Igreja celebra Dia Mundial das Comunicações Sociais neste domingo
Um costume que chega ao 52º ano seguido, a Igreja Católico celebra neste domingo (13), Solenidade da Ascensão do Senhor, o Dia Mundial das Comunicações Sociais (DMCS). Como tema para este ano, o Papa Francisco reflete sobre “FakeNews e Jornalismo de paz – A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32).
“Sintoma típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual como no coletivo. Se, pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem. Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenómeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto convida-nos a refletir, sugerindo-me dedicar esta Mensagem ao tema da verdade”, escreveu o Santo Padre em sua mensagem.
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Um problema bem real na sociedade midiatizada como a que se tem hoje. Segundo o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo, 3500 notícias são publicadas por dia, em média, na web. Dessas, cerca de 200 são compartilhadas nas redes sociais. Num dia em que o noticiário é movimentado e “quente”, os sites que produzem notícias falsas atingem o topo da lista, ou seja, já houve oportunidades que das dez notícias mais lidas, seis eram falsas.
“Isso mostra que a comunicação não tem servido para agregar ou para unir, mas serve apenas à interesses pessoais ou de seus grupos. Assim, celebrar o Dia Mundial das Comunicações Sociais é fundamental, porque a salvação está na pessoa. Precisamos formar as pessoas para a comunicação”, afirmou o Assessor da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Pouso Alegre, padre Andrey Nicioli.
FakeNews
Segundo o Papa Francisco em sua mensagem para esse 52º DMCS, FakeNews quer desinformar, deturpar ou mentir.
“A expressão fake news é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros económicos”, escreveu.
Outro grande problema é que com a disseminação das notícias falsas as polarizações aumentam e o discurso de ódio e raiva também crescem.
“O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade”, reflete.
Segundo padre Andrey, com as redes sociais, todos tornam-se comunicadores.
“Todos têm direito a emitir informação e se transformarem em portadores da verdade, mesmo que sejam falsas verdades. E por uma falta de educação para a comunicação, eu compartilho e assumo posições baseadas em meu sentimento e emoções. É o que chamamos de pós-verdade, ou seja, o fato em si é menos importante do que meus sentimentos e emoções e até mesmo da interpretação que faço sobre o fato. gustave Le Bom, em 1895, já escrevia em seu livro Psicologia das multidões: ‘Uma suspeita levantada logo se transforma em uma evidência indiscutível nas multidões já que todos os sentimentos nesse contexto são contagiosos. O imbecil, o ignorante e o invejoso libertam-se da nulidade e da impotência quando estão em multidão”, afirmou.
Como identificar uma Fake News?
O padre Andrey Nicioli listou algumas atitudes diante de qualquer notícia:
– Sempre desconfie;
– Quando a fonte não está descrita no texto, faça uma pesquisa se a notícia já saiu em algum outro veículo de comunicação;
– Quando a notícia tem um caráter alarmista, como “Atenção!”, “Cuidado!”, há grande chance de ser Fake;
– Desconfie também da insistência em compartilhar;
– Texto com notícias vagas, sem data, sem local, sem fonte, provavelmente são fakes;
– Texto com muitos erros ortográficos e gramaticais também devem despertar nossa confiança;