#Reflexão: 33º domingo do Tempo Comum (13 de novembro)
A Igreja celebra, no dia 13, o 33º domingo do tempo comum. Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Ml 3,19-20a
Salmo: 97(98),5-6.7-8.9a.9bc (R. cf. 9)
2ª Leitura: 2Ts 3,7-12
Evangelho: Lc 21,5-19
TEMPO DE PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DE JESUS
Estamos por terminar o nosso ano litúrgico da Igreja. Tempo também oportuno para pensarmos sobre o nosso “final” e da nossa história. Tudo que possui um início, tem também um fim e para isto, nós devemos também nos prepararmos.
O povo de Deus, em diversos momentos da sua história, se encontrou com inúmeros desafios e dificuldades em sua caminhada. Alguns desses se mostraram imensos e por isto, a fé e a esperança de todos tiveram que ser ainda maiores. Muitos tiranos da história aterrorizaram o povo de Deus, mas não conseguiram eliminá-lo, pois Deus é muito superior. A Bíblia sempre procuram mostrar que, se os homens fazem grandes coisas, no entanto, somente Deus é capaz de mobilizar inclusive a natureza para proteger seu povo e combater o mal. Deus é sempre maior e superior a tudo e a todos: nada acontece sem Ele desejar e ordenar! Ele é que governa e dirige tudo, pois tudo que existe está sob seu domínio.
Malaquias na primeira leitura narra simbolicamente como Deus agirá e combaterá o mal realizado por tantas pessoas. Se homens podem atingir povos e inúmeras pessoas com suas ações malignas, Deus agita a natureza para impor ordem e resgatar seu povo.
Jesus também faz uma longa reflexão sobre a ação maldosa do homem e a resposta gigantesca de Deus. No Evangelho deste domingo, ouvimos o início de um discurso de Jesus (que ocupa quase todo Lc 21) sobre esses acontecimentos na história contra aqueles que professam Nele a sua fé. Como de costume, tudo parte de um fato local e circunscrito a uma situação para se transformar em um ensinamento perene para todos.
Tudo inicia com uma afirmação de admiração por parte de algumas pessoas sobre o Templo de Jerusalém. Na época de Jesus, o principal local de oração para os judeus (o Templo), tinha atingido o máximo de seu esplendor com as reformas de ampliação promovidas por Herodes, o grande. Lucas relata a admiração de todos em relação aos ornamentos e as doações que embelezavam o local. Tudo era um show de beleza e brilho bem como riqueza e estabilidade. Os judeus viam o Templo de Jerusalém com a garantia de que nada atingiria a cidade e o seu povo, pois é o local de Deus no meio do seu povo. O seu esplendor dava a falsa segurança de que nada de ruim iria acontecer, pois ali estava tudo que existia de mais sagrado e perpétuo para os judeus. Mas, Jesus não pensava assim.
Nada neste mundo de material é perene e intocável, nem mesmo o sagrado Templo de Jerusalém. As instituições humanas passam e são esquecidas, pois são frágeis e limitadas. “Não ficará pedra sobre pedra”, disse Jesus sobre o destino do Templo.
As palavras de Jesus suscitaram a curiosidade de todos. Assim, alguns perguntaram a Cristo interessados sobre dois detalhes importantes: a data da destruição e os sinais que antecederão. Jesus não responde propriamente as questões apresentadas, pois sua visão é mais ampla e fundamental. Jesus dá uma resposta para toda história que estava para iniciar com a nova fé que não se baseará mais em construções e locais, mas em pessoas e na esperança de um projeto muito maior que o tempo e a história: o Reino de Deus inaugurado por Jesus.
A primeira parte das orientações de Jesus é um alerta para aqueles que o seguiam: iriam experimentar muitas provações. Mas, tudo não se limitará aquela época, mas será uma constante em toda a história humana até o final dos tempos. Estas palavras iniciais de Jesus não falam propriamente do “fim da história”, mas sim como a história caminhará até o seu final.
O projeto de Jesus como Salvador é único e perene, ninguém e nenhuma outra estrutura humana na história poderá ser maior que tudo que Nosso Senhor fez e ensinou. Mas, muitos tentarão ocupar este lugar e com discursos conseguirão arrastar pessoas para outros projetos que nada mais serão do que coisas humanas, mas que tendem a desaparecer na história. São os “falsos messias” e isto se verificou no tempo dos primeiros cristãos. Um levante revolucionário e messiânico conseguiu mobilizar os judeus para se colocarem contra os romanos, o resultado foi a destruição do Templo de Jerusalém e a morte de inúmeras pessoas (em 68 d.C.). Não ficou pedra sobre pedra do Templo. Jesus alerta que este não será o único “movimento messiânico” da história, muitos outros se apresentarão como concorrentes do Reino de Deus iniciado por Jesus, como constatamos até os dias de hoje. A cada dia surgem seitas, grupos religiosos e ideológicos que prometem mudanças radicais e a implantação de projetos humanos, mas com discursos muito bem elaborados como se fossem de Deus: Os falsos profetas acompanharão a história da Igreja de Jesus neste mundo até os seus últimos dias.
Jesus continua sua orientação mostrando que tais movimentos humanos atingirão nações que farão guerra contra outros povos. Tudo em nome de projetos e ideologias humanas revestidas com discursos messiânicos e divinos. Nosso Senhor alerta que isto não significará ainda o fim. De fato, o mundo atual já passou por duas grandes guerras e outras tantas ainda estão acontecendo em nosso tempo. Os grandes sinais também foram lembrados por Jesus: terremotos, pestes, fomes e sinais no céu, tudo isto não significará o final ainda. Tais sinais estão presentes em nossa realidade humana desde sempre, não são sinais propriamente do fim, mas que a nossa realidade humana é limitada, finita e frágil. Projetos humanos que possuem somente sua base neste mundo, também passarão e desaparecerão, pois não têm a semente da eternidade que encontramos somente no projeto do Reino de Cristo.
Mas, as palavras mais importantes estão voltadas para os seguidores de Cristo. Com o passar dos tempos, aqueles que professarem a fé em Jesus serão perseguidos de diversas formas: primeiro pelas grandes instituições civis e religiosas (outras religiões), mas também por pessoas próximas, inclusive parentes. Isto temos visto como algo comum e crescente entre nós. Ser cristão e defender o projeto do Reino de Deus iniciado por Jesus baseado no amor, na humildade, no perdão, no respeito ao ser humano, respeito à vida entre outros valores, dia por dia está se tornando motivo de gozação, discriminação e perseguição. O mundo com seus projetos humanos e egoístas está procurando destruir os princípios da fé cristã, pois tudo isto é visto como um obstáculo para seus projetos e ideologias, principalmente, baseado na riqueza e exploração humana. Procuram, com um novo messias, ensinar que cada um é livre para ter “sua religião”, “seu deus”, “seus valores”, “sua fé” etc. Uma religião onde a pessoa se torna egoistamente o centro de tudo e todos (inclusive Deus) devem estar a seu serviço e se moldar a seus valores.
Precisamos estar atentos com o nosso coração e nossa mente bem fundamentados nos princípios ensinados por Jesus para que possamos defender com nosso testemunho e com nossos valores o projeto iniciado por Cristo. Muitos são perseguidos neste mundo por erros e escândalos, por escolhas mal feitas e péssimos projetos pessoas, mas Jesus orienta que aqueles que são perseguidos por causa de sua fé e do seu nome terão toda assistência do Espírito Santo.
Mais do que nos preocuparmos com datas e sinais do “final do mundo”, Jesus nos alerta sobre a necessidade da firmeza em relação aos seus ensinamentos e princípios durante nossa existência dentro da história. Ela prossegue seu rumo e um dia terá o seu fim, mas até que isto aconteça, Jesus nos exorta a perseverarmos na fé e permanecermos firmes em seu projeto de amor e salvação inaugurados com a sua Ressurreição e a vinda do Espírito Santo sobre seus discípulos. O mais importante para nós não são as últimas coisas da história, mas sim como estamos testemunhando dentro da história a nossa fé e os valores deixados e ensinados por Jesus Cristo.