#Reflexão: 14º domingo do Tempo Comum (09 de julho)

6 de julho de 2023

A Igreja celebra o 14º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (09). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Zc 9,9-10
Salmo: 144(145),1-2.8-9.10-11.13cd-14 (R. 1b)
2ª Leitura: Rm 8,9.11-13
Evangelho: Mt 11,25-30

Acesse aqui as leituras.

VINDE A MIM TODOS OS CANSADOS E AFLITOS

A bela oração que Jesus faz a Deus Pai no Evangelho de Mateus é o Seu reconhecimento da grande ação de Deus presente neste mundo. O texto anterior à passagem deste domingo, Jesus reconhece a grandeza de João Batista mesmo tendo dele uma pergunta duvidosa: “Seria Jesus o Messias ou devemos esperar outro?” Nosso Senhor afirma que tudo que o Batista tinha realizado se insere dentro de grande projeto de Deus. Mas a principal lamentação da parte de Jesus foi sobre a rejeição de algumas cidades a sua pregação e até mesmo seus milagres. Porém, Jesus reconhece não o fracasso de sua missão, mas a revelação da grandeza de Deus por detrás de tudo isto.

Aqueles que se consideravam cultos e sábios para o mundo e até mesmo para a religião daquela época tinham rejeitado Jesus e tudo que Ele ensinava e realizava. Ao redor de Jesus – além dos seus discípulos – ficaram somente as pessoas simples e humildes, todos desprezados pelos grandes e sábios da terra. Eram os mais fracos, doentes, pobres e marginalizados da época. Eram os últimos da sociedade no tempo de Jesus. Esquecidos e abandonados por todas as autoridades (civil e religiosa) encontraram em Jesus alguém que lhes dava muito mais do que uma melhor posição social e econômica. Jesus conclui que a presença daquela gente simples e sem nenhuma expressão de poder e força era um grande sinal de Deus e da Sua vontade.

Na primeira leitura ouvimos o anúncio do profeta Zacarias da chegada do Messias que se revela totalmente diferente daquilo que as pessoas esperavam. Ele vem montado em um animal de serviço e sem nenhum sinal de força e de violência. Ao invés de somar com os instrumentos de guerra (arcos, carros, cavalos…), “Aquele que Vem” anuncia um tempo de paz que irá ultrapassar os confins da terra do povo de Deus. Jesus se sente em sintonia com as palavras do profeta que revelam um Messias conforme a lógica de Deus e não segundo o modo costumeiro de resolver as coisas (violência, confrontos, guerras e mortes…).

Para Jesus, as melhores e maiores coisas são reveladas por Deus e não conforme o esforço ou segundo as pretensões humanas. É Deus quem revela e o faz nos pequenos e humildes que se tornam reflexo de Deus neste mundo.

Os grandes e sábios desta terra exibem conhecimentos e sabedorias, frutos do esforço pessoal, mas sempre serão coisas deste mundo; as melhores coisas para a humanidade, somente Deus é que pode revelar e vão além das coisas materiais. Jesus não era contra os sábios e os doutores do seu tempo, mas sim da soberba que muitos possuíam. A verdadeira sabedoria que dá sentido à nossa existência não se encontra nas coisas ou nas ciências, mas somente em Deus.

Tudo que é realmente precioso e que necessitamos nesta vida vem de Deus nosso Pai, por isto, Jesus afirma que é necessário “conhecer” a Deus Pai. Os sábios e doutores deste mundo são capazes de saber das coisas desta terra e da letra das leis, mas isto não lhes dá a verdadeira sabedoria que se encontra em Deus. E Jesus é o caminho para chegarmos até esta fonte de vida. Quem conhece Jesus e acredita Nele, encontra-se no caminho para ter acesso a Deus Pai e a tudo que Ele pode nos conceder para o nosso bem.

Na oração de Jesus, destaca-se a profunda intimidade entre Ele, o Pai e os pobres. Jesus se dirige a Deus não como uma autoridade, mas como “Pai” (e depois ensinou seus discípulos a rezar assim). Uma forma não comum entre os judeus que sempre viam Deus como uma autoridade. Depois, Jesus acrescenta dizendo: “Senhor, do céu e da terra” (não diz Todo-poderoso: somente em Ap e 1Cor). É Pai no céu e da terra: cuida e governa mais com o coração do que com poder.

Seguindo a oração de louvor de Jesus, Ele se refere àqueles que ficaram com Ele como pequenos. Não os ignorantes e os limitados intelectualmente, mas os mais simples e humildes. Aqueles que foram além dos milagres e dos poderes que fascinam, mas que se deixaram acalentar pelas palavras que tocam seus corações, muito mais que seus corpos doentes.

Os pequenos são os mais fracos e frágeis aos olhos do mundo, mas também são aqueles que se tornam instrumentos nas mãos de Deus. Não apelam para as forças do mundo e nem com as armas de guerra, mas com a vida e o testemunho. Eles não veem o outro como oponente ou inimigo, mas como um irmão que ainda não abraçou. O medo das armas pode forçar as pessoas a se inclinarem, mas somente o amor pode convencer o coração e tocar a alma de cada pessoa.

Jesus louva o Pai porque “assim, foi do teu agrado”. Tudo parecia que estava indo mal, mas Jesus se entrega nas mãos e no coração de Deus com um filho confia plenamente na ajuda do Pai. Mas, quem é Jesus? O que Ele pode conceder para nossa vida ter sentido? Jesus mesmo se revela não como sabedoria ou ciência deste mundo, mas como algo fundamental para nossa vida.

A vida nos apresenta tantos desafios e problemas. São fardos pesados que temos que conduzir e, muitas vezes, eles pesam demais sobre nossos ombros. Jesus promete caminhar conosco e nos ajudar a suportar ou aliviar este peso. Não tem como não ter “fardos pesados” nesta vida, mas Jesus promete nos ajudar a carregá-los. Da mesma forma, pesa sobre nós o jugo das leis e das normas deste mundo. O “jugo” era usado sobre os pescoços dos animais para a tração de carga e para o trabalho no campo. Da mesma forma que os “fardos” que carregamos, neste mundo, precisamos também de leis e normas para nos guiar e para o bem da nossa sociedade. Jesus propõe aos seus discípulos a sua doutrina e os seus ensinamentos como “novo jugo” que será mais fácil de suportar.

O jugo deste mundo é pesado, pois se baseia sobre leis e normas que nem sempre são justas, pois observam somente a letra e não a pessoa. Jesus esclarece que a base da sua doutrina e de seus princípios não são novas leis escritas, mas Ele próprio. No centro de tudo está a mansidão e a humildade de Jesus, não o rigor das leis e a frieza das normas que simplesmente devem ser observadas. Se o mundo “enquadra” as pessoas segundo princípios e o rigor de normas que excluem e descriminas muitos, Jesus se propõe como aquele que acolhe e oferece repouso muito mais que algo social ou econômico, mas para a pessoa inteira (“repouso para vossas almas”, afirma Nosso Senhor).

 Jesus conclui reforçando que o seu jugo é suave e todos podem carregá-lo, pois conta com a própria ajuda Dele próprio; o seu peso é leve, pois seus princípios partem não da observação fria de leis, mas do seu próprio coração que é humilde e manso.

Paulo na segunda leitura segue o mesmo caminho de Jesus lembrando que devemos buscar aquilo que vai além da nossa mínima realidade existencial (nossa carne). Não nascemos neste mundo para sermos somente “mais um ser vivo”, mas para sermos e vivermos como filhos e filhas de Deus. Somente encontraremos sentido para nossa vida se deixarmos conduzir como pessoas espirituais, habitadas pelo Espírito de Deus.

O mundo ainda insiste em sinais de poder que continuam gerando mais mortes e violência. Os grandes da terra acham que o caminho é sempre da força maior e da imposição indiscriminada de jugos (pesos) que os mais simples e pobres não aguentam mais. São estes que continuam sofrendo e pagam o preço da soberba dos grandes da terra. Como no tempo de Jesus, ainda hoje, os simples e humildes não contam aos olhos do mundo, mas são os bens mais preciosos para Deus, pois sempre foram estes que realmente transformaram o mundo dando o verdadeiro sentido a existência das pessoas. Pois, as grandes e as verdadeiras transformações acontecem nos corações das pessoas e somente Jesus com seu jugo e seu peso pode nos conceder.

 

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