Arquidiocese se reúne para missa do Crisma em Pouso Alegre
Leigos e clero se reuniram na manhã desta quinta-feira Santa (29) na Catedral Metropolitana de Pouso Alegre para a celebração da Missa do Crisma e da unidade. A presidência foi do Arcebispo Metropolitano, Dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R., e concelebrada pelo bispo emérito de Pinheiro (MA), Dom Ricardo Pedro Paglia – MSC, e por dezenas de padres do clero arquidiocesano e padres de algumas Congregações Religiosas que estão vivenciando a Semana Santa na região.
Os sacerdotes renovaram seu ccompromisso e os óleos dos Catecúmenos (usados nos batizados) e dos Enfermos (para a Unção dos doentes) foram abençoados e o óleo do Crisma (usado no sacramento do Crisma) foi consagrado.
Foto: Cláudia Couto – Pascom Arquidiocese
Em sua homilia, Dom Majella lembrou que esta quinta-feira Santa é grande para todos os cristãos, mas especialmente para os sacerdotes, pois neste dia o próprio Cristo instituiu o Ministério Sacerdotal.
“Cada ano que passa, a Quinta-feira Santa é grande para todos os cristãos. Mas hoje é especialmente grande para nós, queridos irmãos sacerdotes. É a festa dos sacerdotes. É o dia em que nasceu o nosso sacerdócio, o qual é participação no único Sacerdote de Cristo Mediador. Também nós, como David, fomos escolhidos pelo Senhor e ungidos com o óleo santo. Configurados ao Cristo, sumo e eterno Sacerdote, “somos consagrados verdadeiros sacerdotes da nova Aliança para pregar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente no sacrifício do Senhor” (cf. Ritual de Ordenação de Presbíteros)”, afirmou o Arcebispo.
Ao final da missa, como homenagem e memória do Ano do Laicato celebrado na Igreja no Brasil, cada secretário dos Conselhos Setoriais de Pastoral receberam a vela e o sal, símbolos da missão e vocação do leigo.
Leia a homilia de Dom Majella:
“Amados irmãos e irmãs, hoje nos reunimos nesta Sé Catedral para celebrar a Liturgia da bênção do Crisma, do Óleo dos Catecúmenos e do Óleo dos Enfermos. Esta liturgia matutina constitui a preparação anual para a Páscoa de Cristo, que vive na Igreja, comunicando a todos aquela plenitude do Espírito Santo, que está n’Ele mesmo, comunicando a todos a plenitude da Sua Unção, como ouvimos no Evangelho proclamado.
Da liturgia da Palavra meditemos no salmo responsorial (Sl 88, 21-27) que nos fala da eleição e consagração de Davi como rei do Povo Eleito. Foi Deus que escolheu Davi e o protegeu (vv. 20-22), o defendeu contra os inimigos e lhe ampliou o reino (vv. 23-26). As promessas de Deus à casa de Davi orientam nosso olhar para Jesus. Ele é Aquele a quem Deus se referia ao prometer a Davi: ‘Conservarei a tua descendência para sempre, estabelecerei o teu trono por todas as gerações’ (Sl 88, 5). Muitas das coisas que se dizem neste salmo tiveram cumprimento em Jesus Cristo. Santo Agostinho faz dele uma meditação cristã e nos diz: ‘Acolhei este salmo como o cântico da nossa esperança em Cristo Jesus Nosso Senhor, e elevai os vossos corações, porquê Aquele que prometeu e já realizou muitas das suas promessas, também há de cumprir as que faltam. A sua misericórdia e não o nosso merecimento é que nos leva a confiar n’Ele.
“Cada ano que passa, a Quinta-feira Santa é grande para todos os cristãos. Mas hoje é especialmente grande para nós, queridos irmãos sacerdotes. É a festa dos sacerdotes. É o dia em que nasceu o nosso sacerdócio, o qual é participação no único Sacerdote de Cristo Mediador. Também nós, como David, fomos escolhidos pelo Senhor e ungidos com o óleo santo. Configurados ao Cristo, sumo e eterno Sacerdote, “somos consagrados verdadeiros sacerdotes da nova Aliança para pregar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente no sacrifício do Senhor” (cf. Ritual de Ordenação de Presbíteros)”
Foto: Cláudia Couto – Pascom Arquidiocesana
Estamos aqui juntos, na comunidade da concelebração com os fiéis representantes das nossas Paróquias e comunidades. Celebração de ministros sagrados e leigos, unidos no mesmo Cristo, com raízes diferentes: do Sacramento da Ordem, da Vida Consagrada e os do Batismo e Crisma. Todos, ramos da única videira (cf. Jo 15, 5). Cada um participa da missão confiada a toda a Igreja pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, missão originada pela obra do mistério pascal de Jesus Cristo. A unção e a missão são próprias de todo o Povo de Deus.
Estamos aqui juntos, nós, os humildes adoradores e indignos administradores do mistério pascal de Jesus Cristo. Estamos aqui presentes para reonovar o laço vivificante do nosso sacerdócio com o único Sacerdote, com o sacerdote eterno, com Aquele que ‘nos fez reis e sacerdotes para Deus, seu Pai’ (Ap 1, 16). Estamos aqui para renovar os atos da nossa fidelidade presbiteral, as promessas dos compromissos sacerdotais ao serviço de Cristo e da Igreja: ‘ ora, o que se requer dos administradores é que sejam fiéis’ (1Cor 4, 2). Este sacerdócio ministerial, que é nossa herança, é também a nossa vocação e a nossa graça.
Estamos aqui celebrando e vivenciando o segundo ano do tríduo preparatório par ao Jubileu dos 120 anos de criação da nossa Diocese, que celebraremos em 2020. Transformamos as virtudes teológicas num caminho para voltarmos em direção a Jesus Cristo e reavivar, começar ou recomeçar nossas vidas a partir Dele. Estamos, pois, no Ano Arquidiocesano da Esperança. Nossa Esperança tem um nome: Jesus Cristo (1Tm 1, 1). Nele, com Ele e por Ele, vivemos cada dia de nossa existência atravessando amarguras e celebrando alegrias.
Queremos pensar, então, sobre a esperança, mas não sobre uma esperança ‘leve’, sem vida, separada do drama da existência humana. Dores, incertezas, conflitos, solidão e tantas outras situações de sofrimento imploram aos católicos que saiam de seus confortos pastorais, joguem as redes mais longe (cf. Lc 5, 4). avancem rumo às pereferias existenciais, expressão tão cara ao Papa Francisco, e anunciem a beleza da esperança que brota do Evangelho. Estamos em um momento crucial para o nosso país, para nossa Igreja, um momento de projetos e definições que exige que pensemos em questões concretas e urgentíssimas. Somos convidados a olhar a realidade nossos dias, buscando não apenas enxergar a violência em suas variadas formas, mas, acima de tudo, discernir caminhos para a superação. A violência é uma realidade incontestável. Suas manifestações e suas vítimas são incontáveis. Diante da violência não existe neutralidade. Ou agimos em vista de sua superação ou contribuímos para que ela aumente ainda mais. Cada um de nós deve examinar sua consciência e verificar se tem sido pessoa de diálogo, de escuta e de atenção ao próximo. Se tem conseguido superar os conflitos através do perdão, da reconciliação e da compreensão. Evitemos a tentação do imediatismo e não adotemos a dinâmica do avestruz. Não deixemos que as dores dobrem nossas cabeças nem endureçam nossos corações. Contemplamos o Cristo Crucificado, que, em meio a tantas dores, entregou-se confiante nas mãos do Pai (Lc 23, 46).
Isso me propõe algumas perguntas: como ser portador de esperança? Estamos evangelizando o povo de Deus para a esperança? Sabemos educar na esperança? Diantes dessas questões exorto, pois, o coração de cada sacerdote, de cada diocesano para que, impregnado pelos ardor missionário, responda com generosidade a este apelo: criar atos de esperança. E um componente essencial da dimensão da esperança é a criatividade. Cada ato de amor, de caridade, de perdão e de anúncio do Evangelho produz, entre seus efeitos, o fortalecimento da esperança em quem o pratica. Ao anunciarmos a esperança nós o fazemos também com atitudes concretas de nossas vidas. Precisamos ser também uma Igreja que sai ao encontro. Uma Igreja que, ao mesmo tempo, acolhe os que vêm e sai em busca dos que não vêm, dos que estão distantes.
Foto: Cláudia Couto – Pascom Arquidiocesana
Sabemos que para se manter, a esperança necessita ser alimentada. A Eucaristia é o alimento da esperança. Amados padres, redescubramos o nosso sacerdócio à luz da Eucaristia! Façamos com que as nossas comunidades redescubram este tesouro na celebração cotidiana da Santa Missa e, de modo particular, na Missa da assembleia dominical.
Meus queridos padres, ao longo dos séculos, muitos sacerdotes encontraram na Eucaristia o conforto prometido por Jesus na noite da Última Ceia, o segredo para vencer a sua solidão, o apoio para suportar seus sofrimentos. O alimento para retomar o caminho depois do desalento, a energia interior para confirmar a própria decisão de fidelidade. Todas as coisas que o Presbítero faz conduzem à Eucaristia, e todas as coisas que a Igreja aspira promanam da Eucaristia. Evidentemente que a Eucaristia está relacionada com a cruz de Jesus. O testemunho, que temos de dar ao povo de Deus na celebração Eucarística, depende muito desta nossa relação pessoa com a Eucaristia e do nosso ministério como serviço, como ‘Kenosis’.
Neste Ano Arquidiocesano da Esperança, em que, unidos à Igreja no Brasil, que celebra um ano dedicado aos leigos e leigas, renovemos nossa consagração de ser como pastores, profetas e padres, buscando promover a comunhão a participação e a ministerialidade e, com isso, irradiar a eseprança. O fiel leigo é sacerdote, profeta e rei: exerce uma responsabilidade sobre a criação e colabora para organizar a convivência social como fraternidade, baseada na verdade e dignidade do ser humano. É na Eucaristia, o banquete fraterno, a comida compartilhada e a caridade eclesial que se vinculam visivelmente o milagre do amor, da unidade e da paritlha. No mistério da simplicidade do pão humano, manifesta-se o amor d’Aquele que se fez Pão do céu. E, do mistério do Pão do céu, decorrem nossa esperança e força para caminharmos em meio às tribulações da vida. É em torno da Eucaristia que nos unimos sempre e cada vez mais.
Acompanhados de Maria, a Mãe da Esperança, a Mãe dos Sacerdotes, renovemos com sentimentos de gratidão a nossa consagração , sob guia do Espírito Santo, invocando com confiança a misericórdia do Pai. Amém!”