#Reflexão: 4º Domingo do Advento (Ano C – 19 de dezembro)

13 de dezembro de 2021

A Igreja neste domingo (19) celebra o 4º Domingo do Advento. Reflita e reze com a liturgia deste dia.

1ª Leitura – Mq 5,1-4a

Salmo – Sl 79 2ac.3b.15-16.18-19

2ª Leitura – Hb 10,5-10

Evangelho – Lc 1,39-45

Acesse aqui as leituras.

 

MARIA, A MÃE DO MEU SENHOR

Estamos próximos de celebrar o Natal. E, como é próprio desse tempo, pensando nos momentos que pretendemos passar juntos com nossos familiares. Alguns talvez irão viajar neste tempo. O Evangelho de hoje também fala de viagens, encontros e alegrias.

Lucas, no Evangelho deste domingo, relata o momento que sucedeu ao anúncio do anjo Gabriel a Maria. Ela foi correndo à casa de Isabel. Gabriel lhe tinha anunciado outra obra de Deus que estava a caminho: sua parenta, apesar da idade avançada e esterilidade, estava grávida. A jovem Maria foi às pressas oferecer alguma ajuda e ser solidária a uma mãe tão especial que estava no sexto mês de gestação.

A solidariedade tornou-se o sinal mais forte da graça de Deus em Maria. Ela, que foi revelada pelo anjo como sendo alguém especial diante de Deus (“cheia de graça”, “o Senhor está contigo”, “obtiveste graça junto de Deus”), se colocou à serviço e presente na vida de Isabel. Lucas, mais uma vez, ressaltou a grandeza dos pequenos e colocou no centro da história os marginalizados: uma jovem menina da periferia da Galileia e uma idosa grávida nas montanhas de Judá. Os homens ficaram de lado: Zacarias, que falava, tornou-se mudo pela falta de fé; José, que nada dizia, descobriu que devia somente se colocar ao lado de Maria e do projeto de Deus.

O evangelista nos disse que Maria entrou na “casa de Zacarias”, mas o “dono da casa” não é cumprimentado e nem participa de tudo que aconteceu (lembrando que ele ainda estava mudo). Maria trazia em seu coração e acreditava em tudo que tinha ouvido do anjo Gabriel. Sua primeira reação foi se colocar em viagem para encontrar Isabel. Bastaram as palavras de Maria para que sua parenta tivesse mais um sinal da grandeza de Deus. João que estava ainda em formação no ventre de Isabel, exultou de alegria com a voz da Mãe do Salvador. Lucas nos diz que a idosa senhora grávida “ficou cheia do Espírito Santo”. A voz de Maria transmitiu o que havia de melhor de Deus: o Espírito Santo. Maria, que é “cheia de graça”, distribuiu graça por onde passava e com quem ela se encontrava.

Isabel não respondeu a saudação (possivelmente, o costumeiro “shalom”), ela exultou e, com um grito, expressou sua imensa alegria por toda presença de Deus em sua vida. Novamente, conhecemos algo a mais em Maria através de Isabel. Ela anunciou a proximidade que existe entre Maria e seu filho Jesus: são benditos de Deus, mas cada um em sua realidade. Maria é “bendita entre todas as mulheres”: não há ninguém neste mundo tão especial quanto ela, conforme o próprio anjo Gabriel já tinha revelado. Jesus é bendito por excelência, pois é o próprio Salvador do mundo presente em nossa história. A segunda exclamação de Isabel completou a união especial desejada por Deus entre Maria e Jesus: “ela é mãe do meu Senhor”; não é mais “uma mãe” que inicia sua gestação bem como não é mais “uma criança” que vem ao mundo: ambos são especiais para a história humana.

Não se tratava de uma visita corriqueira e comum, mas de alguém que inundava a graça do Espírito Santo por meio de sua voz e já trazia consigo, em seu ventre, o Salvador da humanidade. A visita foi de grandíssima importância, rompeu o tempo e se perpetua na história da fé cristã.

Duas mulheres com corações que batem em sintonia com Deus. Eram sensíveis à graça e prontas para dar cumprimento à vontade de Deus. Traziam no ventre muito mais que duas crianças que são sempre alegria para qualquer família: elas estavam gerando a esperança de todo povo de Deus. Juntas, louvavam o presente em suas vidas e cantavam o futuro da humanidade. Elas reconheceram a grandeza de Deus que, através da fragilidade de ambas, construiu projetos para todos os povos. Maria e Isabel se descobriram especiais dentro de algo que iria além das duas famílias, daquele povo, daquele tempo.

Tudo tem seu início e cumprimento, graças à fé de Maria, conforme disse Isabel. O “sim” confiante da jovem de Nazaré desencadeou o projeto de Deus que escolheu um modo tão próprio de nossa realidade humana para vir ao mundo: em uma família e como uma criança.

Natal é tempo de preparações especiais, mas tudo perde o seu verdadeiro brilho e encanto quando a fé em Deus fica esquecida e abandonada. As duas mães exultaram de alegria pela presença de Deus em suas vidas que gera novas vidas. Nosso Deus é portador de alegria e verdadeira felicidade, mas é necessário ter sensibilidade para descobrir sua grandeza e presença, como Isabel que se encheu de alegria com uma simples saudação.

Maria e Isabel são sinais da vontade de Deus que escolhe seus próprios caminhos, quase sempre priorizando os humildes, os esquemas mais simples, os lugares longe da agitação do mundo e sempre sem fazer barulho ou escândalo. No Natal, fica evidente que Deus quer entrar na vida de todos por meio do encanto de uma criança recém-nascida, sendo Ele mesmo a luz na vida e nos corações das pessoas, sem provocar medo e morte.

Todos que participaram do Natal de Jesus (Maria, José, Isabel e Zacarias, os profetas do Templo…) se revelaram pessoas sensíveis ao plano de Deus e que aprenderam a ter confiança plenamente em Suas Palavras. Zacarias não acreditou inicialmente nas palavras do anjo e recebeu um pequeno castigo de uma mudez temporária; Maria se colocou diante de Gabriel: “aconteça segundo a tua palavra”; José nada disse, mas escutou e confiou nas palavras do anjo que lhe revelou em sonho o que tinha que fazer; e Isabel que percebeu, já na voz de Maria, a presença do próprio Verbo de Deus no mundo.

Miqueias profetizou sobre Belém, pequena vila da grande Jerusalém. Ela teria um hóspede que iria mudar toda história. E, isso aconteceu. No Natal de Jesus, Ele é a luz, Ele é o maior presente que nada quer para si, mas se doa totalmente aos outros. É uma entrega que rompe todos os sacrifícios e sofrimentos (como nos lembra a 2ª leitura) para perpetuar o amor em forma de doação desde o presépio até a cruz.

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