#Reflexão: Solenidade da Ascenção de Jesus (21 de maio)
A Igreja celebra o 7º Domingo do Tempo Pascal, neste domingo (21). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: At 1,1-11
Salmo: 46(47),2-3.6-7.8-9 (R. 6)
2ª Leitura: Ef 1,17-23
Evangelho: Mt 28,16-20
ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR JESUS
Estamos próximos de encerrarmos as celebrações da Páscoa de Jesus e conforme os Textos Sagrados, a morte não marcou o fim da existência de Jesus, mas definiu o reinício de um tempo, agora com Cristo ressuscitado. Dessa forma, Jesus continuou sua missão no mundo e na história, através da sua Igreja. Assim, após sua ressurreição, Cristo procurou preparar o grupo dos apóstolos passando uns dias com eles, animando e orientando sobre o que eles deveriam fazer. Mas, era necessário encerrar também esta curta missão entre os apóstolos como ressuscitado e visível. Por fim, chegou o momento da partida de Jesus.
A solenidade da subida do Senhor Jesus aos céus (Ascensão) marcou a passagem de dois grandes momentos da história da salvação: o final da missão de Jesus visível neste mundo e o início da caminhada da Igreja. Nosso Senhor encerrou a sua presença neste mundo, mas, ao mesmo tempo, Ele não nos abandonou. A forma de sentir a sua ajuda e a sua assistência passou a ser muito mais ampla e perfeita. Para isso, a sua Igreja (na pessoa dos apóstolos) também deveria assumir um papel novo e amplo neste mundo.
Temos duas tradições sobre esse momento de despedida de Jesus antes de subir aos céus. Para Mateus tudo aconteceu na Galileia onde os apóstolos se dirigiram a “Montanha” para o primeiro evangelista é um lugar muito significativo. Jesus tem algumas experiências significativas sobre montanhas: as tentações (Mt 4,8), as Bem- aventuranças (Mt 5) e a transfiguração (Mt 17,1ss). Para Mateus era necessário retornar e recomeçar no monte como foi o início, na Galileia, com as Bem-aventuranças.
Para Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos (conforme a primeira leitura), tudo aconteceu na cidade de Jerusalém. Nela, Jesus teve o cumprimento de sua missão e de lá, os apóstolos deveriam dar prosseguimento na sua missão: de Jerusalém até o centro do mundo da época que era Roma.
Tanto Mateus quanto a passagem nos Atos dos Apóstolos descrevem a situação do grupo de Jesus. Em Atos, eles perguntam sobre a “restauração” do reino deste mundo: de Israel. A visão que conseguiam ter de tudo que aprenderam com Jesus era de um projeto meramente político e limitado a um território: uma libertação social e política dos romanos. Uma visão muito pequena e incorreta em relação à verdadeira missão que iriam realizar. Esperavam que Jesus ainda agisse e fizesse algo. Mateus narra que o grupo, ao ver Jesus, se prostrou diante Dele (reconhecimento da presença divina), mas alguns ainda duvidavam. Jesus resolveu ainda confiar no grupo e em pessoas que ainda duvidavam! A dúvida não é algo 100% negativo: ela nos revela o que ainda temos que conhecer.
Jesus sabia que somente com a Força do Alto (Espírito Santo) todos iriam não somente compreender quem realmente Ele era, bem com a missão que deveriam assumir neste mundo. Nos Atos dos Apóstolos, Jesus sinalizou a principal função do Espírito Santo em sua Igreja: transformar todos em testemunhas. Assim, mais do que esperar uma revolução sociopolítica, eles passaram por uma revolução interna e conquistaram Jerusalém e todos os cantos da terra. O destaque das palavras de Jesus é que eles deveriam agir e serem instrumentos de graças para todas as pessoas.
No relato de Mateus, Jesus iniciou recordando o seu poder que é o mesmo de Deus Pai: no céu e na terra. Em seguida, Jesus os enviou para a missão. Mesmo diante das inseguranças e até dúvidas de fé de alguns, Cristo confiou a todos a tarefa de continuar tudo que Ele mesmo iniciou. Para este evangelista, a missão dos apóstolos pode ser resumida em três atividades. 1) Conquistar discípulos para Jesus, pessoas que escolheram seguir o mesmo caminho de salvação que Ele mesmo ensinou aos seus. 2) Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mais do que o rito sacramental, a missão dos apóstolos de conceder, através do Batismo, a mesma graça da Trindade a todos que desejarem. Somente com esta Força que vem do Alto, todos poderão usufruir de tudo que Jesus deixou para nós. 3) Observar os ensinamentos de Jesus. Tudo em Cristo é fundamental, mas nos Seus ensinamentos nós encontramos a receita para sermos discípulos e cumprirmos a vontade de Deus Pai. Assim, o discípulo que Jesus deseja é aquele que possui as graças do Espírito Santo (recebemos no dia do nosso Batismo), mas que também observa os seus ensinamentos.
Após esclarecer a todos que eles deveriam continuar a mesma missão de Jesus, mas como testemunhas e com a força do Espírito Santo, Jesus deixou definitivamente os apóstolos. Foi uma despedida diferente e também significativa para todos nós. Lucas, nos Atos descreveu este momento dizendo que Jesus subiu e desapareceu entre as nuvens. Isso marcou o limite da realidade humana e divina. Jesus entrou em uma nova realidade que não significa estar distante ou perdido no céu, mas que definitivamente assume a sua realidade divina.
Podemos dizer que Jesus se distancia dos olhos de todos, mas não da presença de todos. Se antes, todos podiam ver e tocar Jesus ressuscitado (um privilégio somente para os primeiros discípulos), após sua ascensão junto de Deus Pai, Jesus está próximo de todas as pessoas, onde elas estiverem e em todos os momentos da história. Antes Ele estava ao lado, agora Ele permanece dentro de nós!
A presença de Jesus é com o Espírito Santo já definido por Jesus como o Amor por excelência entre Ele, o Filho e o Pai. Na segunda leitura, Paulo nos lembra que a principal missão no Espírito Santo é abrir o nosso coração à sua luz para sabermos qual esperança fomos chamados e a herança dos Santos já assegurada a todos nós. Um Espírito que nos anima na missão no presente, e na esperança que nos aguarda no futuro.
Jesus não “foi embora”, mas retornou para o Pai. Ele não deve pertencer a um grupo, mas a toda a humanidade. Não está distante, mas sim perto de todos, Ele entrou no mais profundo da realidade humana, por isso Ele se deixou encontrar em cada canto do mundo e em cada pessoa.
Após subir aos céus, os apóstolos ficaram admirados olhando para o alto, como que esperando acontecer algo espetacular ou fantástico da parte de Jesus. Dois homens (2 = testemunha) em veste branca (revestido do céu = anjos) chamaram a atenção dos apóstolos. Interessante: normalmente se esperam sinais e revelações do céu e não da terra! Mas, os dois homens procuram mostrar isto: é o momento de “arregaçarem as mangas” e começaram a missão: mais do que ficarem olhando para o alto é necessário olhar para os lados e ao horizonte, pois eles tinham muito trabalho e muito que realizar.
Mateus encerrou seu Evangelho com uma promessa muito importante para todos nós: Ele caminha conosco até o final dos tempos e Ele mesmo atua em nós e por meio de nós. Mais do que esperar sinais, somos chamados a sermos sinais neste mundo; mais do que desejar ainda milagres (um Jesus que “resolve tudo”) devemos ser canais de graça na vida das pessoas. É necessário assumir a nossa missão e ajudar as pessoas a serem discípulas de Cristo, procurando ensinar tudo que Ele mesmo viveu e deixou para o nosso bem. Estamos assim, vivendo o “grande intervalo” entre a Ascensão e a próxima manifestação de Jesus que acontecerá um dia em nossa história.
As homilias do Padre Dirlei são uma benção! Sinto-me agraciado por ser paroquiano dele! Essas reflexões são gostinho daquilo que experimentamos na nossa paróquia! Louvado seja DEUS!