesus ironiza afirmando que não sabiam o que estavam pedindo. Ao serem perguntados sobre “beber o cálice” de Jesus (comprometimento total) e ser “batizados no batismo” que Jesus iria receber (renascimento pela morte), Tiago e João repetem prontamente, mas certamente sem ter a mínima ideia do que estavam falando. Jesus, em parte entra no nível de compreensão deles e esclarece que, de fato iriam fazer o mesmo caminho (Tiago foi martirizado no início da missão dos apóstolos, cf. At 12,2). Em relação ao pedido estranho, Jesus esclarece que será concedido “àqueles a quem está destinado”: à direita e a esquerda de Jesus na cruz foram colocados dois ladrões.

 Mas, a história ganha uma dramaticidade maior dentro do grupo, pois os outros dez apóstolos ficam irritados com Tiago e João, porque no fundo eles estavam também planejando fazer a mesma coisa. Dão a entender que era um desejo de todos os apóstolos: reservar lugares na “glória” de Jesus em um reino terreno.

Jesus “chama-os a si”, eles já estavam ao Seu redor, mas o Mestre quis estreitar ainda mais a ligação com todos antes de tentar corrigi-los; queria falar com mais intimidade e profundidade. Primeiro, Jesus alerta partindo daquilo que eles conheciam como “glória e poder” do mundo, mas que eram construídos na base do domínio e da opressão. Os reinos deste mundo somente se mantêm se usam força e superioridade. Para existir um “superior”, necessariamente, todos os outros devem ser colocados em uma posição de inferioridade. Só existe um “grande” quando todos estão oprimidos debaixo de seu poder. Mas, o Mestre Jesus determina com firmeza: “Mas, entre vós não deve ser assim!” Como em todos os outros casos, Jesus propõe seu esquema de vida como modelo. Não quer ninguém ao seu lado fazendo algo por obrigação ou constrangido a viver algo que não deseja; Ele propõe o caminho, a escolha deve ser pessoal: “Quem quiser…”.

Jesus propõe um projeto de vida totalmente contrário ao pensamento do grupo. Para ser grande neste mundo, o caminho tem como base a opressão e o domínio, mas Jesus propõe o serviço. É preciso ser “servidor” como Jesus vivia entre eles e com o povo. Para ser o primeiro, o caminho que Jesus propõe é ser escravo/servo de todos. Para ser grande, o caminho no fundo era fazer e viver como Ele mesmo vivia. Jesus não condena as paixões, mas propõe que tudo isto seja canalizado (convertido) em outra direção: a serviço de todos. Deus que na sua realidade divina é onipotente, na sua revelação entre nós é servo de todos.

Em Jerusalém, todos se assustaram quando o Mestre Jesus se coloca aos pés deles no Lava-pés. Imaginavam que na cidade do poder religioso e do poder civil dos romanos, Jesus iria se impor sobre todos com poder e majestade, mas estranhamente se coloca por terra como um servo que lava os pés de seus senhores. Na primeira leitura, Isaías nos propõe a imagem do servo que através de dores, sacrifícios e depois de tormentos, ganha luz perene. É um servo justo que justificará muitos. O autor da carta aos Hebreus propõe Jesus como um sacerdote eterno e grande que conquistou a todos tomando sobre si nossas fraquezas.

Sobre o serviço ao próximo, Jesus ainda aprofunda com seu grupo: O Filho do Homem não veio para ser servido, mas servir. Deus não é uma divindade que quer ser servida, mas se coloca como servidor de todos e nós devemos fazer o mesmo. Em relação a nós, Jesus revela um Deus que é Pai e Servidor de todos, não somos nós que devemos ser “servos” para Deus, mas servos de Deus e para Deus através de nossos irmãos e irmãs. Os dois apóstolos sonhavam com um trono de glórias humanas, o autor da carta aos Hebreus nos fala do trono da graça e da misericórdia. Assim, Jesus nos ensina a servir a Deus no próximo começando pelos mais necessitados: amar a Deus, amando o próximo; servir a Deus, servindo aqueles que mais precisam de ajuda.

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