#Reflexão: Solenidade de Corpus Christi (16 de junho)
A Igreja celebra, no dia 16, a Solenidade de Corpus Christi. Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Gn 14,18-20
Salmo: 109(110),1.2.3.4 (R. 4bc)
2ª Leitura: 1Cor 11,23-26
Evangelho: Lc 9,11b-17
CORPUS CHRISTI
Celebramos o centro da nossa vida cristã: a Eucaristia. Dom criado por Jesus para permanecer conosco, em nós e fazer parte da nossa vida. Antes de derramar seu Sangue, Jesus criou a Eucaristia e pediu que o mesmo gesto fosse eternizado por aqueles que são seus discípulos. Jesus iniciou o que diariamente repetimos em nossas missas.
A Eucaristia é a forma mais próxima pensada por Deus para fortalecer os seus filhos e filhas. Antes, Deus falava pela natureza (trovões e raios); Depois, passou a falar pelos profetas; Jesus se fez presente e próximo de tantas pessoas e antes de partir para o Pai, criou a Eucaristia para permanecer dentro de nós e fazer parte de nosso ser.
A comunhão que recebemos em nossas celebrações eucarísticas, distribuídas em nossas comunidades e levada aos nossos doentes e idosos é a forma mais íntima que nós podemos ter com nosso Deus. Não foi um gesto isolado ou momentâneo (somente na última ceia). O gesto criado por Jesus e que Ele próprio pediu que fosse repetido, se tornou um dos momentos mais importantes para os primeiros cristãos como vemos na 2ª leitura. Neste texto sobre a Eucaristia, Paulo relembra para sua comunidade, Corinto, que o “pão repartido” não é uma simples refeição: o cálice não contém somente vinho, mas o sangue de Cristo; o pão não é um simples alimento, mas o próprio Corpo de Cristo. Completa Paulo: “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor…” (1Cor 11,26). Participar da Ceia Eucarística é anunciar a fé em Jesus Cristo hoje e até a consumação dos tempos.
Lucas nos Atos dos Apóstolos, algumas décadas depois, lembra que os primeiros cristãos perseveravam e cresciam – entre outros pontos fundamentais para a comunidade cristã – na “Fração do Pão”. E os três Evangelhos recordam com detalhes o mesmo gesto que conhecemos e realizamos em nossas celebrações: Última Ceia quando Jesus criou a Eucaristia para todos nós.
São João que escreve muitos anos depois dos três primeiros Evangelhos, não nos propõe a narrativa da Ceia do Senhor, porque certamente, já se tinha tornado algo vivido intensamente nas comunidades cristãs. Em seu lugar, o quarto evangelista aprofunda o seu significado e importância para a caminhada do Povo de Deus e seguidores de Jesus. No capítulo 6º, João inicia lembrando que Jesus é o “Pão vivo descido do Céu”. É graça que pertence e é oferecida a todos. Por isso, receber este Pão de Deus, conduz a pessoa ao céu e “viverá eternamente”. Completa Jesus: “é carne dada para vida do mundo”.
Percebe-se com as palavras de Jesus que não se trata de algo simples, ou um símbolo, ou um mero ritual, ou um costume ou ainda uma simples tradição de um gesto. Comer do seu Corpo e do Seu Sangue é ter a vida eterna! Sinal algum e Símbolo nenhum tem poder de dar a vida eterna, mas somente Jesus. Assim quem come do seu corpo, recebe o próprio Jesus.
Comer sua “Carne” significa a totalidade de Jesus (sua vida, história e pessoa), é aquilo que representa para nós a nossa realidade humana mais frágil e vulnerável (João não usa o termo “corpo”). Jesus se encarnou nesta profundidade da realidade humana e não viveu uma fantasia ou encenação. Ele foi verdadeiro em toda a expressão humana. Por isso, sua morte nos remiu, assim, esta mesma carne que nos salva morrendo na cruz, nos é dada de um modo extraordinário na Eucaristia.
Os judeus estavam acostumados com a imagem da Lei (Toráh) que deveria ser “ingerida” por cada fiel. Agora é Jesus que é o centro e todos são convidados a comer de sua carne, ingerir tudo o que Ele mesmo ensinou. A forma de se ter a presença divina não é mais com a Lei, mas comendo da Carne e bebendo do Sangue de Jesus. Assim, se tem a vida eterna e a ressurreição.
No Evangelho de Lucas deste ano para a nossa celebração, recordamos o momento que Jesus sentindo que a multidão estava com fome, inicia a solução da fome pedindo que os apóstolos resolvessem tudo. Mesmo sendo discípulos de Jesus, eles pensam soluções somente humanas e com muito desânimo diante desse problema humano. Mas, quando alguém resolve confiar tudo que tem a Jesus (mesmo sendo pouco), tudo muda. A partilha com alguns pães e peixes já foi suficiente para dar uma solução para este drama que até os dias de hoje nos atormenta.
Chama-nos atenção o gesto de Jesus ao multiplicar os dons oferecidos. Ele recebe o que lhe é apresentado, em seguida, Ele apresenta ao Pai. Elevar os olhos para o alto é procurar renovar sempre a comunhão com Deus Pai. Ele é a fonte de tudo. Depois de rezar com o Pai, Jesus abençoa e parte os dons. O que foi doado para o Mestre Jesus, não fica com Ele, pois não precisa de nada material da nossa parte. Por fim, Jesus inicia o que deve sempre acontecer com seus discípulos: Ele partiu tudo que está em suas mãos. Nada fica com Ele. Os discípulos é que recebem tudo, mas eles devem ser ponte com o povo que estava com fome. Tudo acontece em comunidade, na partilha do pão e do peixe que passa pelas mãos de todos sem acumular, mas saciando os necessitados.
Este pequeno ritual para multiplicar os pães e peixes é repetido em toda Eucaristia celebrada. Dons do povo que são devolvidos em todo o planeta como Corpo e Sangue de Cristo. A Ceia Eucarística tem este grande exemplo de Jesus onde todos são iguais, pois são irmãos e irmãos; recebem igualmente todos do mesmo dom divino, pois são corpo de Cristo presente na história.
A Eucaristia para nós católicos é o centro de nossa vida cristã. Comungar a Eucaristia é assumir toda a vida de Jesus (carne = história e projetos). É aceitar Jesus plenamente em nossas vidas, mas também se comprometer e entrar na vida de Jesus. É ter força para dar prosseguimento a implantação do Reino de Deus neste mundo.
Por isso, a Eucaristia é muito mais que algo pessoal, individual ou um gesto repetido como uma simples tradição. Ela possui uma grande dimensão comunitária. Recebemos individualmente, mas como um corpo único que é a Igreja de Cristo. Comungo não somente como fiel, mas como membro do Corpo de Cristo: sua igreja.
A Eucaristia não é um dom passageiro com data de validade, mas dom perene. Assim, ela fortalece nossa a fé, mantendo-nos animados em nossa caminhada cristã e nos mantém como sempre no caminho da eternidade.
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