#Reflexão: 33º Domingo do Tempo Comum (17 de novembro)

13 de novembro de 2024

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A Igreja celebra o 33º domingo do Tempo comum, neste domingo (17). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Dn 12,1-3
Salmo: 15(16),5.8.9-10.11 (R. 1a)
2ª Leitura: Hb 10,11-14.18
Evangelho: Mc 13,24-32

Acesse aqui as leituras.

TUDO PASSARÁ, MENOS AS PALAVRAS DE JESUS

Estamos concluindo o ano litúrgico da Igreja: próximo domingo, celebraremos a solenidade de Cristo Rei. Mais um tempo litúrgico da Igreja que se conclui e daqui uns dias, mais um ano que se encerra. Por isto, somos convidados a recordarmos o que Jesus falou sobre o final dos tempos.

As imagens que encontramos em algumas páginas da Bíblia que contam a história do “juízo final” revelam que será um momento com grandes sinais. Costuma-se utilizar a palavra “apocalipse” para indicar esse momento da história, mas tal termo é mal compreendido. “Apocalipse” significa “tirar o véu”, isto é, uma “revelação”. O cinema criou a ideia que tal palavra está associada a catástrofes e destruição, mas na realidade é um tempo novo que se aproxima que passará por grandes transformações. Será um tempo de alegria para aqueles que são de Deus.

O contexto das páginas que possuem este jeito de contar os fatos futuros é quase sempre o mesmo. Diante de um mal que se apresenta como uma grande força, a esperança e a fé revelam que Deus é sempre maior. As forças humanas maléficas podem ser grandes em relação aos mais fracos e as pessoas que creem, mas Deus é sempre maior. O Mal (diabo, satanás) tem condição de provocar muitos danos aos seguidores de Cristo, mas Deus é maior que tudo e todos.

O livro do Apocalipse, que relata estes tempos do fim da história, não tem a intenção de falar somente de tragédias, mas revelar (= apocalipse) o destino da jornada final da humanidade.

Jesus procura mostrar que tudo tem um fim, mesmo as grandes forças deste mundo (humanas e do universo como o sol e a lua), tudo é finito e terá uma finalização, não é o fim de tudo, mas a conclusão de toda história. Não será a vitória do mal que destruirá tudo, mas de Deus que tomará posse definitivamente de tudo e de todos, assim “vamos de início em início, através de inícios sempre novos” (Gregório de Nissa) até a plenitude de tudo com Deus.

Na primeira leitura, o texto do livro de Daniel recorda que serão tempos de desolação e tristeza, mas o mensageiro enviado do céu (anjo Miguel), protetor do povo de Deus, vai reunir aqueles que são fieis (aqueles que estão escritos no livro da vida que está no céu). Após passarem por este mundo, no dia do grande julgamento final, todos vão ressuscitar: uns para a vida eterna, outros para a condenação.

Aqueles que são de Deus, brilharão como as estrelas no céu. O fim de tudo não será na escuridão ou vazio, mas de novas luzes como estrelas que serão os justos, aqueles “que tiverem ensinado a muitos os caminhos da virtude”.

Jesus no Evangelho de Marcos segue a mesma tradição com mais detalhes sobre o final dos tempos. Os inimigos do povo da época (os romanos) adoravam o sol, a lua e as estrelas com festas e prestavam cultos a essas divindades. No Evangelho deste domingo, Jesus fala de profundas mudanças no sol e na luz. Sua principal utilidade (iluminar) será cancelada. Estes astros cairão do céu, uma forma de dizer que esses tiranos que cultuam os astros, um dia serão derrubados (derrotados) e em seu lugar surgirá o Filho do Homem. Esta figura comum em vários textos do AT significa a “humanidade”, mas no livro de Ezequiel adquire um significado especial: representa toda a humanidade que está ao lado de Deus. No livro de Daniel, a expressão “Filho do Homem” é utilizada em oposição aos reinos tiranos da história que são representados pelo profeta por animais ferozes e desumanos (leão, urso, leopardo e besta fera), mas Daniel vê que um dia surgirá um reino que vem do céu, um reino profundamente humano.

No Evangelho de Marcos deste domingo, o Filho do Homem virá sobre as nuvens com grande poder. Os outros “impérios tiranos” desaparecerão e somente o Reino pleno de Deus para a humanidade vai prevalecer. Para preparar este tempo favorável do Filho do Homem, Deus enviará para toda a terra, anjos com a missão de reunir todos aqueles que forem escolhidos por Deus. Neste texto, os anjos não são somente os seres espirituais que conhecemos, mas também pessoas (mensageiros neste mundo) que irão cumprir esta mesma missão.

Nosso Senhor recorda alguns sinais de quando este tempo estará próximo. Primeiro, Ele lembra que a figueira é a última planta que dá sinais da proximidade do verão. Conforme uma figueira se modificava, sabia-se que a próxima estação estava para chegar. O exemplo que Jesus nos dá é um convite a sermos sensíveis e capazes de perceber os sinais ao nosso redor da proximidade do tempo do Reino do Filho do Homem.

Segundo Jesus, o Reino de Deus aconteceu a partir das coisas simples e pequenas como nas parábolas que Ele contou sobre o Reino dos Céus. A conclusão da história também deve ser esperada com expectativa e ao mesmo tempo com muita alegria como o anúncio do verão que se aproxima e o inverno que é deixado pra trás. As coisas belas de Deus não devem ser procuradas como uma forma de conquista, mas esperadas com alegria que aconteçam em nós e no mundo.

Por isso, Jesus sempre está próximo e devemos ter a ânsia de encontrá-Lo, à nossa porta e em cada pessoa que encontramos. Ele está próximo, não vem como um dedo apontado, mas como um abraço, um humilde brotar de vida (Ermes Ronchi).

O mundo pode ter o seu caminho e achar que está fora do projeto de Deus, mas não é assim. Nós todos estamos dentro de um grande projeto de plenitude do bem que Deus sempre planejou para todos nós. A história não está sem rumo e sem destino, mas tudo está caminhando para um grande final onde o bem vai prevalecer para sempre e o mal com todas as suas representações e raízes será eliminado para sempre. Nós cristãos somos a geração nova que nasce de Cristo com sua morte e ressurreição. Tudo vai passar, mas não as palavras de Jesus. Até o final dos tempos, aqueles que forem dignos farão parte deste novo momento da história que o Apocalipse chama de “Nova Jerusalém”. Povos e reinos tiranos desaparecerão da terra (“astros que caem”), mas o Reino dos Céus que possui a nova geração de Cristo, jamais será vendido, pois é sustentado por Deus.

Tragédias e catástrofes que sempre tivemos, infelizmente ainda nos acompanharão até que aconteça o Reino Definitivo planejado por Deus. O mal somente reforça a grande necessidade que temos de nos aproximarmos cada vez mais do bem e daquilo que Deus quer de melhor para nós. Para nós cristãos, o final dos tempos será um momento de encontro, da plena luz do amor de Deus e realização definitiva do projeto de Deus planejado desde o início para a humanidade. Por fim, Jesus alerta que “esta geração” não passará sem ver tudo se realizar.

Passam o sol e a lua, que são o relógio do universo; a terra vai desmoronar, mas não as palavras de Cristo Jesus que são um sol que nunca se porá no horizonte da história e no coração do homem (Ermes Ronchi). A geração dos filhos e filhas de Deus gerados pela fé e pelo Batismo serão as testemunhas e verão as palavras de Jesus se realizarem.

As perguntas que normalmente fazemos: quando será tudo isto? Quando o mundo, de fato, vai atingir o seu ponto máximo para a manifestação do Filho do Homem? Jesus nos alerta que ninguém sabe: nem os anjos, nem Ele mesmo (Jesus) teve esta missão de revelar, somente Deus Pai sabe. Isto não é um motivo de tristeza, mas de renovar nossa confiança em Deus, pois certamente acontecerá.

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