“Ser santo deve ser o único desejo do padre”, afirma dom Majella durante ordenação presbiteral
Foto: Cláudia Couto
No último sábado (26), a arquidiocese de Pouso Alegre celebrou a ordenação presbiteral do jovem diácono Nailton Pereira. A ordenação ocorreu em Espírito Santo do Dourado. Ele é padre de número 117 da arquidiocese. Atualmente, padre Nailton é vigário paroquial em Brazópolis, na paróquia São Caetano de Thiene.
Em sua homilia, dom Majella ressaltou a necessidade da busca pela santidade. Deus oferece todas as condições para um vida feliz e realizada.
“O Senhor pede tudo de você. Em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos criados. O Senhor quer sacerdotes santos e espera que você não se resigne com uma vida medíocre, superficial e indecisa”, disse.
Leia a homilia de dom Majella
À alegria de celebrar a Eucaristia neste dia de hoje acrescenta a festa da ordenação sacerdotal do diácono Nailton. Manifesto o profundo reconhecimento a quantos o orientou no seu caminho de discernimento e de preparação, e convido todos aqui presentes a dar graças a Deus pela dádiva deste sacerdote à Igreja. O Evangelho que a liturgia oferece à nossa meditação, ilumina a missão do sacerdote. “No terceiro dia, ouve um casamento em Caná da Galiléia, e a mão de Jesus estava ali. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento”(Jo 2,1-2). No terceiro dia… no mistério do número três temos a confissão da Trindade e pela fé celebramos a ressurreição.
O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, pois, a fonte de todos os outros mistérios da fé; é a fé que ilumina. As bodas de Caná é participação no mistério de Cristo como mistério da salvação que o Pai realiza em e por meio do Filho, em virtude e por força do Espírito Santo. Se observarmos bem, de alguma maneira na própria água se dá certa analogia do batismo e da regeneração. Pelo poder de Cristo a água se transforma em vinho, isto é, conclui a lei e lhe sucede a graça. Qual a relação dessas bodas que acontece três dias depois com o sacerdócio que hoje o diácono Nailton recebe a pedido da Igreja? O sacerdote é o megafone da Trindade. Toda a vida cristã é comunhão com cada Pessoa divina, sem de modo algum separá-las. Quem dá glória ao Pai, o faz pelo Espírito Santo; quem segue Cristo, o faz porque o Pai o atrai e porque o Espírito Santo o guia. Quem se deixa mover pelo Espírito Santo é porque o ungido por excelência pelo meso Espírito, o Cristo, age nele. Caro diácono, procure viver sempre no espaço do sopro de Jesus Cristo, a receber vida d’Ele, de modo que ele inspire em você a vida autêntica. Saiba que as capacidades e a boa vontade do padre às vezes se chocam a indiferença de muitos fiéis. Nem a desconfiança nem o abatimento deveriam superar o entusiasmo e o ardor de um sacerdote. Se ele estiver plenamente consciente de sua missão e for honesto no modo de a desenvolver, está do lado das três pessoas divinas, que se servem dele para continuar a obra da salvação e para vivificar a história salvífica.
O conteúdo fundamental da missão é a oferta da vida plena para todos. Para todos, não se fechando para um grupo eleito. A Igreja foi instituída como “sacramento universal de salvação”, isto é, sinal e o instrumento da missão íntima com Deus e da unidade do gênero humano (Cf. LG 1).
O Espírito Santo une, abate as fronteiras, guia uns para os outros. Não existe santificação que não seja obra do Espírito Santo em Cristo, por iniciativa do Pai. Ser santo deve ser o único desejo do padre. Caro diácono, o Senhor pede tudo de você. Em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos criados. O Senhor quer sacerdotes santos e espera que você não se resigne com uma vida medíocre, superficial e indecisa (GE, 1). O Senhor lhe propõe: “anda na minha presença e sê perfeito”(GN 17,1). SE você andar a procura da santidade que agrada a Deus compreenderá que a cruz, especialmente as fadigas, os sofrimentos, as perseguições, através de calúnias e falsidades, que suportamos para viver o amadurecimento da vida sacerdotal e de santificação. Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas, é santidade (cf. EG 93-94). Houve um casamento em Caná da Galiléia, a mãe de Jesus estava presente. Como o vinho veio a faltar “a mão de Jesus lhe disse: Eles não tem mais vinho”(Jo 2, 4). Após dirigir-se a Jesus, sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que Ele vos disser”(Jo 2, 5). Maria dirigi-se aos serventes. O sacerdote é o servo do Senhor na festa da vida. É aquele que enche as talhas vazias dos pobres, dos migrantes, dos doentes, dos encarcerados, dos sofredores para que todo o mundo desfrute do vinho bom. Toda a humanidade precisa se encher de alegria considerando muito agradável o sabor do vinho novo. Servir significa dar conta de uma missão. Missão cumprida, eis o que nós, sacerdotes, devem exclamar no fim da vida. “Fizemos o que deveríamos fazer”(Lc 17,10), isto é, cumprimos a missão recebida.
Ser servo do Senhor é ser humilde. Em Maria de Nazaré aparece claramente o que atrai e determina a escolha de Deus: a pequenez! A humildade. Deus faz opção preferencial pelos pequenos. Ele é fascinado pela pequenez. Deus sempre faz maravilhas com os pequenos que se deixam convocar. Todos os santos, os servos de Deus, primam pela escolha da pequenez e são exaltados pela Igreja que reconhece a sua santidade.
A Santa Dulce dos Pobres, figura frágil, que se debruçou sobre todos os pequeninos de Deus, sobre os menores dos irmãos de Jesus é para nós exemplo do olhar de Deus que fez grandes coisas em sua serva. Cultive a pequenez no seu sacerdócio ministerial e e vive segundo a verdade do amor.
Querido ordenando, recomendo a você o amor à Mãe de Jesus. Fazei como São João, que a acolheu no íntimo do próprio coração. Aprendei de Maria a amar Cristo. O Senhor abençoe o seu caminho sacerdotal. Amém.