Assembleia Eclesial é iniciada com missa e palestras
Missa de abertura, presidida por dom Miguel Cabrejos Vidarte, OFM, presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) e arcebispo de Trujillo (Peru), na basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, ontem (21), iniciou a programação da Assembleia Eclesial. Primeiro dia de trabalhos aconteceu hoje (22) com palestras e atividades em grupo. Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre (MG), participa das atividades.
Missa de abertura
Na solenidade de Cristo Rei, aos pés de Nossa Senhora de Guadalupe, a Igreja da América Latina e do Caribe se reuniu para abrir a primeira Assembleia Eclesial Latino-americana e Caribenha.
Na missa de abertura, dom Cabrejos afirmou que os participantes da Assembleia, mais de mil, entre os presentes na Cidade do México e aqueles que participam virtualmente, estavam lá para dar “graças a Deus por esta nova experiência de viver, sentir e participar da Igreja”.
Dom Cabrejos, na missa de abertura da Assembleia Eclesial. Foto: Prensa CELAM.
Em sua homilia, o presidente do CELAM destacou que, depois de “um longo caminho percorrido juntos, escutando a todos, sentindo o quão bom é ser membro do Corpo Místico de Cristo, protagonistas e corresponsáveis da evangelização como discípulos missionários”, abre-se a Assembleia Eclesial.
Ele rezou, pedindo a Deus que se “abra o nosso coração para nos deixarmos guiar com espírito de escuta, sinodalidade e unidade eclesial, e descobrir o que Ele quer nos dizer como Povo de Deus em caminho”.
O arcebispo peruano destacou que vê a Assembleia Eclesial como um momento de “’reavivar Aparecida’, que reafirmou a renovação conciliar, contribuindo para uma segunda recepção do Vaticano II no novo contexto em que vivemos”. Retomando o papa Francisco, ele afirmou que Aparecida tem muito a nos oferecer.
Dom Cabrejos insistiu dizendo que a Assembleia Eclesial é histórica, “pois, em vez de se ter realizado a VI Conferência Geral dos Bispos, o papa Francisco propôs a Assembleia Eclesial, integrada por representantes de todo o Povo de Deus”.
Para o arcebispo peruano, a Assembleia é plenamente eclesial, pois não participam apenas os bispos. Com ela, “nos irmanamos na diversidade de ministérios e carismas”, disse ele.
Além disso, dom Cabrejos relacionou a Assembleia com o tema da sinodalidade. A Assembleia Eclesial “inaugura um novo organismo sinodal em âmbito continental, que situa a colegialidade episcopal no caminho da sinodalidade eclesial, expressão da vinculação do bispo com o Povo de Deus na sua Igreja local, e da concepção da Igreja universal como uma ‘Igreja de Igrejas locais’, presididas na unidade com o bispo de Roma, com Pedro e sob Pedro”, explicou o presidente do CELAM.
Diante da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, dom Cabrejos reconheceu que a Virgem Maria de Tepeyac representa todas as invocações que sustentam a vida e a identidade dos povos latino-americanos e caribenhos. Ele rezou pedindo que a Guadalupana mostre o rosto e a vontade de Cristo nesta etapa de encontro presencial e virtual, o caminho que Deus deseja para sua Igreja na região latino-americana e caribenha.
Em sua prece, o arcebispo peruano pediu a Virgem Maria docilidade para que seja assumido o processo de conversão permanente, em comunhão com o Concílio Vaticano II e o papa Francisco, no caminho do Sínodo sobre a sinodalidade e no significado das exigências pastorais rumo ao jubileu do aparecimento da Virgem de Guadalupe (2031) e da Redenção (2033).
Por fim, dom Cabrejos insistiu que, nos vulneráveis, Cristo continua crucificado e que vivemos uma hora difícil e complexa, na qual são difíceis a unidade na diversidade e o acompanhamento de todo o Povo de Deus.
A todos os participantes, o arcebispo peruano pediu o dom da escuta, que leve a sair das reduzidas posições particulares; o acercamento dos irmãos e irmãs para que busquem a Deus em comum e em comunhão e a abertura dos corações a interculturalidade, sem medo e nem dúvidas, como São João Diego.
Veja na íntegra vídeo da missa de abertura da Assembleia Eclesial.
Leia na íntegra a homilia de dom Cabrejos (em espanhol).
Lançamento do hino oficial
Antes da missa de abertura, em nota e em seu canal no YouTube, o CELAM lançou o hino oficial da Assembleia Eclesial, disponível em espanhol e português, intitulado “Discípulos missionários em saída”.
O hino foi composto pelo cantor e compositor equatoriano Juan Morales Montero, graduado em Filosofia pela Universidade Católica do Equador e autor de mais de 500 canções publicadas em 23 anos de carreira musical.
Juan Morales Montero, compositor do hino da Assembleia. Foto: Prensa CELAM.
O autor se inspirou no Documento de Aparecida e no caminho sinodal incentivado pelo papa Francisco. Juan Morales espera que todos vivam e celebrem a alegria da missão cantando e que o hino, cheio de esperança, solidariedade e de Igreja, una a todos.
Veja vídeo em português do hino oficial da Assembleia.
Mensagem do papa Francisco
Ontem (21), também foi divulgada mensagem do papa Francisco para os participantes da Assembleia Eclesial. Ele destacou duas perspectivas: a escuta e o transbordar.
Sobre a escuta, destacou o papa: “Em uma Assembleia, o intercâmbio facilita escutar a voz de Deus para escutar com Ele o clamor do povo, e escutar o povo para respirar com ele a vontade que Deus nos chama. Peço-lhes que procurem escutar-se mutuamente e escutar os clamores dos nossos irmãos e irmãs mais pobres e esquecidos”.
Papa Francisco enviou mensagem aos participantes da Assembleia Eclesial. Foto: Prensa CELAM.
Sobre o transbordar, Francisco explicou: “O discernimento comunitário requer muita oração e diálogo para poder achar juntos a vontade de Deus, e também requer encontrar caminhos superadores que evitem que as diferenças se convertam em divisões e polarizações. Nesse processo, peço ao Senhor que a Assembleia seja expressão do transbordar do amor criativo do Espírito, que nos impulsiona a sair sem medo ao encontro dos demais e que anima a Igreja para que, por um processo de conversão pastoral, seja cada vez mais evangelizadora e missionária”.
Leia na íntegra a mensagem do papa Francisco para os delegados da Assembleia Eclesial (em espanhol).
Primeiro dia de trabalhos
Hoje (22), aconteceu o primeiro dia de atividades presenciais e virtuais dos participantes da Assembleia Eclesial.
Às 11h, os delegados participaram de oração inicial e de palestra de boas-vindas com dom Miguel Cabrejos, presidente do CELAM. Em seguida, houve pronunciamento do cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os bispos.
Falou também dom Rogelio Cabrera, presidente da Conferência Episcopal Mexicana (CEM). O bispo mexicano destacou que todo o México está à escuta da América Latina e do Caribe que fala, ama, ri e quer caminhar para frente. Ele reconheceu também que os delegados são como anjos e mensageiros de boas notícias para o México.
Dom Rogelio Cabrera, presidente da CEM, dá boas vindas aos delegados da Assembleia. Foto: Prensa CELAM.
A primeira reflexão foi feita por padre Fidel Oñoro, CJM, biblista eudista colombiano, sobre a centralidade de Jesus Cristo e da sua Palavra na ação pastoral. Para ele, a reflexão bíblico-teológica constitui um elemento importante no caminho da Igreja, pois fundamenta a vida pastoral.
Padre Fidel Oñoro, CJM, faz a primeira reflexão da Assembleia, no dia 22 de novembro. Foto: Prensa CELAM.
O padre colombiano questionou os presentes: “Por que estamos aqui?, A que nos convoca e marca esta Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, sempre em comunhão com a Igreja inteira? Por que existe tudo o que temos? Por que há a Palavra de Deus? Por que há Igreja?, Por que somos chamados? Por que falamos de missão? Por que nos empenhamos em um discernimento comunitário? De onde vem? Qual é a sua fonte? A que se propõe fundamentalmente?”.
O padre eudista destacou que “a Escritura se situa em um horizonte vital, que traz o plano salvador de Deus, que nos abre janelas de observação e compreensão mais profunda, que nos tira do analfabetismo espiritual”. Ele falou também que, na Bíblia, “lemos os códigos da intervenção criadora, libertadora e sempre construtora de Deus na história” e nela “temos luz para perceber os caminhos do Espírito dentro nas tribulações que vivemos”.
No final da tarde, aconteceu uma mesa redonda entre o cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras); a irmã Birgit Weiler, HMM, e Maurício Lopes sobre o caminho da Assembleia Eclesial.
“Para muitos de nós que participamos do processo de escuta, esta tem sido uma experiência viva de sinodalidade. Em minha opinião, foi uma graça que, no total, quase 70 mil pessoas participaram do processo. Os esforços de indivíduos, comunidades e organizações eclesiais para alcançar também muitas pessoas nas periferias geográficas, sociais, culturais e eclesiais em meio às restrições causadas pela pandemia também contribuem muito para isso. Muito importante também foi o próximo passo de coletar e sintetizar cuidadosamente as múltiplas contribuições e publicá-las na Síntese Narrativa para que estejam disponíveis a todos. É pela primeira vez que, na Igreja da América Latina e do Caribe, as diversas vozes do Povo de Deus em nossa região têm sido tão amplamente coletadas, as vozes de homens e mulheres, crianças, jovens, membros de povos indígenas, afrodescendentes, comunidades camponesas, de pessoas de diferentes contextos urbanos, estudantes universitários, membros de comunidades LGTBIQ+, pessoas com habilidades diferentes ou especiais etc. Isso reflete o desejo de querer ser uma Igreja multifacetada, que deve ser uma característica essencial de uma Igreja sinodal. Nas reflexões e fóruns em grupo, cresceu a consciência de que o povo de Deus é composto por cada um de nós e é por isso que a voz de cada um conta”, disse a irmã Birgit.
Além das palestras, o primeiro dia de trabalhos da Assembleia teve trabalhos em grupos, reflexões, sistematizações, testemunhos, roda de imprensa e oração do terço.
Cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e primeiro vice-presidente do CELAM; irmã María Dolores Palencia (CELAM); padre Leo Peréz (Conferência Episcopal dos Estados Unidos) e Ligia Elena Matamoros, jovem da Pastoral da Juventude da Costa Rica, participam de roda de imprensa, no dia 22.
Dom Majella, arcebispo metropolitano, está participando virtualmente das atividades da Assembleia e destacou que os trabalhos em grupo estão sendo muito oportunos para partilha de esperanças e preocupações com a Igreja e a sociedade. Para ele, tem sido muito destacado o valor da escuta como elemento importante para a sinodalidade da Igreja.
Dom Majella registra sua participação em grupo da Assembleia Eclesial, no dia 22, com mais de 400 delegados. Foto: arquivo pessoal.
Com imagens e informações de Prensa CELAM.