Resgate de Aparecida e missionariedade são temas do quarto dia da Assembleia Eclesial
Cardeal Leopoldo Brenes e padre Carlos Galli conduziram, nesta quarta (24), as reflexões da Assembleia. O final do quarto dia do evento foi marcado por momento devocional continental a Nossa Senhora de Guadalupe.
Saudação de dom Leopoldo Brenes
O quarto dia de trabalhos da Assembleia Eclesial começou com oração da manhã, que fez memória da Igreja na Amazônia e dos mártires latino-americanos.
Delegados fazem memória da Igreja na Amazônia e mártires latino-americanos e caribenhos na manhã do 4º dia da Assembleia Eclesial. Foto: YouTube Asamblea Eclesial.
Em seguida, houve a saudação do segundo vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), e arcebispo de Managua (Nicarágua), o cardeal dom Leopoldo José Brenes.
Cardeal dom Leopoldo Brenes dá as boas-vindas no 4º dia da Assembleia Eclesial, no dia 24. Foto: Prensa CELAM.
Em sua fala, o cardeal convidou os delegados a se deixarem despertar pelo Espírito Santo, com atitude constante de abertura mental e de coração para escutar o chamado do Espírito Santo, assumindo o objetivo de aceitar os desafios que nos propõem o Documento de Aparecida e o Evangelho. Para ele, ser uma Igreja em saída é o objetivo, pois não podemos guardar a nós mesmos.
Além disso, o prelado nicaraguense reconheceu que a Assembleia Eclesial é uma convocação do Espírito Santo por meio do papa Francisco, que tem a firme intenção de reiterar o chamado à missão.
A Assembleia é, para o cardeal, uma sacudida do Espírito Santo. Ele reconheceu que o Documento de Aparecida propôs a necessidade de iniciar e impulsionar uma missão continental, mas esse chamado não foi assumido totalmente e, para muitos, não passou de ser um texto que ficou nas bibliotecas, esquecendo-se de que se tratava de um projeto do Espírito Santo.
“A Igreja na América Latina está em dívida com Aparecida. No entanto, o Espírito Santo persiste no seu convite e o convite da Assembleia é prova disso, porque volta a questionar, removimentar e reavivar o chamado missionário que clama a novos métodos, expressões, um novo ardor”, admitiu o cardeal.
Além disso, ele salientou que a Virgem Maria, de Aparecida, de Guadalupe, colabora com o Espírito Santo para acompanhar, motivar e sustentar aos que se permitem sentir e seguir no coração o chamado à missão, como parte ativa de uma Igreja em saída.
Veja na íntegra a mensagem de dom Brenes.
Reflexão de padre Galli
O padre Carlos Galli, teólogo argentino da Universidade Católica Argentina (UCA), realizou a terceira reflexão da Assembleia Eclesial. Ele discorreu sobre a Igreja em saída missionária.
Padre Carlos Galli, teólogo argentino da UCA, fala sobre Igreja em saída na 3ª reflexão da Assembleia Eclesial, em 24 de novembro. Foto: Prensa CELAM.
Inicialmente, o padre argentino comentou as palestras dos dias anteriores e relacionou o tema da sua exposição com o versículo bíblico escolhido para iluminar o quarto dia da Assembleia Eclesial: “Ide, pois, e façam discípulos todas as nações” (cf. Mt 28,19).
Ele também partiu do Documento para o discernimento, feito após a Escuta do Povo de Deus, no qual aparece, segundo o sacerdote argentino, que somos discípulos missionários em Jesus Cristo e um Povo de Deus em saída para as periferias.
Em sua reflexão, o padre Galli apresentou cinco passos. Primeiro, ele falou sobre o envio missionário no Evangelho de Mateus. Em seguida, ele atualizou esse envio para a Igreja, que está sempre em processo de reforma. No terceiro momento, ele falou sobre a importância da Igreja em saída missionária no magistério do papa Francisco. Em quarto lugar, ele falou da “Igreja em saída” na Assembleia. Por fim, ele apresentou eixos chamados de o transbordar criativo do Espírito Santo que transborda a sinodalidade missionária da Igreja.
Partindo da pessoa de Jesus Cristo nos evangelhos, o sacerdote argentino destacou que os discípulos recebem do Mestre uma missão de evangelizar. Eles são enviados, mandados a sair e ir aos demais. Essa é a imagem da Igreja em saída missionária a todos os povos, o que mostra a universalidade da missão. Este chamado de Jesus é para toda a Igreja, a sair de seus limites e ir a todos, até aos confins da Terra. É um chamado para todos os membros da Assembleia: ide a todos os povos da América Latina e do Caribe para comunicar o Evangelho que nos faz discípulos de Cristo.
O padre Galli destacou que, para que isso aconteça, é necessária uma conversão ou reforma permanente. “É necessária uma Igreja em estado de conversão para ser uma Igreja que comunique o Evangelho”, disse o sacerdote.
“Conversão e reforma são uma mudança para um estado melhor, para estar em comunhão com Jesus e sua missão. Uma reforma permanente que nos ajuda a crer na fidelidade a Jesus e nos move a sair da nossa zona de conforto para chegar aos demais”, disse o teólogo argentino.
Segundo o padre Galli, a saída missionária da Igreja é o sonho do papa Francisco de uma opção missionária capaz de transformar tudo. Por isso, para ele, a Assembleia deve abordar a conversão pastoral e missionária.
Conversão pastoral e saída missionária são um convite a todo o Povo de Deus e a toda Igreja para que entrem em um processo pleno de saída missionária para comunicar a vida plena de Jesus Cristo, insiste o padre argentino. Para ele, a inspiração disso está no Documento de Aparecida, que vê o discipulado e a missão como duas caras de uma mesma medalha. Para isso, ele reforça que a Igreja deve ser peregrina e caminhar entre os povos, sinodalmente, essencialmente missionária.
Para o padre Galli, a afirmação de que “todos somos discípulos missionários em saída” é uma síntese magistral, existencial, que nos apresenta uma mística de saída para os demais.
Ele reconheceu que a Igreja latino-americana e caribenha tem afirmado sua comunhão pastoral com passos para uma identidade eclesial comum e linhas de pastoral de conjunto, como a Conferência do Rio de Janeiro, em 1955; a criação do CELAM; as conferências gerais do episcopado; a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e a Assembleia Eclesial.
Por fim, o teólogo argentino descreveu eixos fundamentais para o transbordar criativo do Espírito Santo, a partir do trabalho em grupos nos últimos dias da Assembleia: o cristocentrismo trinitário do Querigma, que deve chegar às gerações mais jovens; o recebimento, em Cristo, da misericórdia de Deus; a fraternidade entre todos os povos, um desafio para um continente ferido pela desigualdade; a vivência da lógica do Bom Samaritano, para sairmos de nós mesmos, como uma parábola que nos dá chave para reconstruir o mundo que sofre; o caminho para uma nova pastoral urbana, uma prioridade segundo o Documento para o discernimento, reconhecendo que Deus vive na cidade e entre seus moradores; a manifestação do Espírito como um transbordar de criatividade.
Após a palestra do padre Galli, aconteceram atividades e reflexões em grupos, entrega das conclusões, sala de imprensa, sistematização das conclusões dos grupos e testemunhos dos delegados.
Ambientação do Santo Rosário Continental, rezado com os delegados da Assembleia e representantes dos povos latino-americanos e caribenhos pelas mídias sociais, em 24 de novembro. Foto: YouTube Asamblea Eclesial.
O fim da tarde foi marcado pela oração do Santo Rosário Continental, com participação virtual de representantes dos povos latino-americanos e caribenhos pelas mídias sociais da Assembleia Eclesial.
Delegados da Assembleia rezam o Santo Rosário Continental, com representantes dos povos latino-americanos e caribenhos pelas mídias sociais, em 24 de novembro. Foto: YouTube Asamblea Eclesial.
Em seguida, houve a missa presidida pelo cardeal Jean-Claude Hollerich, S.J., arcebispo de Luxemburgo e relator do Sínodo dos Bispos 2021-2023, e uma serenata a Nossa Senhora de Guadalupe, na basílica da padroeira da América Latina.
Comissão de espiritualidade e liturgia animaram a missa com canções do gênero mariachi, típico da cultura mexicana. Foto: YouTube Asamblea Eclesial.
Grupo de mariachi faz serenata a Guadalupana, na basílica a ela dedicada, na Cidade do México, para encerrar o 4º dia da Assembleia Eclesial. Foto: YouTube Asamblea Eclesial.
Com informações e imagens de Prensa CELAM. A imagem destacada da notícia é do cardeal Jean-Claude Hollerich, S.J., que celebrou a missa no 4º dia da Assembleia Eclesial, em 24 de novembro.