#Reflexão: Solenidade Santa Maria, Mãe de Deus (01 de janeiro)

28 de dezembro de 2022

A Igreja celebra, no dia 01, a Solenidade de Santa Maria, mãe de Deus. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Nm 6,22-27

Salmo: 66(67),2-3.5.6.8 (R. 2a)
2ª Leitura: Gl 4,4-7
Evangelho: Lc 2,16-21

Acesse aqui as leituras.

MARIA SANTÍSSIMA, MÃE DE DEUS

            Iniciamos um Novo Ano renovando o nosso desejo de paz com todos os sentimentos positivos que desejamos entre nós e para todo o mundo. Sabemos que paz é muito mais do que “não ter problemas” na vida; nem sempre a ausência de desafios, é sinal que a pessoa está em paz consigo.

A liturgia desta primeira celebração do ano nos coloca ainda em sintonia com as alegrias do Natal. Para nós cristãos, não existe paz verdadeira se não aquela que nos trouxe o Menino Jesus desde o dia do seu nascimento. E quem nos ajuda no caminho para encontrar a paz durante o próximo ano, é Maria, mãe de Jesus.

            Na primeira leitura temos uma bênção que o próprio Deus pediu que Moisés ensinasse ao sacerdote Aarão e ordenou que fosse repetida sobre o seu povo. A origem de tudo, está sempre em Deus, no entanto, passa pelas palavras dos sacerdotes chamados a serem instrumentos de paz para a sua gente.

Não obstante tudo e todos os pecados e os limites do povo escolhido, Deus procura ensinar que a oração de agradecimento deve prevalecer sempre. A bênção e a paz são prometidas por Deus e o caminho para acontecer é com a sua presença. Toda proteção e todas as graças serão sempre presentes na vida de todos, se todo o povo permanecer na presença de Deus. É inovador o modo como Deus propõe sua presença, sua proteção e graças: revelando seu rosto. Ver o rosto é estar próximo, no mesmo nível e com olhar nos olhos, um olhando o outro. A melhor bênção para alguém neste mundo é sentir o rosto e o olhar de Deus sobre ele.

O contexto do Evangelho deste Domingo é ainda da Noite de Natal. Chama-nos atenção que naquele momento crucial para a humanidade, nada de espetacular aconteceu, mas tão somente: um menino recém-nascido, um pai e uma mãe. Na aparente ausência de tudo (casa, conforto, segurança…), a humanidade conhecia a máxima presença de Deus entre nós. Mas, tudo de Deus estava revestido com a mais pura natureza humana: uma criança que veio ao mundo.

            Uma realidade profundamente humana revestida com a ternura de Deus, um mistério para adorar e meditar, pois na aparente simplicidade e normalidade de tudo, estava iniciando no mundo a presença perene de Deus entre nós. Coube aos anjos conduzir tudo e ajudar as pessoas a se aproximarem da presença de Deus. Os primeiros convidados foram os pastores que eram discriminados e desprezados pelas pessoas. Os últimos se tornaram os primeiros a encontrar Deus entre nós.

Os anjos dão a confirmação que tudo está conforme a vontade de Deus. Eles sentem a presença, veem a luz e se deixam inundar pela novidade de Deus. Aqueles homens do campo marcados pelo sofrimento e pelo desprezo recebem o anúncio da presença entre nós da paz que vem de Deus. Na noite, olhando para o céu, os pastores descobrem o rosto de Deus não mais nas estrelas, mas foram convidados e encontrá-Lo na face de uma criança. Para eles, o rebanho que guardavam era tudo que possuíam, mas Deus lhes indicou onde estava o verdadeiro tesouro para eles e para toda a humanidade: o Menino Salvador.

De lado, na cena narrada por Lucas, há uma certa “agitação”: os pastores correm apressados, narram tudo com euforia e retornam agradecendo a Deus por tudo que tinham visto e ouvido. Aqueles que ouviram tudo (Maria e José) ficaram espantados e maravilhados por tudo que estava acontecendo. Nosso Deus sempre nos surpreende! Para o casal, até aquele momento, desde a concepção até o nascimento de Jesus, tudo tinha acontecido sem brilho, sem esplendor e parecia que tudo ficaria restrito a eles.

Aqueles homens que correram para encontrar o sinal de Deus (Menino enrolado em faixas) se transformaram em anunciadores da paz. Experimentaram ouvindo o anuncio e vendo o menino Jesus. Eles foram mais uma confirmação importante para Maria e José sobre tudo que estava acontecendo em suas vidas.

            Tudo sinalizava a Maria e José até o nascimento de Jesus que nada de especial e espetacular iria acontecer em suas vidas. Até aquele momento, realizaram tudo no silêncio e na obediência. A extrema singeleza do Natal indicava que tudo seria conforme a vida de uma pessoa comum. Mas, o anúncio dos pastores que transmitiram o anúncio dos anjos, confirmou que tudo, realmente, estava conforme a vontade de Deus. Se tudo aparentava pobreza, esse foi o caminho escolhido por Deus para nos dar o seu maior tesouro.

A promessa do “rosto de Deus” como fonte de paz e graças, tinha se realizado com o Menino Jesus. Não nos palácios, nas grandes cidades, ou nos Templos, mas em uma criança e dentro de uma família. Uma fonte acessível a todos que queiram experimentar a presença de Deus que quer nos inundar de sua paz. Por isto, Paulo na segunda leitura nos fala que o maior dom que Deus nos deu é de sermos seus filhos adotivos.

A paz que tanto desejamos jamais acontecerá se cada um não for capaz de reconhecer a presença de Deus nas coisas simples e cotidianas, mas o principal meio que Deus nos revela sua paz é contemplarmos o Seu rosto em cada pessoa. Os pastores foram convocados a reconhecer o Salvador no rosto do Menino Jesus, nós somos convocados a encontrar o mesmo rosto de Deus em cada pessoa que encontramos em nossa vida. Não existe paz nos isolando do próximo ou – pior – considerando o outro como inimigo.

Na cena do presépio, o evangelista Lucas nos dá o testemunho de Maria diante de tudo que estava acontecendo. Dentre as pessoas presentes, ela certamente era a que mais estava segura sobre as maravilhas de Deus que estavam acontecendo naquela noite, mas Maria é descrita com aquela que “conservava” tudo que estava acontecendo e “meditava” em seu coração (este segundo verbo, o seu sentido em grego é “ajuntar”). Ela tinha já percebido que o caminho para encontrar sempre a vontade de Deus, bem como experimentar sua presença, estava não em grandes eventos e espetaculares acontecimentos, nem menos nos grandes locais e entre as pessoas tidas como especiais deste mundo, mas nas coisas singelas, simples da vida e com as pessoas que nós amamos.

A estrada que necessitamos percorrer para encontrar a paz não está no acúmulo de coisas materiais e nem mesmo em grandes sinais que se costuma pedir a Deus, mas na convivência com as pessoas que temos ao nosso redor e no nosso dia a dia. Para Maria, cada acontecimento e momento, era uma oportunidade de se encontrar com Deus. Por isto, a Mãe de Jesus procurava “ajuntar” tudo em seu coração. A paz que necessitamos não é somente um dom de Deus, mas é o próprio Deus conosco!

Vimos que Deus ensina Aarão abençoar seu povo e promete a todos de estar presente e lhes proporcionar um rosto de paz, de proteção e de graças. Jesus é o rosto de bênção de Deus pra a humanidade que um dia veio morar em nosso meio e mesmo depois de sua ressurreição, continua presente em cada rosto e pessoa. A paz que desejamos não é uma promessa com um dom especial e exclusivo, mas constante e cotidiano, basta sabermos perceber o Deus da Paz presente em cada pessoa que encontrarmos em nosso caminho em todos os momentos do ano, pois cada ser humano é o próprio rosto de Jesus nosso irmão.

FELIZ E ABENÇOADO ANO NOVO PARA TODOS!

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