Artigo: Igreja em estado permanente de missão

3 de outubro de 2019

Ao longo dos séculos, a partir da prática e da reflexão teológica, a Igreja compreendeu que ela “é, por sua natureza, missionária” (AG 2). Esta afirmação do decreto conciliar Ad gentes, lembra que a missão tem sua origem em Deus que é Amor que não se contem, que transborda, que se auto comunica.

Passados 50 anos do grande evento conciliar, devemos reconhecer que a consciência da “natureza missionária da Igreja”, apesar de estar sempre presente na reflexão teológica e pastoral, não conseguiu transformar a prática eclesial e, tão pouco, realizar uma verdadeira conversão à missão. A Igreja, Povo de Deus, não se tornou ainda um povo missionário! O Papa Francisco, na Evangelii gaudium, retomou as conclusões de Aparecida quando afirmou que quer uma Igreja “em estado permanente de missão” (DAp 551).

Para reavivar a consciência batismal do Povo de Deus em relação a missão da Igreja, o Papa Francisco convocou e escolheu para o Mês Missionário Extraordinário (MME) o tema “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. Despertar a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral é o objetivo deste mês que está em sintonia com a solicitude pastoral do Papa Bento XV em Maximum Illud e a vitalidade missionária expressada pelo Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “A ação missionária é o paradigma de toda obra da Igreja” (EG 15).

A idéia central neste processo de preparação para o MME é inserir dentro da programação ordinária e habitual das Igrejas locais, a temática e o espírito do mês missionário, visando à conversão pastoral missionária.

Será uma ocasião para despertar e animar as comunidades, “de modo que todos os fiéis tenham verdadeiramente a peito o anúncio do Evangelho e a transformação das suas comunidades em realidades missionárias e evangelizadoras; e aumente o amor pela missão, que “é uma paixão por Jesus e, simultaneamente, uma paixão pelo seu povo” (Carta do Papa Francisco ao Cardeal Filoni, 22 de outubro de 2017).

Será, igualmente, uma oportunidade para fortalecer os conselhos missionários na paróquia (COMIPA/GAM), na diocese (COMIDI) e nos regionais (COMIRE), como também dar um novo impulso aos projetos missionários das Igrejas irmãs e além-fronteiras. A feliz coincidência com o sínodo Pan-Amazônico será também ocasião para responder aos grandes desafios pastorais e sociais da missão na Amazônia.

O aspecto extraordinário deste mês está na convocação feita pelo Papa para todas as Igrejas Particulares do mundo. No Brasil, desde 1972 é organizada a Campanha Missionária no mês de outubro para reavivar nossa identidade missionária com abertura a missio ad gentes. As Pontifícias Obras Missionárias no Brasil preparam e enviam para todas as Igrejas particulares: a novena missionária, o cartaz, a oração missionária, o envelope para coleta e os vídeos com testemunhos missionários que neste ano serão veiculados em toda rede católica de rádio e TV.

Cada uma de nossas Arqui/dioceses e prelazias receberam um kit (uma réplica da cruz missionária do 5º Congresso Missionário Americano, bandeira com a logo internacional do MME e uma cópia do guia do Mês Missionário Extraordinário). Trata-se de um material de apoio, com a finalidade de motivar, inspirar e ajudar a celebrar e assumir com paixão missionária, este tempo de graça para nossas Igrejas locais. Que todas estas motivações nos ajudem a colher com alegria o convite do Papa Francisco a um renovado empenho missionário.

Dom Odelir José Magri, MCCJ

Bispo de Chapecó (SC)

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral

para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial