História da Quaresma

1 de março de 2023

A Quaresma é um tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum e caridade, de escuta da Palavra de Deus, de uma catequese mais aprofundada que recorde aos cristãos os grandes temas batismais em preparação para a Páscoa. Celebrar a Eucaristia no Tempo da Quaresma significa: percorrer, com Cristo, o itinerário da provação que pertence à Igreja e a cada homem; assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai e o dom de si aos irmãos, que constituem o sacrifício espiritual.

O Tempo da Quaresma inicia na Quarta-feira das Cinzas até à Missa “na Ceia do Senhor”, exclusive (a Missa na Ceia do Senhor não está inclusa no tempo quaresmal). Essa Missa vespertina dá início ao Tríduo Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor), que tem seu ponto alto na Vigília Pascal e termina com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.

A Quaresma tem início com um rito penitencial, na quarta-feira, acompanhado de jejum e abstinência. Esse dia é denominado Quarta-Feira de Cinzas, com precedência sobre todas as outras celebrações. É interessante saber que o rito da benção e imposição das cinzas não é necessariamente unido à Missa, pode ser celebrado fora dela. Quando se faz essa opção, é oportuno realizar antes do rito uma Liturgia da Palavra, como na Missa, com canto de entrada, a oração e as leituras com cânticos correspondentes. Após a homilia, podem ser feiras a bênção e imposição das cinzas. O rito termina com a oração dos fiéis. Para os textos dessa celebração, são utilizados os da liturgia da Quarta-Feira de Cinzas. O Tempo da Quaresma tem por objetivo preparar a Páscoa.

No tempo dos Santos Padres da Igreja, os quarenta dias da Quaresma eram contados do I Domingo até a quinta-feira “na Ceia o Senhor”. O Missal e o Breviário romano conservam até hoje a lembrança e o uso deste modo de contar os dias da Quaresma. Entretanto, o costume de iniciar o jejum quaresmal na Quarta-Feira de Cinzas é muito antigo (séculos VI-VII).

Nos três primeiros séculos da Igreja, a celebração da Páscoa não tinha um período próprio de preparação. Dois dias antes, se realizava um jejum. Nesse período, a comunidade cristã vivia intensamente o empenho cristão, até mesmo com o martírio. Naquele período, os cristãos eram perseguidos.

Após o período de paz de Constantino, sentiu-se a necessidade de um tempo de preparação para aconselhar os fiéis sobre uma maior coerência com o batismo. Com isso, nasceram as prescrições sobre um período de preparação para a Páscoa. Contudo, não se sabe ao certo como surgiu a Quaresma. Porém, uma certeza é clara: ela foi sendo formada progressivamente ao longo da história. Até o século VI, a única semana de jejum era a que precedia a Páscoa. Já na metade do século IV, já estavam acrescentadas a essa semana outras três.

No fim do século IV, a estrutura da Quaresma era de quarenta dias, consideradas à luz da Bíblia.

 

Referências Bibliográficas:

Missal Cotidiano: Introdução ao Tempo da Quaresma.

BERGAMINI, Augusto. Cristo, Festa da Igreja – O Ano Litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994. p. 263-267.