#Reflexão: Festa da Apresentação do Senhor(02 de fevereiro)

29 de janeiro de 2025

A Igreja celebra a Festa da Apresentação do Senhor, neste domingo (02). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Ml 3,1-4
Salmo: 23(24),7.8.9.10 (R. 10b)
2ª Leitura: Hb 2,14-18 ou mais breve 2,22-32
Evangelho: Lc 2,22-40

Acesse aqui as leituras.

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

A família de Nazaré após o nascimento do menino Jesus precisava cumprir um último gesto segundo os costumes judaicos para um recém-nascido. Jesus era o primogênito do casal e segundo a Lei, após 40 dias do nascimento, Ele deveria ser consagrado ao Senhor (Ex 13,2.12.15) e em seguida, resgatado simbolicamente através de uma pequena oferta (Nm 18,15-16). Lucas menciona somente o primeiro rito. A mãe, por sua vez, deveria oferecer um pequeno sacrifício para se purificar do contato com o sangue no parto. Como eram pobres, bastava oferecer um par de rolinhas ou dois pombinhos (Lv 12,8). Lucas menciona o que costumeiramente se fazia, mas não narra quando os ritos foram realizados. Mas, o que aparentava ser somente mais um costume ritual a ser cumprido por parte dos pais de Jesus se transforma em mais uma manifestação de Deus.

Lucas afirma algumas vezes que o casal era um fiel cumpridor dos costumes religiosos da época. Foi um jeito do evangelista de informar que o Messias é alguém profundamente sintonizado com a vida do povo da época e está ligado a história de todos. Jesus não é alguém que se opôs a religião da época, pelo contrário, tudo inicia dentro de todas as instituições principais dos judeus: circuncisão, templo, resgate do menino e, depois adulto, nas sinagogas judaicas. Mas a proposta que Deus iria realizar em Jesus ia além destas instituições da época, por isso, eles aderiram aos ensinamentos e a Boa Nova apresentados por Cristo. Jesus inicia com os seus, mas eles O abandonaram e O condenaram por apresentar uma proposta de Deus diferente de tudo que viviam.

Desde antes do nascimento do Messias Jesus, várias pessoas participaram de diversas formas da revelação deste grande projeto de Deus que estava se concretizando segundo as profecias do AT. Anjos, parentes de Maria, pastores, estrangeiros (magos) e por fim, profetas foram coparticipantes deste grande evento e anúncio para a humanidade. Uma marca comum perpassa todas essas pessoas: são gente simples e quase periférica em relação à sociedade da época e até ao Templo de Jerusalém. Os principais daquele período da história quando foram informados do nascimento de Jesus, ficaram conturbados, assustados e amedrontados. Mas, os pobres de Deus se alegram e louvam por tudo que estava acontecendo e pelas maravilhas que Deus estava realizando.

Malaquias tinha profetizado que o Messias viria ao Templo e provocaria profundas mudanças. Com imagens fortes, o profeta anuncia um período de transformação da mesma forma que são fundidos o ouro e a prata (1ª leitura). Isto tudo aconteceu, mas não da forma que muitos esperavam. Jesus trouxe consigo algo que realmente pode mudar toda a história humana e dar sentido a existência do ser humano. Mas, tudo isto aconteceu no único lugar que Deus pode realmente reinar e tornar-se o bem mais precioso para todos: no coração de cada pessoa. A revolução aconteceu dentro de cada pessoa que aceitou e aceita o Messias.

Tudo estava travestido de simplicidade e pequenez, exatamente como Deus planejou e desejou desde o início, sem pompa e sinais esplendorosos que encantam os olhos, mas nem sempre permanecem no coração. Desde o nascimento de Jesus foi assim e teria que continuar assim.

Deus quis descer a realidade humana e ajudar a humanidade a redescobrir o significado do amor que não tem nada a ver com a beleza que os olhos enxergam e nem a riqueza que pode ser expressa em valores e quantidade. O amor é o belo que somente o coração sente; a maior riqueza que cada um pode carregar para sempre sem medo de perder algo. Por isso, Jesus veio ao nosso socorro, sem nada de grande aos olhos; se igualou a nossa realidade e natureza de filhos Abraão (2ª leitura) para nos resgatar à condição de filhos e filhas de Deus.

Lucas nos diz que Maria e José cultivavam o costume de ir ao Templo de Deus em Jerusalém. Como bons judeus, os pais sabiam e certamente realizavam esse gesto com satisfação e alegria. Se queremos Deus em nossa vida é necessário ir ao seu encontro. Participar de uma celebração com a frequência mínima – aos domingos – é criar um predisposição para Deus agir e se manifestar. No fundo não nos desligamos da vida, mas trazemos tudo que somos para que Deus ilumine com seu amor e suas graças para depois retornarmos para a nossa labuta costumeira, abençoados e iluminados pela sua palavra.

Naquele dia em que José e Maria foram ao Templo, Deus mais uma vez moveu pessoas e tocou seus corações. O casal tão logo entrou no Templo, Maria e José foram acolhidos não pelos sacerdotes ou qualquer outra autoridade religiosa, mas por um ancião que foi instrumento de Deus para anunciar ao seu povo quem estava ali. Eles não exerciam nenhuma função oficial no Templo e na sociedade da época, são dois amantes de Deus, com os olhos pesados pela velhice, mas ainda iluminados pelo desejo, capazes de se encantar por um recém-nascido, porque sentem Deus como futuro e como vida. Dois idosos que sabem esperar, mesmo tendo em suas mãos, o Verbo de Deus que não sabe ainda falar. Ele com o menino nos braços anuncia que as profecias sobre o Messias tinham se realizado naquele menino. Simeão esperava a consolação de Israel e representa todo o povo de Deus, o Espírito Santo tinha tocado seu coração e inspirado palavras. Ana, uma mulher que por quase toda sua vida esperava aquele momento se preparando com jejuns e orações, também louva a Deus pela realização das promessas ao seu povo.

Desde o nascimento do Messias, o anúncio da chegada do Salvador tinha acontecido, primeiramente, nos céus aos pastores por parte dos anjos, depois pelos reis do Oriente, faltava o Messias ser anunciado e apresentado no coração do Templo de Jerusalém, lugar sagrado e sinal por excelência da presença de Deus para o seu povo.

Simeão foi conduzido ao Templo, Ana tinha se consagrado ao serviço de Deus com penitência e jejuns, suas orações revelam a alegria que esse tempo chegou, que o novo supera o passado de expectativa; que o Menino vem ocupar o seu lugar no momento novo da história. A oração de Simeão é de despedida, pois Deus cumpriu suas promessas e o Seu novo projeto tem início com o Menino Jesus.

O profeta ancião proclama a início do tempo de luz e vida trazidos por Jesus em nosso meio. Simeão profetiza a realização das promessas do passado, mas também profetiza sobre o futuro de duas pessoas: Jesus e Maria. A união entre os dois não é uma ligação somente entre mãe e filho que já é profunda e significativa. Neste novo projeto de Deus, os dois estarão ligados nas alegrias e também nos sofrimentos para sempre. Jesus será motivo de queda e soerguimento para muitos e neste processo de conquistar os corações das pessoas, o coração de mãe também vai sofrer e se angustiar. A missão de Jesus não era uma tarefa fácil, mas desafiante e sem limites. A angústia e as tristezas no coração bondoso de Jesus serão também dor e sofrimento no coração de Maria. Simeão usa a forte imagem de um coração transpassado por uma espada: a mãe chora junto com seu Filho.

De fato, a história entre Maria e Jesus ao longo da missão de Nosso Senhor quase não se separa. Ela como mãe e discípula esteve junto de seu Filho em todos os momentos especiais, mas foi junto da cruz, ela em pé entrega definitivamente seu Filho para um caminho que Ele deveria fazer sozinho. Ela sem desespero testemunha a oferta maior que seu Filho Jesus fez para toda a humanidade. Menino Luz do templo se transforma em Luz Eterna para todas as pessoas na história.

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