#Reflexão: Festa do Batismo do Senhor (12 de janeiro)
A Igreja celebra a Festa do Batismo do Senhor, neste domingo (12). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Is 42,1-4.6-7
Salmo: 28(29),1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R. 11b)
2ª Leitura: At 10,34-38
Evangelho: Lc 3,15-16.21-22 (Jesus batizado por João)
FESTA DO BATISMO DE JESUS
A festa do Batismo do Senhor serve de ponte entre o Natal e o início da vida pública de Jesus (2ª leitura). Todas as promessas da parte de Deus que foram trazidas por Jesus são atualizadas em cada Batismo que é celebrado na Igreja. Através do Batismo, no Filho de Deus, todos nos tornamos filhos e filhas, irmãos e irmãs.
O Natal nos espanta pela generosidade e pela solidariedade de Deus para com toda a humanidade. Escolhe vir a este mundo de uma forma plenamente humana e onde a máxima riqueza de Deus pra nós se revela em uma criança e uma família. O rosto de Deus resplandece e brilha dentro de uma família!
O profeta Isaías (1ª leitura) nos lembra do amor predileto e pessoal de Deus que elege e cobre de afeto seu filho amado que é coberto pela graça de Deus e por isso até o seu modo de proceder, profetizar e anunciar demonstram o cuidado e a misericórdia de Deus. O Messias não é alguém escandaloso e nem barulhento, não extingue a esperança que ainda se mantém tênue e frágil com uma chama, mas a transforma em fogo abrasador. O amor possui esta capacidade de atingir o coração e produzir uma revolução dentro das pessoas que depois é traduzido em gestos e atitudes concretas de solidariedade. A “verdadeira religião” que anuncia o profeta Isaías é aquela que se preocupa com a pessoa humana começando pelas suas necessidades mais elementares e básicas. Os últimos e abandonados tornam-se os primeiros; lá onde impera a escuridão no abandono e da exclusão de tantas pessoas, onde estão os esquecidos, justamente lá iniciará a resplandecer a nova luz trazida por Jesus Cristo.
No tempo de Jesus havia uma grande necessidade de algo novo, profundo e acessível a todos que a religião oficial em Jerusalém não conseguia mais oferecer. No deserto e junto a um homem forte nas palavras, o povo encontrou uma nova esperança de que, novamente, Deus estava próximo do seu povo: “Pensavam que João Batista fosse o Messias”, nos diz Lucas. Exatamente neste contexto, João esclarece sua missão. João proclama que ele é somente uma simples amostra da força e do poder daquele que viria depois dele. Aquele que virá é maior e mais forte, pois tudo em Jesus rompe o tempo e a história, uma grandeza que atinge todo o mundo e toda a humanidade. O batismo de João era de água e atingia somente o corpo e o desejo de mudança com o reconhecimento do pecado. Era um banho (“batismo”) que preparava para a verdadeira transformação e a purificação que Jesus iria inaugurar.
A simplicidade de tudo até o momento do Batismo revela ainda mais a grandeza da encarnação do verbo que passa quase toda uma vida (30 anos), aprendendo e convivendo com os seus pais para no momento justo iniciar sua missão. Neste ato quase corriqueiro do batismo e entre tantas pessoas, desponta o Messias. Jesus nunca buscou privilégios, sempre esteve entre os simples e do meio deles, Jesus se deixa batizar por João no rio Jordão.
Somente o evangelista Lucas no diz que, enquanto o povo era batizado, Jesus também recebeu o batismo de João. Deus que se mistura em meio das pessoas e dos pecadores, como fará em sua vida pública. Jesus entra na fila dos comuns, como mais um, para no momento do Batismo ser revelado por Deus como alguém especial e escolhido: é o seu Filho Amado. O rito do batismo em si não é contado, pois o batismo de João não tem importância em si, mas foi somente como um instrumento da revelação divina que Lucas descreve com mais detalhes.
Jesus não precisava ser batizado por João (para o perdão dos pecados), mas era necessário que acontecesse a “passagem”, onde Ele se tornaria público, onde a missão de João se encerrasse e a missão de Jesus iniciasse. A partir daquele momento, a força redentora de Deus começaria sua missão com Jesus. De fato, se Jesus entrou nas águas como mais um a ser batizado, Ele sai do Jordão diferente conforme o evangelista anuncia. João podia somente oferecer a cada penitente arrependido um rito de purificação superficial, somente Jesus pode oferecer algo que expressa a força transformadora de Deus: o fogo do Espírito Santo! Logo que Jesus deixa as águas do Jordão, os céus se abrem e Ele vê e ouve a confirmação de Deus para o início de sua missão. Encerrava assim, o batismo de João, pois Deus tinha algo muito maior para oferecer a todos: o Espírito Santo.
Na ocasião do batismo, Lucas nos diz que “Enquanto Jesus rezava” há a manifestação da Trindade. Assim, também se revela a profunda ligação especial de Jesus com o Pai. Jesus não se torna filho no Batismo, mas naquele momento do batismo de João é que o mundo conhece Jesus como Filho, e Deus com Pai.
A experiência no momento do Batismo foi algo profundo e veio confirmar o amor de Deus para com Jesus. Com o Batismo, Deus Pai tira Jesus do anonimato e o manifesta ao mundo. Deus Pai proclama: “Tu és o meu Filho Amado”. A máxima relação entre Jesus e Deus na forma pessoal e íntima de se relacionar: “tu”, em uma relação profunda e de posse: “meu”, na ligação mais significativa que pode existir entre pessoas: “filho e pai”, de um jeito mais expressivo de acontecer tudo: “amado”; essa profunda relação entre Pai e filho ainda se conclui com: “em ti ponho minha afeição”. O Batismo de Jesus é uma perfeita declaração de amor entre Deus Pai e Jesus seu filho. Podemos dizer que no Batismo de Jesus tem-se também a Epifania (manifestação) de Deus Pai e o Espírito Santo.
Tudo isto não foi algo pessoal e exclusive com Jesus. Em Cristo nos tornamos filhos no Filho e herdeiros do mesmo amor. Cada pessoa batizada recebe o mesmo tratamento e recai sobre ela o mesmo amor. Jesus não diz nada em todo o relato, é passivo diante do amor de Deus e das graças do Espírito Santo que descem sobre Ele. Da mesma forma, ao ser batizado e batizada, cada pessoa recebe o mesmo amor que inunda e transforma toda pessoa. O Batismo marca o início da vida pública de Jesus. Com a confirmação e a unção para a missão, assim Jesus inicia o anúncio da Boa Nova.
Vimos que Lucas inicia dizendo de um profundo desejo do povo: esperavam o Messias. Quais são os desejos que nós, hoje, possuímos para a nossa vida? São somente desejos para este mundo (saúde, progresso financeiro, emprego etc.)? Tem-se a impressão que estamos perdendo o desejo pela vida eterna. Aquele povo encontrou em João a resposta e pensavam que ele seria o Messias. Ao ser perguntado, o Batista responde com firmeza: “eu não sou o Messias!” O risco ainda é atual de se ligar a pessoas como forma de responder a desejos eternos. João Batista foi decisivo em negar e também firme ao anunciar: Aquele que virá é mais forte do que eu! Uma força que não vem das armas, da violência e nem do confronto. Jesus é o mais forte, pois oferece Palavra e Vida eterna. Não precisamos de novos Messias, mas de viver Jesus como nosso único Messias colocando em prática o que Ele ensinou.
Jesus sai confirmado pelo amor de Deus para iniciar sua missão de anunciar o Reino de Deus e depois salvar a humanidade. O nosso Batismo deve também nos impulsionar a viver e anunciar o mesmo amor de Deus a todos que ainda não o conhece e aprofundá-lo com os irmãos e irmãs que já o receberam. Por isso, o Batismo não se limita a um rito que termina com a celebração, mas dali deve iniciar uma longa missão que perdura por toda vida do cristão. Primeiro na convivência e na partilha da fé e do amor com os pais; depois, na missão que o cristão deve assumir e viver por toda sua vida, pois o amor de Deus não tem limite e fim, é algo que já experimentamos neste mundo e que será pleno na eternidade.