#Reflexão: Domingo de Ramos da Paixão do Senhor (13 de abril)

9 de abril de 2025

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A Igreja celebra o neste domingo a Celebração de Ramos da Paixão do Senhor (13). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 50,4-7
Salmo: 21(22),8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)
2ª Leitura: Fl 2,6-11 ou mais breve 23,1-49
Evangelho: Lc 22,14-23,56

Acesse aqui as leituras.

DOMINGO DE RAMOS

            Com a celebração de Domingos de Ramos encerramos a caminhada quaresmal com o início da semana dos últimos momentos de Jesus com seus discípulos. Jesus se preparou e desejou ardentemente estar com seus discípulos pela última vez, mas eles ainda se mostraram profundamente mergulhados em outras ideias e projetos. Jesus estava cercado por pessoas, mas ainda não de discípulos.

A solene liturgia de hoje inicia com Jesus que entra triunfantemente em Jerusalém. O povo aplaude, agita ramos, estende seus mantos para o rabi da Galileia que passa. Uma pequena glória antes do desastre, um frágil reconhecimento antes do delírio. O Nazareno agora sorri e escuta o louvor que é dirigido a Ele a ao Pai. Messias indefeso e manso, cansado e determinado. Ele entra em Jerusalém montado num jumentinho, não tem soldados ao seu lado para escoltá-lo e protegê-lo, nenhuma bandeira ou insígnia o precede, nenhuma autoridade o recebe: ele entra na cidade montado em um animal de serviço e desarmado para ensinar que poder é servir; que poder é amar e libertar cada pessoa; que poder é fazer a paz (P. Curtaz).

Conforme vemos no Evangelho de Lucas, os momentos da paixão de Jesus iniciam-se ainda no momento da Última Ceia: onde Jesus que se doa a todos em um gesto único e quase incompreensível para os discípulos. O Mestre se entrega primeiro como alimento sobre a mesa, depois será como vítima na cruz. Doar-se completamente, gesto comum e único de Jesus que resume a sua vida;

Jesus tem consciência das intenções de todos, mesmo a mais horrível que era o desejo de traição de Judas. Mas, nada muda o seu desejo de celebrar a sua vida na Ceia Eucarística. Nada muda o coração de semear sempre vida e amor em gestos. Conhecemos no Evangelho de São João, o intrigante e questionador gesto do Lava-pés.

Os apóstolos ao redor de Jesus estão perdidos em sonhos tão humanos e mundanos: quem era o maior entre eles… Estão cheios de desejos, mas vazios do projeto de amor de Deus. Amar – ensina sempre Jesus – é ser menor; não é estar acima, mas ao lado das pessoas; não estar impondo sobre todos, mas servindo a todos. Ser maior como Jesus, é ser servo e estar sempre a serviço.

Especial atenção na Última Ceia, Jesus tem com Pedro que assumirá a missão de continuar este serviço ao próximo. Jesus confia no seu primeiro apóstolo, mesmo que o apóstolo pescador ainda tenha mais promessas do que certezas em seu coração: “Darei minha vida…” pobre Pedro!

Jesus convida seu grupo a se preparar, se armar, para o que se aproxima. Tempos difíceis em que todos terão que ter espadas especiais para os momentos de perseguição que vão começar com o próprio Jesus e depois com os próprios discípulos, mas eles entendem de uma espada que mata e que perpetua a morte. Não há mais nada para fazer com os discípulos! “Basta!” Diz Jesus. É preciso mostrar o que significa viver o amor em plenitude e intensamente.

No monte das Oliveiras, Jesus reza e sua oração tem o rosto de inúmeras pessoas que sentem o peso do sofrimento; que sentem tudo se fechar em um túnel escuro que rouba o pouco de esperança que se tem. Mas, em tempo, Ele renova sua confiança em Deus: “…que se faça sua vontade e não a minha!

Mas, qual é a vontade de Deus Pai? Que seu filho sofra? Que Jesus também sinta o peso do sofrimento humano onde Deus “aparenta” estar distante? Não! A vontade do Pai é que os outros seus filhos – nós pecadores – pudessem ter reaberta a estrada para a eternidade. Era necessário que a dor, o sofrimento e todos os pecados que atingem a humanidade pudessem ser sufocados pelo amor mais profundo e restaurador. Era necessário que o último obstáculo que separava todos de Deus fosse superado: a morte.

Aqui inicia a entrega de Jesus que tem seu ponto alto na Cruz. Cristo abraça esta missão livremente e consciente que o amor que O une ao Pai, será a resposta que toda a humanidade precisava sentir.

Aparece Judas, um dos 12 que com um beijo define seu destino. Jesus não significa mais nada para ele. O beijo expressa não sua proximidade, mas exatamente o abismo em relação ao coração do Mestre. Mas, os apóstolos também querem mudar o rumo de tudo com espadas. Querem uma revolução que mata, Jesus faz uma nova revolução que salva até mesmo aqueles que decidem sua morte. Não, Jesus não precisa que ninguém o defenda, principalmente, usando das armas deste mundo!

No processo de julgamento de Jesus na casa do sumo sacerdote, há uma nova atenção sobre Pedro. Ele tinha prometido um gesto radical a favor de Jesus, mas O segue a distância. Jesus estava sendo julgado pelas autoridades mais importantes e Cristo se cala, pois não há nada que fazer para que eles mudassem de ideia. Já Pedro não consegue sustentar sua pertença ao grupo de Jesus diante de servos e empregos. Jesus fica em silêncio que incomoda; Pedro chora porque é incapaz de afirmar sua ligação com Jesus.

Jesus sustenta suas palavras mesmo sabendo das consequências (queriam um pretexto para condená-Lo). Os religiosos da época usam de mentiras e inventam histórias para forçar Pilatos a uma atitude radical e condenar Jesus. Mais uma vez, a mentira está a serviço do mal, nunca do bem!

Pilatos e depois Herodes interrogam Jesus. Pilatos três vezes afirma que Jesus é inocente. Mas, o sumo sacerdote e a multidão queriam condenar Jesus ao qual as autoridades decretaram ser inocente. Mesmo reconhecendo a inocência de Jesus, Pilatos decreta seu fim. Justiça que mata inocente, nunca é justiça!

Os evangelistas nos lembram da presença de mulheres piedosas que choram por causa de Jesus e de um homem chamado Simão Cirineu. E foi somente este homem de Cirene – um desconhecido de todos – que fez o que nenhum apóstolo realizou: carregou a Cruz de Jesus atrás do Mestre.

No alto da cruz, diante das palavras de zombaria e desprezo, as únicas palavras de Jesus foram dirigidas a Deus como prece de súplica invocando o perdão do Seu Pai por todos os malfeitores. Jesus já na cruz tem a companhia de dois criminosos. São uma das últimas tentações de Jesus: provar que é messias segundo a vontade das pessoas, mesmo diante de um pedido de salvação: “Salva-te a ti mesmo e a nós!” Mas o outro condenado, sai em defesa de Jesus e em um último gesto de fé, já com a morte aos seus pés, também se entrega a Jesus. Ele ganha a salvação nos últimos momentos de sua vida!

Por fim, tudo se encerra com um grande lamento sobre a terra. Do meio-dia até as três da tarde, a terra é coberta de escuridão. Jesus está por fazer a última viagem que todos nós um dia percorremos. O véu do Templo que escondia a presença de Deus, é rasgado do alto a baixo: a revelação principal de Deus não acontece mais no Santuário, mas na cruz.

As últimas palavras de Jesus são de entrega, como foi toda sua vida. A morte de Jesus é um ato de doação plena ao Pai. Não é uma morte de Deus, mas uma morte em Deus Pai em uma entrega sem limites e plenamente confiante.

Um outro desconhecido se faz presente. É lembrado como homem bom e justo, e faz o último ato de piedade que Jesus não teve nem dos discípulos: pediu o corpo de Jesus para lhe dar uma sepultura digna.

Aprendemos com o amor de Jesus que quando se ama, Deus cumpre gestos muito humanos; também o homem quando ama, cumpre gestos divinos. Mas, por que Jesus se entrega à morte? Para ser como cada um de nós em nosso final de vida; para estar conosco em nossa última viagem.  Deus entra na morte porque lá vão todos os seus filhos e filhas.

Por fim, estes últimos dias de Jesus nos provocam a uma profunda meditação. Um Deus que nos espanta em seus gestos e palavras que vão além da nossa lógica e compreensão. Um que Deus não bastou lavar os pés dos seus discípulos, isto não lhe bastou! Que deu Seu corpo como alimento, mas isto também não lhe bastou! Por fim, se entrega complemente livre e pleno de amor com os braços abertos quase como um gesto de alguém que nem a morte rouba o seu profundo desejo de abraçar a todos!

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