Conversão pastoral e raízes culturais são temas do terceiro dia da Assembleia Eclesial
Os delegados da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe participaram hoje (23) do terceiro dia do evento, que ocorre de modo híbrido.
Saudação de dom Odilo Scherer
As atividades começaram às 11h da manhã (horário de Brasília), com um momento de oração. Em seguida, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e primeiro vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), deu as boas-vindas aos participantes. Em sua fala, o cardeal destacou que tudo na Igreja deve ter uma dimensão missionária.
Dom Odilo Pedro Scherer faz a primeira palestra do 3º dia da Assembleia Eclesial. Foto: Prensa CELAM.
Dom Odilo destacou que “o papa Francisco nos pede que retomemos o Documento de Aparecida, porque ele contém uma riqueza muito grande, que talvez não tenha sido assumida o suficiente, e esse documento ainda tem muito que oferecer para a Igreja no nosso continente, e continua muito atual”.
O arcebispo de São Paulo ressaltou que é preciso estar atentos às novas questões eclesiais, humanitárias, econômicas, políticas e culturais surgidas desde 2007 e que desafiam a Igreja, como pede o papa Francisco.
O cardeal brasileiro comentou que o terceiro dia da Assembleia seria marcado pela retomada de um conceito importante da Conferência de Aparecida, o conceito de conversão, que, segundo ele, é central para compreender diferentes questões e recomendações do documento.
O vice-presidente do CELAM disse que o Documento de Aparecida faz um chamado à conversão pastoral: “A Igreja em sua totalidade é chamada a se rever, a se renovar, a se voltar cada vez mais a Jesus Cristo, e renovar sua adesão a Ele e ao Evangelho”, e para isso, “é preciso não nos apegarmos a velhas práticas, sendo capazes de mudar os métodos, os focos, as atenções, o modo da pastoral”, reforçou dom Odilo.
“Nossa Igreja não pode se entender como uma Igreja que já está pronta, que já cumpriu a sua missão. (…) Tudo na Igreja deve ter sua dimensão missionária”, disse o arcebispo de São Paulo.
Veja nota sobre o pronunciamento do cardeal dom Odilo.
Palestra de padre Agenor Brighenti
As atividades vespertinas da Assembleia foram orientadas pelo padre pastoralista brasileiro Agenor Brighenti, que falou sobre a conversão pastoral integral e os quatro sonhos proféticos do papa Francisco, expressos em “Querida Amazônia”, como um grande desafio para a Assembleia Eclesial.
Padre Agenor Brighenti reflete sobre conversão pastoral e Querida Amazônia com os delegados da Assembleia, em 23 de novembro. Foto: Prensa CELAM.
Inicialmente, o padre Agenor salientou que “a Primeira Assembleia Eclesial não é um evento a mais. É um passo novo de um rico processo sinodal na América Latina e Caribe, que deu a nossa Igreja uma palavra e um rosto próprio”.
Para o padre brasileiro, a Assembleia Eclesial tem seu sentido no reavivamento do Documento de Aparecida, que deseja dar novo impulso à renovação do Concílio Vaticano II. Isso é semelhante à proposta da Evangelii Gaudium, do papa Francisco, e está ligado à proposta das conferências de Santo Domingo e Medellín, que reforçaram o tema da nova evangelização, ligado à Evangelii Nuntiandi, do papa São Paulo VI.
Além disso, o padre Agenor destacou que o Sínodo para Amazônia, no qual ele foi perito, e a exortação “Querida Amazônia”, do papa Francisco, tratam-se de propostas utópicas que se convertem em sonhos: social, cultural, ecológico e eclesial.
“No sonho social, o desafio para a América Latina e o Caribe é lutar pelos direitos dos mais pobres; no cultural, é preservar sua riqueza cultural; no ecológico, é ser um continente que cuide da sua beleza natural, e no eclesial, é tornar realidade uma Igreja com rosto latino-americano e caribenho”, caracterizou o pastoralista.
Por fim, o padre Agenor reforçou que a conversão pastoral deve se concretizar em todos os âmbitos: na consciência da comunidade eclesial, assumindo a eclesiologia do Povo de Deus do Vaticano II; nas ações pastorais e comunitárias, atendendo o clamor dos pobres; nas relações de igualdade e autoridade, erradicando o clericalismo e fomentando a corresponsabilidade de todos os batizados, e nas estruturas, fomentando os conselhos e as assembleias de pastorais em todos os níveis.
A fala do padre brasileiro foi seguida de trabalhos em grupo, sistematização das conclusões e testemunhos dos delegados.
Leia na íntegra a palestra do padre Agenor Brighenti (em espanhol).
Raízes culturais
A programação noturna da Assembleia contou com uma roda de conversa sobre as raízes culturais da América Latina e do Caribe, com a participação do cardeal Felipe Arizmendi, bispo emérito de San Cristóbal de las Casas (México); padre Venanzio Mwangi, IMC (arquidiocese de Cali, Colômbia); irmã Laura Vicuña, ICF (catequista franciscana de origem indígena Kariri, de Porto Velho, Rondônia), e irmã María Suyapa Cacho Álvarez, HC (hondurenha, representante da Pastoral Afro no Sínodo dos Bispos).
Padre Venanzio e irmã María Suyapa na roda de conversa sobre raízes culturais. Foto: Prensa CELAM.
O objetivo da roda foi falar sobre de onde vem o povo latino-americano para entender sua identidade, história, cultura e missão.
Cardeal Felipe Arizmendi na roda de conversa, no 3º dia da Assembleia Eclesial. Foto: YouTube Asamblea Eclesial.
O dia de trabalhos terminou com a entrega da conclusão dos trabalhos em grupo, missa e oração do terço.
Veja a celebração da missa e oração do terço do 3º dia da Assembleia Eclesial.
Com informações e imagens de Prensa CELAM. A imagem destacada da notícia é da sala de conferências da Casa Lago, sede da Conferência Episcopal Mexicana (CEM), Cidade do México.