Arquidiocese faz memória do primeiro ano de falecimento de Dom Ricardo
A arquidiocese de Pouso Alegre se reuniu na noite desta segunda-feira (01) na Catedral Metropolitana para rezar pelo sufrágio da alma de seu arcebispo emérito, dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho – Opraem., falecido há um ano. A missa foi presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R., e concelebrada por dezenas de padres do clero diocesano. Centenas de fiéis de diversas paróquias também participaram da Eucaristia.
Um quadro com a foto de dom Ricardo, a mitra e o báculo utilizados por ele, ajudavam todos a fazerem memória desse homem que por 18 anos esteve à frente da Igreja Particular de Pouso Alegre.
A homilia foi feita pelo cônego Benedito Ramon, que por dez anos conviveu diretamente com dom Ricardo, exercendo a função de ecônomo ou vigário geral. Segundo ele, a fé, a esperança e a caridade regiam a vida e o agir de dom Ricardo.
“A caridade é reflexo de uma fé amadurecida e uma esperança solidificada. Nisto percebemos o dom Ricardo, homem de fé, homem de esperança, homem de caridade. Nas conversas particulares onde tivemos o privilegio de rir juntos e muitas vezes também chorarmos juntos, percebemos quem ele era. As pessoas muitas vezes não o conheciam de verdade. Homem de fé. Uma fé amadurecida. Era um homem de fé provada no sofrimento e nos contratempos. A fé sólida. Um homem de fé que amava a Deus, amava a Igreja, amava a nós padres, amava muito o povo de Deus. Acreditava em Deus, acreditava na Igreja, acreditava no ser humano. Por isso, muitas vezes, era mal interpretado. Por ser um homem de fé acreditava na pessoa, acreditava que era possível mudar, e por isso sofria muito com a falta de fé das pessoas. Dom Ricardo, homem da esperança e muitas vezes esperava contra toda desesperança, porque esperava em Deus, com o olhar fixo no Senhor. Ele primeiro nos convidava para rezar e depois tomávamos as decisões”, disse.
Ainda segundo cônego Ramon, a confiança em Deus guiava dom Ricardo até mesmo no tomar decisões difíceis.
“Homem de oração, homem de fé e de esperança. Vivia o que rezava e rezava o que vivia. Quando eu chegava na Cúria e ia lá na casa e via o dom Ricardo na capela, era porque alguma coisa tinha acontecido. Ele era muito metódico, principalmente com a oração. Sabia que o protagonista da missão era Deus, e não ele. Ele sempre falava: ‘Deus está à frente, nós somos instrumentos’. Rezava antes de agir”, relembrou.
Era muito forte no arcebispo emérito a figura do Pai misericordioso do Evangelho.
“Homem do perdão. Em sua vida ele mostrou a imagem do Pai amoroso. Chegava ao ponto de irritar a gente, pois era bom demais. Parecia que era bobo, mas dizia: “não é assim. O tempo vai mostrar”. Hoje entendo que este tempo era esperança, e esperança era acreditar no Reino. Perdoava sempre, não guardava mágoas de ninguém. Sua fé e caridade falava muito mais alto. E se nós que tivemos o privilégio de ser amigos, queremos cultuar sua memoria e viver um pouco daquilo que ele nos ensinou. É ter um pouco da sua capacidade de amar, de perdoar, de ter um pouco da sua fé, da sua esperança, da sua caridade, de ser penitente e ter uma vida de oração”, afirmou cônego Ramon.
Biografia de dom Ricardo
Dom Ricardo nasceu em Capelinha (MG) no dia 6 de agosto de 1938. Era filho do casal Pedro Chaves Pinto e Paula Amélia Dias. Cursou os dois primeiros anos em escola rural, na fazenda de seu pai, concluindo o primário na cidade de Caetanópolis (MG). Em 1954 entrou para o Seminário Provincial do Sagrado Coração de Jesus, em Diamantina, e, em 1957, passou para a Escola Apostólica São Norberto, no município de Montes Claros, onde terminou o Seminário menor.
Em 28 de janeiro de 1961, ingressou no Noviciado dos Cônegos Presmonstratenses, em Pirapora do Bom Jesus (SP), onde, posteriormente fez cursos de Filosoria e Teologia.
Foi ordenado padre no dia 29 de junho de 1967. Em 1983, licenciou-se em Teologia Moral na Academia Alfonsiana, em Roma. Dom Ricardo foi Vigário da Paróquia de Bocaiúva (MG) por dois anos. Exerceu o cargo de reitor da Escola Apostólica de São Norberto e do Seminário Maior da Ordem, em Belo Horizonte. Atuou também como Mestre de Noviços.
Em dezembro de 1983, foi nomeado Superior da Ordem Premonstratense de Minas Gerais. A partir de 1986, transferindo-se novamente para Belo Horizonte, assumiu a função de vigário na Paróquia São Gonçalo, em Contagem (MG).
O então padre Ricardo foi designado Bispo de Leopoldina, pelo Papa joão Paulo II, em 14 de março de 1990. No dia 21 de abril do mesmo ano foi ordenado bispo em Contagem.
Dom Ricardo foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Pouso Alegre no dia 16 de Outubro de 1996, tendo tomado posse no dia 3 de dezembro do mesmo ano. Exerceu seu episcopado até 2014, quando o Papa Francisco acolheu seu pedido de aposentadoria. Como Arcebispo Emérito residia no município de Monte Sião. Conforme determina o Código de Direito Canônico, ao completar 75 anos, Dom Ricardo enviou à Santa Sé sua carta de renúncia à Arquidiocese e no dia 28 de maio de 2014 o Papa Francisco a aceitou. Dom Ricardo Pedro tornou-se o primeiro Arcebispo emérito de Pouso Alegre.
Residiu por alguns meses na cidade de Poços de Caldas, mudando-se para o município de Monte Sião, onde vive hoje e continua a evangelizar com seu exemplo de fidelidade e dedicação ao ministério que exerce.
Ele faleceu no dia 1º de abril de 2018, domingo de Páscoa.