#Reflexão: 33º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 14 de novembro)
A Igreja celebra neste domingo (14) o 33º Domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a liturgia deste dia.
1ª Leitura – Dn 12,1-3
Salmo – Sl 15,5.8.9-10.11 (R.1a)
2ª Leitura – Hb 10,11-14.18
Evangelho – Mc 13,24-32
TUDO PASSARÁ, MENOS AS PALAVRAS DE JESUS
Estamos concluindo o ano litúrgico da Igreja: próximo domingo, celebraremos a solenidade de Cristo Rei. Mais um tempo que se conclui e, daqui uns dias, mais um ano que se encerra. Por isso, a Igreja nos convida a recordarmos o que Jesus falou sobre o final dos tempos.
As imagens que encontramos em algumas páginas da Bíblia que contam a história do “juízo final” revelam que será um momento com grandes sinais. Costuma-se utilizar a palavra “apocalipse” para indicar esse momento da história, mas tal termo é mal compreendido. “Apocalipse” significa “tirar o véu”, isto é, uma “revelação”. O cinema criou a ideia que tal palavra está associada a catástrofes e destruição, mas na realidade é um tempo novo que se aproxima que passará por grandes transformações. Será um tempo de alegria para aqueles que são de Deus.
O contexto das páginas que possuem este jeito de contar os fatos futuros é quase sempre o mesmo. Diante de um mal que se apresenta como uma grande força, a esperança e a fé revelam que Deus é sempre maior. As forças humanas maléficas podem ser grandes em relação aos mais fracos e às pessoas que creem, mas Deus é sempre maior. O Mal (diabo, satanás) tem condição de provocar muitos danos aos seguidores de Cristo, mas Deus é maior que tudo e todos. O livro do Apocalipse, dessa forma, não tem a intenção de falar somente de tragédias, mas revelar (= apocalipse) o destino da história humana.
Na primeira leitura, o texto do livro de Daniel recorda que serão tempos de desolação e tristeza, mas o mensageiro enviado do céu (anjo Miguel), protetor do povo de Deus, vai reunir aqueles que são fiéis (aqueles que estão escritos no livro da vida que está no céu). Após passarem por este mundo, no dia do grande julgamento final, todos vão ressuscitar: uns para a vida eterna, outros para a condenação. Aqueles que são de Deus, brilharão como as estrelas no céu.
Jesus, no Evangelho de Marcos, segue a mesma tradição com mais detalhes sobre o final dos tempos. Os inimigos do povo da época (os romanos) adoravam o sol, a lua e as estrelas com festas e prestavam cultos a esses deuses. No Evangelho deste domingo, Jesus fala de profundas mudanças no sol e na luz. Sua principal utilidade (iluminar) será cancelada. Estes astros cairão do céu, uma forma de dizer que esses tiranos que cultuam os astros, um dia, serão derrubados (derrotados) e, em seu lugar, surgirá o Filho do Homem. Esta figura comum em vários textos do AT significa a “humanidade”, mas, no livro de Ezequiel, adquire um significado especial: representa toda a humanidade que está ao lado de Deus. No livro de Daniel, a expressão “Filho do Homem” é utilizada em oposição aos reinos tiranos da história que são representados pelo profeta com animais ferozes e desumanos. Daniel vê que, um dia, surgirá um reino que vem do céu, um reino profundamente humano.
No Evangelho de Marcos deste domingo, o Filho do Homem virá sobre as nuvens com grande poder. Os outros “impérios tiranos” terão desaparecidos e somente o Reino pleno de Deus para a humanidade vai prevalecer. Para preparar este tempo favorável do Filho do Homem, Deus enviará para toda a terra, anjos com a missão de reunir todos aqueles que forem escolhidos por Deus. Neste texto, os anjos não são somente os seres espirituais que conhecemos, mas também pessoas (mensageiros neste mundo) que irão cumprir esta mesma missão.
Nosso Senhor lembra alguns sinais de quando este tempo estará próximo. Primeiro, ele lembra que a figueira é a última planta que dá sinais da proximidade do verão. Conforme uma figueira se modificava, sabia-se se a próxima estação estava para chegar. O exemplo que Jesus nos dá é um convite a sermos sensíveis e capazes de perceber os sinais, ao nosso redor, da proximidade do tempo do Reino do Filho do Homem.
O mundo pode ter o seu caminho e achar que está fora do projeto de Deus, mas não é assim. Nós todos estamos dentro de um grande projeto de plenitude do bem que Deus sempre planejou para todos nós. A história não está sem rumo e sem destino, mas tudo está caminhando para um grande final onde o bem vai prevalecer para sempre e o mal, com todas as suas representações e raízes, será eliminado para sempre. Nós, cristãos, somos a geração nova que nasce de Cristo com sua morte e ressurreição. Tudo vai passar, mas não as palavras de Jesus. Até o final dos tempos, aqueles que forem dignos farão parte deste novo momento da história que o Apocalipse chama de “Nova Jerusalém”. Povos e reinos tiranos desaparecerão da terra (“astros que caem”), mas o Reino de Céus, que possui a nova geração de Cristo, jamais será vendido, pois é sustentado por Deus.
Tragédias e catástrofes, que sempre tivemos, infelizmente, ainda nos acompanharão até quando o Reino Definitivo planejado por Deus acontecer. O mal somente reforça a grande necessidade que temos de nos aproximarmos cada vez mais do bem e daquilo que Deus quer de melhor para nós. Para nós, cristãos, o final dos tempos será um momento de encontro, da plena luz do amor de Deus e realização definitiva do projeto de Deus planejado desde o início para a humanidade. Por fim, Jesus alerta que “esta geração” não passará sem ver tudo se realizar. Esta geração pode ser todos aqueles que foram gerados filhos e filhas de Deus pela fé e pelo Batismo. Os cristãos serão testemunhas e verão as palavras de Jesus se realizarem.
As perguntas que normalmente fazemos: quando será tudo isto? Quando o mundo, de fato, vai atingir o seu ponto máximo para a manifestação do Filho do Homem? Jesus nos alerta que ninguém sabe: nem os anjos, nem Ele mesmo (Jesus) teve esta missão de revelar, pois somente Deus Pai sabe. Isto não é um motivo de tristeza, mas de renovar nossa confiança em Deus, pois certamente acontecerá.
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Pe. Dirlei Abercio da Rosa
Presbítero da arquidiocese de Pouso Alegre,
mestre em Ciências Bíblicas (Instituto Bíblico, Roma)
e professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre