#Reflexão: 3º Domingo do Advento (Ano C – 12 de dezembro)

6 de dezembro de 2021

A Igreja neste domingo (12) celebra o 3º Domingo do Advento. Reflita e reze com a liturgia deste dia.

1ª Leitura – Sf 3,14-18a

Salmo – Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R.6)

2ª Leitura – Fl 4,4-7

Evangelho – Lc 3,10-18

Acesse aqui as leituras.

 

CONVERSÃO, OBRAS DE JUSTIÇA E CARIDADE

O Natal que estamos para celebrar traz sempre consigo uma atmosfera de alegria e paz. Mesmo vivendo um tempo com tanto barulho, insegurança e diversos temores, o Natal nos convida a nos alegrarmos, pois Deus se fez e continua a se fazer presente em nossa história. No Natal, recordamos que Deus que se reveste de uma realidade que nós não estamos acostumados a perceber. A misericórdia de Deus o conduziu até a nossa miséria, não em sua grandeza e onipotência, mas em uma criança. Um filho é a imagem daquilo que temos de mais belo e humano. Deus escolheu fazer parte de nossa história, dentro de nossa história e da realidade humana.

O modo de Deus agir sempre vai além, nos surpreende continuamente, rompe os nossos esquemas e o nosso modo limitado e mesquinho de ver o mundo, os outros e nós mesmos. Deus não “se contentou” em nos amar e nos perdoar. Ele quis ir além. Misericórdia em Deus é abraçar e envolver o pecador para fazê-lo sentir o coração Dele bater próximo do seu coração. No Natal, nos deparamos com uma cena que nos espanta, pois Aquele que é tudo quis se aproximar de nós com quase nada. Questione-se: o que há de grandioso no presépio onde Jesus nasceu?

Na primeira leitura, temos a Palavra de Deus expressa com termos que nos dão a ideia de um Deus que está em festa e em plena alegria: “Solta gritos de alegria!”, “Solta gritos de júbilo!”, “Alegra-te e rejubila-te!”, “transporta alegria por ti!, “exulta de alegria a teu respeito!”. Não obstante os temores pelos quais o povo passava em terra estrangeira e como escravos, Deus usou palavras de esperança e encorajamento: “O Senhor revogou tua sentença”, “afastou teu inimigo”, “não temas!” e, por duas vezes enfatizou: “O Senhor está no meio de ti!”. Essas são palavras que descrevem nosso Deus como que envolvendo, protegendo e carregando o seu povo em seus braços.

No Evangelho de Lucas, temos novamente a figura de João Batista que, no domingo passado, o evangelista recordou que foi escolhido, em meio a tantos poderosos daquela época. Ele deu início a sua missão de preparar a vinda do Messias Jesus e sua pregação era de penitência que se realizava com um batismo penitencial.

João pregava longe da cidade e do Templo, mas multidões e vários tipos de pessoas iam ouvi-lo no deserto e muitos procuravam mudar de vida. As palavras do precursor Batista eram fortes e decisivas contra aqueles que, mesmo estando em pecado, não queriam abandonar o pecado. Mas muitos procuravam saber o que era necessário realizar. Três grupos de pessoas perguntam para João o que deveriam fazer.

Ao povo, João Batista reforçou a necessidade da caridade. Não ordenou que multiplicassem orações e realizassem exercícios extremos de penitência, mas que deveriam pensar no próximo. Naquela época, o povo possuía, praticamente, o extremo necessário, mas havia muitos que estavam desprovidos até do mínimo para ter dignidade (roupa) e para a sobrevivência (se alimentar). João conhecia bem o povo simples que o escutava, por isso, não pediu gestos extremos, mas a partilha. Ele não aconselhou que deveriam dar a roupa que possuíam, mas somente quem possuía duas roupas (túnicas). Lembre-se de ele que nem sequer tinha roupas (usava peles de camelo). Quem tinha um pouco mais foi chamado a partilhar pensando não naquilo que iria perder (a segunda túnica), mas naquele que nada possuía. O mesmo sugeriu sobre o alimento: pensar naquele que não tinha nem o necessário para sobreviver, lembrando que João Batista se alimentava de quase nada (mel e gafanhotos).

Os publicanos eram responsáveis em cobrar os impostos e taxas. Quem assumia esse trabalho, deveria cobrar das pessoas os valores devidos e repassar aos romanos. O conselho que João Batista deu aos cobradores de impostos nos leva a entender que muitos exploravam e extorquiam muito além do justo valor, por isso, afirmou João que o caminho era ser justo e não fazer nada além daquilo que tinha sido combinado.

Os soldados tinham a função de manter a ordem, mas muitos aproveitavam do poder que possuíam, maltratavam e defraudavam as pessoas. Um típico caso de abuso de poder. João, novamente, insistiu que deveriam cumprir o dever de forma honesta e correta, bem como, se contentar com o salário devido.

Em todos os casos, João Batista não aconselhou as pessoas a abandonarem seus serviços, mas a serem um sinal de justiça e honestidade. De fato, em todos os ambientes que hoje identificamos como de “pecadores”, precisamos de pessoas que testemunhem aquilo que é justo e correto. O mundo somente irá mudar quando os bons e justos começarem a testemunhar decisivamente onde vivem, os valores do Evangelho de Jesus.

Paulo esperava que os membros da sua comunidade fossem conhecidos pela bondade que cada um deveria mostrar para as pessoas. É o que João Batista aconselhava as pessoas: que a caridade fosse a luz na vida daqueles que tinham fé e que essa luz brilhasse neste mundo onde nós nos encontrarmos.

Lucas, no Evangelho deste domingo, completa dizendo que o modo como João Batista conduzia sua missão era algo tão diferente e inovador que as pessoas começaram a pensar que talvez ele fosse o Messias. João não tinha medo de anunciar a Boa Notícia da vinda do Messias, de pregar a penitência como caminho de preparação para a chegada do Salvador, mas também tinha palavras contra os tiranos e injustos de seu tempo. Por isso, a multidão acreditava que ele talvez fosse o Messias esperado por todos.

Muito belo é o gesto do Batista que se revelou como alguém a serviço de Deus e que, em relação ao Messias, não era ninguém. Ele era somente a voz, Jesus é a Palavra. A voz desaparece, mas a Palavra de Deus permanece. Diante de Jesus, João Batista se colocou como alguém que não serve nem como um servo que arruma as sandálias do seu Mestre. Até seu batismo é limitado (de penitência), por isso é de água e precisa ser repetido, mas o Batismo de Jesus é único e definitivo como fogo que queima e deixa sua marca.

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