#Reflexão: 2º domingo da Quaresma (5 de março)

27 de fevereiro de 2023

A Igreja celebra o 2º domingo do Tempo Quaresmal neste domingo (05). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 12,1-4a

Salmo: 32(33),4-5.18-19.20.22 (R. cf. 22)
2ª Leitura: 2Tm 1, 8b-10
Evangelho: Mt 17,1-9

Acesse aqui as leituras.

 

JESUS SE TRANSFIGURA DIANTE DOS DISCÍPULOS

 

No domingo anterior, 1º da Quaresma, fomos conduzidos, com Jesus, ao deserto. Nosso Senhor decidiu fazer um grande retiro de oração e penitência de vários dias. O evangelista nos informou que Jesus foi levado pelo Espírito Santo e também foi tentado pelo Mal. Vimos a importância da oração que nos ajuda, principalmente, quando estamos fracos e debilitados por nossa realidade humana, a vencer todas as tentações.

Sabemos que Jesus é 100% Deus, mas no deserto vimos a sua outra realidade de 100% homem. Ele não venceu o mal usando “seus poderes” divinos (que podia a qualquer momento fazê-lo), mas nos ensinou como também nós (que somos somente 100% humanos) podemos superar as ações do mal que sempre se aproveita de nossas fraquezas para tentar nos arrastar para longe de Deus. Muitas são as formas de tentação, inclusive usando o discurso de “direitos humanos” (de se saciar quando há fome), de “ser famoso” (desafiando até Deus se jogando do Templo) e de garantir neste mundo o seu futuro (ter todos os reinos terrenos). O mal é astuto e esperto, usa até mesmo a Bíblia para tentar ludibriar Jesus, mas é exatamente na Palavra de Deus que encontramos a força para permanecer com Deus e descobrir a Sua vontade, conforme Jesus nos ensina.

Neste 2º domingo da Quaresma, somos novamente conduzidos, mas desta vez sobre uma montanha, juntamente com três discípulos que Jesus chamou com Ele para juntos rezarem. No alto do monte, descobrimos o lado 100% divino de Jesus que desejou revelar aos seus apóstolos aquilo que todos nós temos como promessa e herança conquistadas para nós por Jesus. A transfiguração é um pouco daquilo que teremos, juntos a Deus, depois desta nossa vida terrena.

Os apóstolos sempre viram Jesus se ausentar do grupo para rezar. Os momentos de oração que Jesus transcorria durante toda a noite, eram momentos de profunda intimidade e comunhão entre Ele, o Pai e tudo que significa o céu para todos nós. Rezar deve ser o momento em que já experimentamos o amor e a presença de Deus; é falar com Ele, mas principalmente ouvi-Lo.

Jesus decidiu conceder a três de seus discípulos o privilégio de participar deste momento de comunhão neste mundo, entre Ele e Deus Pai. Precisamos, como Jesus, aprender a deixar um pouco a nossa realidade – mas sem abandoná-la completamente – e “subir a montanha”, isto é, procurar um local mais apropriado para ouvirmos Deus nos falar (o local mais especial para nós, continua sendo nossas igrejas). Em sua oração, Jesus conversa com Moisés e Elias, o primeiro nos deixou os Mandamentos e o segundo a voz dos profetas. Rezar para Nosso Senhor é mergulhar nestas duas fontes fundamentais da fé do Povo de Deus. A oração de Jesus é canal aberto através dos Profetas e dos Mandamentos, onde Deus se faz presente. Toda a tradição da fé do povo de Deus está representada com estes dois personagens do AT, pois Jesus não veio superar ou cancelar nada, mas levar ao seu pleno cumprimento.

A oração no alto do monte, por um momento, revelou Jesus com todo seu esplendor. Nosso Senhor é plena luz, e não há nada igual neste mundo. A oração para nós deve ser um momento de nos deixarmos inundar com a mesma luz que vem de Deus. Como nossa existência terrena depende diretamente da luz e do calor que vêm do sol, assim deve ser a nossa vida em relação a Deus: precisamos nos deixar envolver pela mesma luz e nos deixar inundar com a sua presença. No alto da montanha, com Jesus, os apóstolos experimentaram um pouco do céu.

Pedro ficou espantado e maravilhado com tudo que viu e disse: “É bom estarmos aqui!”. A oração é, anteciparmos o gosto do céu e já nos sentirmos envolvidos com tudo que é Deus, Nosso Pai. Os apóstolos devem ter sempre perguntado o que acontecia com Jesus quando Ele se retirava para rezar. A oração é se deixar envolver pela “nuvem de Deus” que nos abraça com seu amor e sua presença.

Foi um momento único e espetacular que Jesus quis deixar para seus apóstolos para que eles ensinassem e multiplicassem. Mas, eles ainda não estavam preparados para toda aquela experiência, pois era necessário que Jesus terminasse a Sua missão, pois somente com a Morte e a Ressurreição de Cristo, o acesso ao céu ficaria aberto para toda a humanidade.

As orações de Jesus não foram momentos em que Ele fugia e se escondia do mundo e dos problemas da humanidade. Era necessário ouvir e assimilar de Deus Pai o que e como melhor Ele poderia realizar a Sua missão. Jesus se fortalecia na oração para retomar, em cada momento de sua vida, a estrada da vontade de Deus. Pedro pretendia superar esta fase. Desejava abandonar a dura realidade que tinham deixado e permanecer naquela realidade profundamente agradável que era rezar com Jesus.

Pedro estava ainda propondo isso a Jesus, quando se ouviu uma voz vinda do meio da nuvem: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!”. Este é modo de anunciar a presença de Deus no antigo testamento. Foi-lhes comunicado como podem continuar a experimentar sempre a mesma realidade e satisfação: para ouvir sempre a Jesus, não é necessário subir aquele monte, esperar que tudo se repita do mesmo modo, mas sim, sempre e em qualquer circunstância, ouvir o que Jesus tem a nos comunicar.

As palavras de Jesus, principalmente, os seus ensinamentos são as mesmas palavras de Deus Pai. Ele confirma que Jesus é decisivamente o Filho Amado de Deus Pai, aquele que Deus Pai colocou todo o Seu amor. Assim, as palavras e o amor derramado por Jesus são os mesmos de Nosso Deus Pai. O caminho mais rápido para experimentar o céu já neste mundo é ouvir o que Jesus, o Amado de Deus Pai, tem a nos dizer.

“Amor” é uma das palavras que marcam a profunda relação entre Deus e Jesus. A fé não é, senão, outra coisa que amar. Não acreditamos em fatos, meras palavras e normas, mas na pessoa de Jesus: o amado por excelência que nos ensina o que é o amor.

Jesus chamou os três discípulos para saborear na oração um pouco do Paraíso de Deus, mas não podiam ainda permanecer naquele lugar especial, era necessário retornar a missão e cumprir a vontade de Deus Pai. Também Abrão foi chamado por Deus para cumprir uma missão de ser pai de todos os que acreditam no Deus Verdadeiro (1ª leitura). A missão de nosso “pai da fé” implicava em deixar tudo para trás, para abraçar o “novo” que Deus iria lhe mostrar. Fé e oração devem ser para nós como nossas duas pernas neste mundo: com elas caminhamos e percorremos novas terras e subimos as montanhas de Deus, mas sempre buscando cumprir a vontade de Dele, tendo consciência que antes do céu e do paraíso junto de Jesus, também precisamos enfrentar cruzes e desafios, vencer tentações, mas sempre alimentados com a luz e o amor de Deus Pai, somente assim, conseguiremos terminar bem nossa jornada neste mundo. Portanto, somos chamados a uma vocação especial que é a santidade (2ª leitura), pois somente assim, já antecipamos para este mundo tudo aquilo que é Deus e o céu.

 

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