#Reflexão: Solenidade de Cristo Rei do Universo (24 de novembro)

20 de novembro de 2024

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A Igreja celebra a Solenidade de Cristo Rei do Universo, neste domingo (24). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Dn 7,13-14
Salmo: 92(93),1ab.1c-2.5 (R. 1a)
2ª Leitura: Ap 1,5-8
Evangelho: Jo 18,33b-37

Acesse aqui as leituras.

SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO

            Jesus nunca apreciou nenhum título que estivesse liga às estruturas deste mundo. Até mesmo a designação de “Messias”, Ele não gostava, pois estava cheia de ideias semelhantes aos reinos que se conheciam no mudo. No entanto, Jesus Cristo é realmente um rei, mas um rei diferente, que está muito além de qualquer concepção conhecida. Ele proclamou e pediu que fosse anunciado o “Reino de Deus”, onde Ele reina para sempre sobre todo o universo.

A celebração deste Domingo conclui a caminhada litúrgica da Igreja deste ano, momento oportuno de também nos lembrarmos de nossa jornada neste mundo. Tudo que nós conhecemos e todo o universo ao nosso redor encontra-se em uma grande viagem onde um grande encontro nos espera. A existência humana e tudo que existe possuem Jesus Cristo como centro, por isto, Nosso Senhor não é “mais um” rei (como tantos de nossa história), mas o Rei único do Universo.

O profeta Daniel (1a leitura) já tinha profetizado este momento onde tudo que é terreno será subjugado definitivamente por Aquele que virá com as nuvens. Vir do céu é vir de Deus. Os reis conhecidos não fizeram nada mais que lutar para manter-se no poder que era colocado ao seu único e excluso interesse. Reis se tornam grandes, ricos e famosos subjugando seus súditos e matando seus críticos e opositores. Aquele que vem com as nuvens é “Filho do Homem”, este é um modo bíblico de falar que o Reino dos Céus terá como centro o homem e a mulher, um reino humano e não bestial como o próprio Daniel compara os impérios que todos conheciam no tempo do profeta. Como o “Filho do Homem” vem de Deus, Ele terá todo o poder acima de qualquer reino terreno, pois é um poder eterno, que jamais terá fim e nunca será destruído. De fato, Daniel tem razão, reinos e mais reinos já se sucederam neste mundo, se impuseram, repetiram os mesmos erros que outro, e desapareceram.

            Jesus sempre utilizava a expressão “Filho do Homem” para representar a Si mesmo e a sua missão. Mas, as pessoas e até mesmo os discípulos – antes de sua paixão e ressurreição – imaginavam que Jesus iria instaurar mais um reino nesta terra, um reino conforme foi criado pelo grande rei Davi.

Somente após a ressurreição e com o dom do Espírito Santo, os discípulos e apóstolos compreenderam que tudo era diferente. Lembra-nos o autor do Apocalipse (2ª leitura) que Jesus Cristo é a testemunha fiel (do projeto de Deus) e com sua ressurreição dos mortos se constituiu soberano rei da terra. Os reis lutaram e venceram outros reis; Jesus lutou e venceu o maior inimigo da humanidade: a morte. Mas, sua missão não terminou com a Sua Ascensão aos céus, Ele virá uma próxima vez e se manifestará com as nuvens para instaurar seu Reino Definitivo sobre o mundo. Todos irão vê-Lo (justo e inimigos). Jesus Cristo, dessa forma, é o centro da existência humana, Nele compreendemos todo o passado, o presente e o futuro.

 Compreendemos melhor a realeza especial de Jesus Cristo no Evangelho deste domingo, proposto por São João. A cena se passa após a prisão de Jesus em Jerusalém. O local era o palácio onde a autoridade romana exercia o seu poder de juiz e rei. Pilatos era prefeito da Judeia e devia obediência ao rei da Síria. Foi uma figura de segundo plano no cenário romano e para o povo judeu.

João retrata a cena mostrando Pilatos preocupado e interessado por Jesus. Dois reis, mas em posição e realidade diversas. Pilatos era um homem cercado pelo poder romano, mas temeroso diante de Jesus. Sua pergunta retrata muito mais o seu medo em relação à realeza de Jesus do que em relação ao motivo principal que levou os religiosos judeus a entregá-Lo. O administrador romano foi direto: “Tu és rei dos Judeus?”. Jesus poderia simplesmente dizer não, mas procurou responder com outra questão. Jesus responde com uma pergunta: o pensamento é seu ou dos outros? Como se lhe dissesse: “olha para dentro de ti, Pilatos. Você é um homem livre ou é manipulado”. Duas eram as ideias possível sobre Jesus como rei: Os judeus acreditavam na vinda de um novo “messias” (palavra que significa “ungido” e estava ligada ao rei Davi) que iria resgatar o reino de Israel; e a outra ideia era de um rei nos moldes conhecidos pelos romanos com um exército e armas para conquistar e se impor.

No interrogatório entre eles, Pilatos informa que Ele estava ali por causa dos chefes dos sacerdotes, os verdadeiros culpados de tudo. Jesus, então, procura esclarecer o que Ele entende como reino e realeza. Ele possui um reino que não é deste mundo, isto é, a origem dele não se compara a nenhum outro reino. Jesus é sim rei e o seu reino é PARA este mundo, mas não se limita a um determinado tempo da história.

 Jesus faz um discurso que, certamente, Pilatos não entendeu e nem tinha a menor ideia do significado das palavras. O prefeito romano estava acostumado a ver reis e vassalos, exércitos e armas, fortalezas e castelos, mas Jesus se apresenta com um rei diferente.

De fato, Nosso Senhor não precisa de exército, pois não precisa se proteger e nem proteger bens deste mundo; Não precisa de soldados para se defender, pois Ele mesmo fará tudo por seus seguidores; Ele não precisa de poder e nem da força desta terra para fugir da morte, pois com Sua morte salvará a todos. Pilatos um homem temeroso diante de alguém que foi apresentado a ele como rei; Jesus um homem livre e destemido, pois não tinha medo de perder nada, pois estava pronto a doar tudo. Dois homens com poderes diferentes: para os reinos e corações deste mundo o essencial é vencer, para o Reino de Jesus o mais importante é servir. Jesus nunca contratou mercenários nem alistou exércitos, nunca entrou nos palácios dos poderosos, exceto como prisioneiro (Ermes Ronchi).

 O prefeito Pilatos, então conclui que Jesus era rei e mais uma vez isto não é negado, mas Nosso Senhor que procura aprofundar e esclarecer que justamente para isto é que Ele veio a este mundo, tendo como principal missão “testemunhar a verdade”. Mais um conceito (ou palavras) que, possivelmente, Pilatos não entendeu.

A verdade para Jesus não estava ligada a “não-mentira”, em sempre falar o que é correto, mas de testemunhá-la. A verdade sobre quem é realmente nosso Deus e como Nosso Pai nos vê. O Reino de Jesus tem como centro o verdadeiro rosto de Deus Pai e a verdadeira imagem de todos nós como filhos e filhas.

Sua missão nesta terra é testemunhar estes dois princípios que devem ser a marca principal do Reino de Deus que um dia será pleno neste mundo. Jesus é sim um Rei que já governa a história, mas em nada se identifica com qualquer outro reino que está associado a coisas materiais e passageiras. O Reino de Jesus tem como lugar privilegiado o coração humano, pois transformando cada pessoa, Jesus sabe que conseguirá transformar todo o mundo e reinar por toda a eternidade.

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