#Reflexão: Assunção de Nossa Senhora (Ano B – 15 de agosto)
A Igreja celebra neste domingo (15), a Assunção de Nossa Senhora. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.
1ª Leitura – Ap 11,19a; 12,1-6a.10ab
Salmo – Sl 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b)
FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA
A solenidade da assunção de Maria aos céus celebra não somente um momento especial que coroa a vida de Maria, mas também apresenta um dado fundamental de nossa fé: a ressurreição do corpo. Assim, celebrando esta festa de Maria, celebramos também a nossa fé. Deus não despreza o corpo de sua criatura: ele também será transfigurado e ganhará a eternidade.
Na 2ª leitura de hoje, São Paulo nos lembra deste dado importante de nossa fé: “Cristo ressuscitou como primícias (primeiro) dos que morreram” (1Cor 15,20) e em seguida nos diz que outros também farão o mesmo caminho: “Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda” (v.23).
Assim, a assunção (subida) aos céus de Maria, está dentro da promessa de ressurreição, para todos os que creem em Jesus, seria algo em um momento futuro (final dos tempos), mas Maria teria sido a primeira entre as criaturas a experimentar esta graça.
Dessa forma, sabemos pelos textos evangélicos que Maria é alguém muito especial. Já no anúncio do anjo Gabriel, sabemos como Maria é conhecida no céu: ela é “Cheia de graça”. No Evangelho, vemos Maria que se coloca em viagem, com pressa, pois o “amor sempre tem pressa”. A mãe de Jesus é a mulher do caminho e da viagem, jamais está sozinha nos Evangelhos. Duas mães grávidas e certamente, com os seus maridos ao lado, mas são elas que cantam louvores a Deus por tudo que estava acontecendo. Isabel, após ouvir a saudação de Maria, se enche do Espírito Santo. Ela recebe este dom através da voz de Maria. O menino Jesus começava a ganhar existência em seu ventre e Maria já anunciava o Salvador com uma simples saudação. Nas palavras de Isabel, conhecemos outro privilégio de Maria: é chamada de “Mãe do Salvador”. Por isso, a igreja nos primeiros séculos proclamou Maria como Mãe de Deus.
Maria foi especial desde sua origem, sem pecado (Imaculada Conceição), pois era necessário que gerasse em seu ventre o Salvador. Jesus não poderia receber em herança a mancha original que nos impedia de entrar em comunhão com Deus. No ventre de Maria, tudo que sempre foi positivo na humanidade foi passado a Jesus, pois “Ele foi igual a nós em tudo, menos no pecado” (Hb 4).
Percebemos que entre Maria e Jesus há uma grande proximidade que nasce da realidade entre uma mãe e um filho. Isabel também nos revela que “Maria é bendita entre todas as mulheres”, ela está acima de todas, pois não é somente uma mulher que gera uma criança (algo que já é sublime), mas porque é bendita como Bendito é o fruto do seu ventre, Jesus. Isabel deixa claro que Maria compartilha tantas graças e privilégios não por imposição de Deus (sem sua vontade), mas porque ela acreditou, assim, ela se torna participante e assume em si tudo que Deus preparou para ela.
Com uma vida tão expressiva de comunhão e fé no projeto de Jesus, Maria desde o início da caminhada da Igreja ganhou espaço nas celebrações e tradições como aqueles que participaram ativamente do projeto redentor de Cristo. Assim, nos primeiros séculos fortaleceu a crença que o final da vida da Mãe de Jesus também foi especial e diferente.
No Oriente logo apareceram devoções mostrando que ela teria tido um fim não semelhante ao nosso, mas do seu filho. Dizem que teria feito uma passagem deste mundo para a eternidade como se fosse um sono. Um fato ajudou a despertar essas devoções: não se sabe onde Maria foi sepultada. Assim, ela teria passado deste mundo como uma pessoa que dorme e despertou na eternidade de Deus.
No decorrer da caminhada da Igreja, a devoção sobre a passagem de Maria desde mundo para a eternidade como algo semelhante a Cristo foi se desenvolvendo e aprofundando. Alguns santos e teólogos procuraram não somente confirma a tradição, mas também aprofundar sua possibilidade.
Assim, Maria que viveu de um modo tão especial e também revestida com tantas graças únicas para uma criatura (“cheia de graça”), não teria conhecido o destino comum a todos os seres humanos que é a corrupção da carne. Como Cristo, ela teria morrido, mas seu corpo teria sido levado aos céus. Este é um dos pontos principais de nossa fé: crer na ressurreição da carne. O que acreditamos ser uma promessa e esperança para todos nós em um momento de nossa realidade após esta vida, Maria já teria sido agraciada com tamanha dádiva. O destino final de Maria é também o nosso destino.
Na 1ª leitura, temos uma imagem do Apocalipse de uma Mulher revestida de sol. Ela tem a proteção das principais forças da natureza contra a principal força contrária e negativa representada pelo dragão. A Mulher cheia de luz está grávida. O filho, nós identificamos se tratar de Jesus; a mãe, podemos concluir que se trata de sua mãe Maria. Ela faz parte de um projeto que não se limita a um tempo e história, mas participa de algo que está desde sempre previsto como positivo e cheio de vida. Contra a Mulher revestida de sol, o dragão não consegue nada.
Maria, Mãe de Jesus e nossa mãe continua sua missão junto à Igreja de Cristo que permanece na história, constantemente, atacada pelo mal, mas também protegida por Deus.