#Reflexão: Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor (31 de março)

29 de março de 2024

A Igreja celebra Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor, neste domingo (31). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: At 10,34a.37-43
Salmo: 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24)
2ª Leitura: Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Jo 20,1-9

Acesse aqui as leituras.

DOMINGO DE PÁSCOA – CRISTO RESSUSCITOU!

A morte de Jesus também foi uma experiência frustrante e decepcionante para todos os discípulos. Eles tinham convivido juntos com Jesus por, pelo menos, três anos. Desde o início de sua vida pública, Jesus se mostrou como alguém com uma proposta inovadora e revolucionária. Os discípulos tinham presenciando um Mestre (Jesus) que não se deixava intimidar por nada e ninguém. Até mesmo o Mal tinha sido derrotado por Cristo em diversas circunstâncias. Os discípulos O viam como um “super-herói” imbatível. Mas, nos últimos dias de Jesus em Jerusalém, Ele se mostrou, aparentemente, igual a qualquer outra pessoa. Ele foi humilhado, sofreu muito, dores insuportáveis e foi desprezo. Tudo e todos demonstravam ser mais fortes que Jesus. Definitivamente para os discípulos, Aquele que se entregou silenciosamente a morte não era o Senhor que eles conheciam.

Pedro acompanhou incrédulo o processo injusto e de morte talvez até esperando alguma reação, algum milagre da parte de Jesus para se livrar dos soldados e da condenação certa, mas nada aconteceu. Na lógica humana, a morte não tem nenhum sentido e para Pedro se revelava uma loucura maior alguém que poderia se livrar dela, resolve escolher livremente morrer, aparentemente, como mais um inocente condenado injustamente. Alguns devem ter afirmado: a que coisa serve sofrer como nós sofremos, ser humilhado como tantos são humilhados, morrer como todos nós? Eles queriam um Mestre que resolvesse o problema da dor, dos sofrimentos e da morte e não alguém que fosse solidário a todos que percorrem este caminho.

Os discípulos não tinham entendido quase nada da proposta de Reino de Deus que Jesus procurou ensinar. A morte do Mestre Jesus se revelou como algo estranho e longe da lógica humana.

Páscoa significa “passagem”, Jesus fez a sua passagem desta vida para Verdadeira Vida com a sua Ressurreição, mas os discípulos precisavam também fazer uma “passagem” para entrar na Verdadeira proposta de Deus para humanidade. Era necessário abandonar todas as ideias pessoais, interesseiras e limitadas sobre Jesus que todos tinham construído seguindo o Mestre Jesus pelas terras da Galileia.

Jesus Cristo é algo muito mais profundo, mais abrangente e perene do que eles imaginavam. Era necessário entrar na “lógica de Deus”.

O relato da Ressurreição de Jesus no Evangelho de João que meditamos neste domingo é mais centrado em fatos e detalhes mais significativos sobre a Páscoa de Jesus. O “túmulo vazio” representa uma grande ausência e um imenso vazio em relação às ideias limitadas sobre Jesus. Nosso Senhor não foi somente alguém que foi útil para curar doenças, resolver problemas, dificuldades pessoais e sofrimentos desta vida, muito menos alguém como uma proposta revolucionária e social.

Jesus é muito mais do que isto! Era necessário “enterrar” esta ideia de um Deus que é útil somente quando nos serve ou resolve nossas dificuldades.

O relato da Páscoa de Jesus inicia ainda com as cores da morte e da decepção dos discípulos. Também o sábado ficou para traz e tudo tem início no primeiro dia da semana: o domingo. São as mulheres entre os seguidores de Jesus que se rebelam e não se contentam com a última cena que viram aos pés da cruz. As mulheres possuem a capacidade de acreditar também com o coração e não somente com a lógica. Ademais, amar e crer estão profundamente ligados: nós verdadeiramente acreditamos quando amamos. Elas foram fiéis até o último momento, mas tudo não tinha ainda sido suficiente para Madalena. A discípula queria ainda chorar diante do túmulo do Mestre Jesus. A dor da perda ainda era imensa e sem solução. Ela vai ao encontro de alguém que se associava a tantos outros no sono da morte. Ela procura Jesus ainda na noite da derrota para o único inimigo (a morte) que ninguém – até então – tinha uma solução ou resposta.

Os seus olhos estavam à procura de um morto, mas Madalena se depara com um túmulo vazio. Tudo inicia ter um ritmo diferente e agitado: Ela corre do túmulo e, depois, os discípulos também correm para ver o sepulcro de Jesus. Ela transmite a primeira mensagem da Páscoa: o túmulo está vazio e falta um corpo na lista dos mortos. Para Maria (e outras mulheres que estavam com ela) ouve um roubo, mas foi a morte quem foi assaltada pela ressurreição de Jesus.

A corrida dos discípulos é descrita como uma competição entre o ver e o acreditar. O discípulo descrito como “amado de Jesus” chega primeiro, mas respeita aquele que foi escolhido como “primeiro apóstolo”. Os dois veem o sepulcro e constatam os detalhes que revelavam algo novo e inexplicável.  O primeiro discípulo que tinha chegado, aquele que tinha se inclinado ao peito de Jesus durante a última ceia, começa a acreditar que mais uma vez, Jesus estava surpreendendo a todos.

O evangelista João apresenta uma observação sobre o espanto dos discípulos diante do túmulo sem o corpo de Jesus: eles não tinham entendido as Escrituras.

A Páscoa de Jesus não muda o último destino da realidade humana: a morte. Jesus ao escolher enfrentar este inimigo da humanidade, Ele completa a sua missão de Pastor de todos os homens e mulheres. Era necessário também guiar a todos por este último caminho que percorremos neste mundo.

Mas, Jesus vai além de simplesmente sofrer e morrer na cruz: Ele abre uma nova via e ensina a todos que até a morte pode ser vencida por todos aqueles que acreditarem Nele e viverem o que Ele mesmo ensinou. O ato de Jesus foi único, pois a sua doação na cruz foi expressão do Amor total e infinito de Deus: somente o Verdadeiro Amor pode vencer a morte. Este Amor pleno e cheio de Misericórdia de Deus destruiu todos os obstáculos que nos separavam de Deus.

Não foram somente os sofrimentos e as dores que Jesus sofreu e carregou até à Cruz que nos salvaram, mas sim o Amor de Deus que abraçou todos os pecados e suas consequências (sofrimentos de todos os tipos), pois foi este Amor Pleno e total de Jesus que o conduziu através da morte até a Ressurreição. Assim, a Ressurreição não foi uma vitória somente de Jesus, mas também de todos os seres humanos, pois junto com Jesus que morria na Cruz estávamos todos nós; no Cristo que ressuscita também todos nós estamos presentes. Agora também nós podemos “passar pela morte” e ressuscitar como Jesus Ressuscitou percorrendo o mesmo caminho.

Pedro na primeira leitura se apresenta como alguém que anuncia a Boa Nova da Ressurreição de Jesus, mas o quer fazer não somente com discursos e ideias inovadoras, mas como testemunha. A sua vida e de todos os que anunciavam Jesus Ressuscitado é a prova mais convincente que tudo é realmente transformador e verdadeiro. Os apóstolos e os primeiros cristãos mesmo diante da morte não renunciaram esta fé em Cristo Ressuscitado. A Ressurreição de Jesus não é um fato ou uma mera novidade, mas algo que revolucionou a vida de todos que O conheceram e pode sempre produzir o mesmo bem a quem acreditar em Cristo como sentido pleno e total de sua vida. É uma proposta de vida que inicia neste mundo e tem sua máxima manifestação não na morte (coisa certa para todos), mas na vida além e nossa existência. Aquele que crê, como nos diz São Paulo, deve viver tudo com os pés neste mundo tendo o coração e a sua vida na Verdadeira Vida que Jesus inaugurou com a sua ressurreição. Buscamos não as coisas passageiras, mas sim aquilo que nos conduz para o alto, para Deus. Dessa forma, devemos viver intensamente o Amor de Deus já neste mundo para podermos compartilhar o pleno Amor de Deus na eternidade. 

Uma Boa e Feliz Páscoa a todos!

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