Arquidiocese de Pouso Alegre acolheu encontro provincial de animação pastoral
A Arquidiocese de Pouso Alegre sediou entre os dias 15 e 17 de outubro o IV Encontro de animação pastoral. O encontro, que ocorrem na comunidade Sol de Deus em Itajubá, envolve os bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, coordenadores de setores e vigários forâneos das dioceses de Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre. Na noite de terça-feira (16), todos puderam participar da missa no Santuário Nossa Senhora da Agonia.
Entre as reflexões, o professor Giovanni Marques dos Santos abordou a temática “angústias e esperanças na experiência laical na Igreja”.
“Assim que o padre Jean Poul Hansen me convidou para esta participação, logo me vieram à mente duas metáforas empregadas por Nosso Senhor no Evangelho: a figueira estéril (cf. Mt 21,18-22; Mc 11,12-14.20-25; Lc 13,6-9) e a videira verdadeira (Jo 15,1-17). A figueira estéril aparece como representação da Igreja que causa desânimo, da qual não dá vontade de participar e, às vezes, nem de chegar perto, porque o Senhor já a amaldiçoou e ela já secou; a videira, por sua vez, corresponde à Igreja na qual, por sua seiva divina e seus frutos de amor, encontramos Jesus, não nos sendo possível dela separar-nos jamais, sob o risco de perdermos a vida verdadeira.Duas árvores, dois projetos de existir e ser Igreja: sem graça e com graça, sem Deus e com Deus”, apresentou a temática aos participantes.
Segundo o palestrante, infelizmente ainda é comum encontrar esterilidades dentro da própria Igreja.
“É com tristeza que hoje, às vezes, assim como Jesus, os leigos temos fome e, ao vasculharmos boa parte de nossas comunidades católicas, só encontramos folhas: vistosas, brilhantes, talvez, mas só folhas. Enchem os olhos – às vezes, nem isso –, mas não alimentam. Frequentamo-las por frequentar, acatamo-las por acatar, mantemo-las por manter, mas fica difícil ver nelas frutos verdadeiros de justiça e santidade. É triste estar na Igreja e colher dela raros frutos que nos alimentem, frutos que inclusive pudéssemos conservar conosco para nos abastecer na travessia do deserto, ou ainda, como fazem os beduínos, partilhá-los com os que percorrerão a terra árida conosco ou depois de nós. Esse ornamentalismo estéril da Igreja Católica hoje, em minha perspectiva de leigo e no que recolho do contato que mantenho com muitos outros irmãos e irmãs de diversas comunidades, exibe-se em três frentes: o ornamentalismo dos eventos, dos organogramas e das cerimônias”, refletiu professor Giovanni Marques.
Para solucionar tais problemas, é preciso seguir o modelo de Jesus.
“É o próprio Jesus, entretanto, que nos indica o remédio para tais seduções: a oração. A abertura confiante da própria vida à graça divina é capaz de revitalizar a figueira e curar-lhe a esterilidade. Às vezes, é mesmo acomodados e confortáveis junto dessa figueira estéril que o Senhor nos alcança, como encontrou a Natanael e o desinstalou a segui-lo, provocando-o à experiência pessoal do “vem e vê” (Jo 1,46). Ou o Senhor pode ainda contar com essa figueira para que possamos escalá-la como Zaqueu e encontrar o Senhor para além dela, permitindo que ele entre e nossa casa e faça as transformações necessárias (cf. Lc 19,1-10). No evangelho de Lucas (13,6-9), a misericórdia de Deus é abundante para com a figueira”, recordou.
No último dia, o padre Jean Poul refletiu sobre o “Projeto Provincial Viver em Cristo”.
“O projeto é marcado pelos sinais da fé, acreditando que a mergulho no Mistério de Deus requer sempre uma ‘sarça ardente’ que aponte para o coração de Deus. Uma mística que dê conta de conjugar caminho, encontro, cuidado, escuta, resposta e sinal parece atender à finalidade estabelecida por nós ao estruturarmos o Projeto ‘Viver em Cristo’ sobre as bases das inspirações advindas do Catecumenato dos primeiros séculos das Igreja. Desse modo retomamos neles o que lhe é essencial, e deixamo-nos conduzir pelo seu método tão contagiante, mas sempre atentos aos desafios e realidades atuais. Sem mística o projeto se tornaria apenas um caminho difícil, cansativo aos padres e catequistas, aborrecido aos iniciandos e demais envolvidos e, possivelmente, pouco útil às demandas e necessidades dos nossos dias”, afirmou.
O processo catecumenal é um processo em busca de Deus.
“A inspiração catecumenal que propomos é uma dinâmica, uma pedagogia, uma mística, que nos convida a entrar sempre mais no mistério do amor de Deus. Um itinerário mistagógico, um desejo que nunca acaba. Porque Deus, sendo Amor, nunca se esgota. A mística é a entrada nesse movimento de busca de Deus, que para a fé cristã, concretiza-se no encontro com o outro”, finalizou.