Dom Majella preside missa do Crisma com representantes do clero, da vida religiosa e do laicato

1 de agosto de 2020

O arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R., presidiu na manhã deste sábado (1) a missa do Crisma. Por conta da pandemia e das orientações sanitárias, a Eucaristia foi celebrada na Capela do Carmelo da Sagrada Família, em Pouso Alegre, com a presença de representantes do clero, da vida religiosa e do laicato.

Durante a missa, o clero pode renovar suas promessas sacerdotais. Os Santos Óleos do Batismo e dos Enfermos foram abençoados e o Santo Óleo do Crisma foi consagrado. A missa também foi em Ação de Graças aos 120 anos de criação da diocese, no dia 4 de agosto de 1900. Os padres João Batista Neto, Mauricio Pieroni, Wilson Mário de Morais e Simão Cirineo também celebraram o jubileu sacerdotal.

Em sua homilia, dom Majella disse que a celebração da missa do Crisma significa um ponto de união muito importante do clero, um reunir-se. Inclusive, dentro da programação pré-pandemia, hoje haveria um encontro do clero com seus familiares, já celebrando o dia do padre.

“A igreja diocesana é a nossa família, e a arquidiocese tem um dever e uma dívida de gratidão para com todos os padres que aqui vivem e servem com o seu ministério sacerdotal o povo de Deus. O ministério sacerdotal é um encontrar-se no Mistério de Jesus Cristo. Ele é sempre Aquele que doa e, no alto, nos atrai a Si. Jesus quer exercer o seu sacerdócio através de nós’ (Papa Bento XVI). Nesta liturgia da missa Crismal, queremos recordar e renovar este Mistério comovedor, que em cada celebração do sacramento da Eucaristia volta a tocar-nos. Não podemos desperdiçar o que é grande e misterioso. Precisamos de regressar à hora em que o Senhor impôs as suas mãos sobre nós e nos tornou partícipes deste Mistério. Fixemos sempre de novo o nosso olhar em Jesus Cristo e estendamos-lhe as mãos. Um sacerdote está sempre perto de Cristo”.

Ainda falando aos padres, o arcebispo pede que se faça acontecer esta Igreja na Arquidiocese de Pouso Alegre através de um anúncio alegre, sem escândalos.
“Apaixonemos ainda mais pela autenticidade e nunca deixemos de acreditar na beleza do rosto da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não tenhamos medo de estar do lado do povo. Sejamos audazes na construção desde modelo de Igreja que marca o pontificado do Papa Francisco que afirma ser a Igreja sempre a ‘casa aberta do Pai’ (cf. EG 47). Uma Igreja próxima, o ‘lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho’ (cf. EG, 114)”.
Dentro das celebrações dos 120 anos da diocese, o final do ano marcará o início do Sínodo arquidiocesano. Dom Majella também lembrou que a arquidiocese precisa ser o ponto de encontro, de partilha, de fraternidade.

“Iniciamos o exercício de sinodalidade de uma Igreja que caminha em conjunto, procurando valorizar a “escuta e participação” do clero e dos leigos, presentes no CAP e nos COSEPAs. Precisamos viver na Arquidiocese, nas 69 paróquias, uma igreja próxima de todos, de ricos, de pobres, pessoas que concordam ou que discordam, pessoas simpáticas ou antipáticas, porque a Igreja aproxima-se, sai, encontra-se com os outros. O Papa Francisco nos diz que ‘a Igreja não é uma alfândega, mas a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa’ (cf. EG, 47)”.

Após a homilia, os padres ali presentes, representando todo o clero, renovaram as promessas feitas no dia da ordenação sacerdotal, jurando obediência e amor ao Bispo e à Igreja e comprometendo-se no anúncio do Reino. Por isso essa missa também é chamada de “missa da unidade”, pois expressa a comunhão diocesana em torno do Mistério Pascal de Cristo, constituindo um momento forte de comunhão eclesial, de participação intensa das comunidades e de valorização dos sacramentos da vida da Igreja.

Os Santos Óleos foram apresentados, juntamente com o pão e o vinho, na procissão das ofertas. O Óleo dos Enfermos foi abençoado durante a Oração Eucarística, enquanto os Óleos do Batismo e Crisma foram abençoados e consagrados, respectivamente, após a Comunhão Eucarística. Todos serão entregues às paróquias a partir da próxima terça-feira.

Entenda o significado dos óleos:

Óleo dos Catecúmenos: Concede a força do Espírito Santo aqueles que serão batizados para que possam ser lutadores de Deus, ao lado de Cristo, contra o Espírito do mal.

Óleo dos Enfermos: É um sinal utilizado pelo sacramento da Unção dos Enfermos, que traz o conforto e a força do Espírito Santo para o doente no momento de seu sofrimento. O doente é ungido na fronte e na palma das mãos.

Óleo do Crisma: É um óleo utilizado nas unções consacratórias dos seguintes sacramentos: depois da imersão nas águas do batismo, o batizado é ungido na fronte; na Confirmação é o símbolo principal da consagração, também na fronte; depois da Ordenação Episcopal, sobre a cabeça do novo bispo; depois da ordenação sacerdotal, na palma das mãos do neo-sacerdote.

Leia a homilia do arcebispo na íntegra:

Celebrar a Missa Crismal é sempre um dia muito, muito, significativo para o clero de qualquer diocese. A celebração em si é sempre muito importante, é um dia especial porque é o dia do clero e se celebra como dom de agradecimento a Deus e de agradecimento também aqueles da parte da comunidade que a servem.

Saúdo com grande afeto os sacerdotes, diácono e seminaristas aqui presentes, fiéis leigos e leigas, e quantos se encontram unidos a nós mediante as plataformas digitais. Saúdo os padres jubilares e agradeço-lhes cordialmente pela colaboração na Igreja particular de Pouso Alegre. Nestes 25 anos de ministério sacerdotal vocês veem sendo instrumentos do amor e da misericórdia de Deus para o povo. Um dom que de graça receberam e de graça deveis dar. Dirijo uma saudação especial à Ir. Maria da Paz, Priora deste Carmelo, juntamente com a comunidade que nos acolhe nesta capela. Queridas irmãs, o testemunho de amor de vocês para com a Igreja e as orações assíduas para os nossos padres, estão radicados na amizade profunda que cultivam com Deus.

A Missa Crismal que se celebra tradicionalmente na manhã de Quinta-Feira Santa, com a bênção dos óleos dos catecúmenos e dos enfermos e a consagração do óleo do crisma, utilizados na celebração de vários sacramentos, foi adiada este ano por causa da pandemia do Covid-19.

Devido a esta situação e as orientações da Vigilância sanitária, com o limite da presença física de fieis nos templos, optamos por celebrar aqui na capela do Carmelo com um número reduzido de leigos e leigas e do clero, sendo somente os padres coordenadores dos Setores de Pastoral, da Pastoral Presbiteral e os padres que celebram neste ano o jubileu de vida sacerdotal. Escolhemos esta capela também por considerar à comunidade das Irmãs carmelitas com a oportunidade de participarem desta celebração, talvez para algumas, a primeira vez em sua vida cristã.
Escolhemos a data de hoje para celebrarmos também os 120 anos do decreto de fundação da diocese de Pouso Alegre, que será no próximo dia 4; e porque desejávamos realizar nesta ocasião o encontro anual das famílias dos padres, comemorando juntos o dia do padre.

A celebração da missa do Crisma significa um ponto de união muito importante do clero, um reunir-se. A igreja diocesana é a nossa família, e a arquidiocese tem um dever e uma dívida de gratidão para com todos os padres que aqui vivem e servem com o seu ministério sacerdotal o povo de Deus.

“O ministério sacerdotal é um encontrar-se no Mistério de Jesus Cristo. Ele é sempre Aquele que doa e, no alto, nos atrai a Si. Jesus quer exercer o seu sacerdócio através de nós” (Papa Bento XVI). Nesta liturgia da missa Crismal queremos recordar e renovar este Mistério comovedor, que em cada celebração do sacramento da Eucaristia volta a tocar-nos. Não podemos desperdiçar o que é grande e misterioso. Precisamos de regressar à hora em que o Senhor impôs as suas mãos sobre nós e nos tornou partícipes deste Mistério. Fixemos sempre de novo o nosso olhar em Jesus Cristo e estendamos-lhe as mãos. Um sacerdote está sempre perto de Cristo. A vida cotidiana do sacerdote é um cultivo contínuo da relação próxima com Deus que se expressa numa vida de encontro com os outros sacerdotes e de onde terá de emergir uma terceira proximidade que é com o povo que não pode ficar distante. O sacerdote não pede fechar-se no seu templo. Precisa de sair para se encontrar com todas as problemáticas humanas. Sentir o pulsar de um povo que vive dignamente ou que sofre com carências do que é essencial e hoje têm também de se aproximar da natureza para a reconhecer como dom de Deus, cuidando e a preservando. A ecologia integral deve fazer parte das opções pastorais.

Não tenhamos medo de estar do lado do povo. Sejamos audazes na construção desde modelo de Igreja que marca o pontificado do Papa Francisco que afirma ser a Igreja sempre a “casa aberta do Pai” (cf. EG 47). Uma Igreja próxima, o “lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho” (cf. EG, 114). Façamos acontecer esta Igreja na Arquidiocese de Pouso Alegre através de um anúncio alegre, não nos escandalizemos, apaixonemos ainda mais pela autenticidade e nunca deixemos de acreditar na beleza do rosto da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Caríssimos padres, apaixonemo-nos pela Palavra de Deus e comprometemo-nos com esta pastoral da proximidade. Particularmente, neste tempo em que tanto se fala de distanciamento social. Os 120 anos de criação da diocese nos impulsiona a continuar crescendo com raízes e a aprofundar as raízes. É compromisso agradecer a Deus por tudo o que foi feito nestes 120 anos.

Começamos o ano pastoral de 2020 dando os passos para a celebração do primeiro Sínodo diocesano. Iniciamos o exercício de sinodalidade de uma Igreja que caminha em conjunto, procurando valorizar a “escuta e participação” do clero e dos leigos, presentes no CAP e nos COSEPAs. Precisamos viver na Arquidiocese, nas 69 paróquias, uma igreja próxima de todos, de ricos, de pobres, pessoas que concordam ou que discordam, pessoas simpáticas ou antipáticas, porque a Igreja aproxima-se, sai, encontra-se com os outros. O Papa Francisco nos diz que “a Igreja não é uma alfândega, mas a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa” (cf. EG, 47)

Amados padres, as pessoas devem notar o nosso zelo, através do qual testemunhamos de modo credível o Evangelho de Jesus Cristo. Amanhã iniciaremos a segunda fase do Plano de Retomada das atividades litúrgicas e pastorais da Arquidiocese com as celebrações presenciais dos fieis nas nossas igrejas. É um trabalho pastoral e um enfrentamento da pandemia. Precisa ser feito com tranquilidade, união de forças, apoio mútuo, solidariedade e tudo mais de que necessitamos nesse momento. É a nossa missão.

Peçamos ao Senhor que no encha com a alegria da sua Palavra, a fim de podermos servir, com zelo, a sua verdade e o seu amor. Imploremos a Deus que acolheu os mortos pela pandemia, nos fortaleça no cuidado de nós mesmos e uns dos outros.

Supliquemos à Nossa Senhora Auxiliadora para que nunca deixe faltar verdadeiras e santas vocações sacerdotais à Arquidiocese de Pouso Alegre e com a sua maternal intercessão nos faça alcançar de Deus os frutos almejados e esperados. Amém.
+ José Luiz Majella Delgado, cssr

Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre
Capela do Carmelo Sagrada Família.

Pouso Alegre, 1 de agosto de 2020.

 

por Pe. Andrey Nicioli